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Leonardo Rodrigues

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Que discos você levaria para uma ilha deserta? Nando Reis já pegou os dele

Nando Reis e seu exemplar original do "Led Zeppelin III" - Reprodução
Nando Reis e seu exemplar original do "Led Zeppelin III" Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

16/06/2021 04h00

Em um cenário de apocalipse zumbi, quais discos você levaria para uma ilha deserta? Mas uma ilha com um resort instalado, dotado de sala de som com equipamentos de alta-fidelidade no qual você pudesse ouvir música ao lado de quem bem desejasse.

Talvez essa pergunta corriqueira nunca tenha soado tão aprazível. Pensando nisso, apocalipse vindo ou não —vamos torcer—, resolvi transformá-la em uma série datilografada nesta coluna e protagonizada por célebres colecionadores do país.

E o primeiro convidado a responder à indagação é um dos principais compositores e hitmakers da música brasileira das últimas décadas, que por um acaso também é um entusiasta do universo dos discos: Nando Reis, o blogueirinho.

Mas, antes, vamos a um rápido perfil dele

Nome
José Fernando Gomes dos Reis.

Idade
58 anos.

Quando começou a colecionar
Na infância e adolescência.

Quantos discos possui hoje
Entre 3.500 e 4.000, nos cálculos do dele, que também acumula CDs e DVDs. Mas a paixão é o vinil.

Perfil de colecionador
Dedicado. Nando limpa e armazena LPs com carinho, troca os plásticos e frequentemente participa de leilões na internet.

O que desperta sua sanha colecionista
Discos de reggae fabricados na Jamaica (e no vídeo abaixo dá pra entender o porquê).

Onde compra
Principalmente nos sites eBay e Discogs, em que ele mantém um perfil com parte da coleção cadastrada.

A maior loucura que já cometeu por um disco
Comprou no eBay o 'Led Zeppelin IV' versão 45 rotações, que, segundo Nando, não foi editado comercialmente, por uma "fortuna" que ele preferiu não revelar.

Então vamos a eles, nas palavras do próprio Nando

Excelentes escolhas, por sinal, e ótimas dicas de garimpo.

Led Zeppelin III - (1970)


Porque esse disco é um marco da minha vida. Ganhei da minha mãe quando saiu. A primeira prensagem inglesa, que tem um selo magnífico. Eu já era fã do Led Zeppelin e sempre fui fascinado por essa capa. O meu original ficou velho. Recomprei outras edições, que são as que ouço.

Eydie Gormé com Los Panchos - Amor (1964)

Eydie Gormé é uma americana que gravou com o trio Los Panchos, do México. É um 'best of' de boleros. Muito bonito. Arranjos, vocais. É um disco que meus pais ouviam e está associado a um ambiente da minha antiga casa. E tem uma capa que é muito anos 60 e eu adoro.

Bunny Wailer - Rock 'n' Groove (1981)

Quando estava nos Titãs, antes de gravar o primeiro disco, o Peninha Schmidt (produtor) viajou para Londres. E eu pedi para ele comprar Bunny Wailer, fundador dos Wailers. Ele trouxe este. É uma obra-prima. Um pouco antes do (estilo) dancehall. Ele tem uma banda de apoio fenomenal. E a capa é uma "marca".

João Gilberto (1973)

Era da coleção da minha mãe. Meu original está velhinho. Tenho inúmeras edições. É meu xodó. Também é um disco da minha casa e o que mais gosto do João, que reverencio muito. Longe de ser raro, mas é um disco precioso, que todos deveriam ter e conhecer.

E, por último, mas não menos importante, o disco que é o mais especial, definidor e revolucionário na vida de Nando Reis.

Gilberto Gil - Expresso 2222 (1972)

Este é um disco perfeito. Do conteúdo musical, capa, ordem das músicas. Começa com gravação da banda de pífanos ('Pipoca Moderna') e vai pra 'Back in Bahia'. Só essa passagem tem uma conjunção de elementos fundamentais que formou minha concepção musical. Não há disco que me emocione tanto. Foi ele quem colocou a música na minha vida como algo sagrado, algo intocável.

Uma salva de palmas para o gênio Gil