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Opinião

'Beleza Fatal': novela transforma fórmula antiga em sucesso modernizado

A novela "Beleza Fatal", escrita por Raphael Montes —o mesmo autor da premiada série "Bom Dia, Verônica"— parece beber da mesma fonte da produção de streaming, mas também de "Avenida Brasil", de João Emanuel Carneiro. A trama resgata um arquétipo clássico da novela: a menina pobre e injustiçada, que perde tudo devido à crueldade de uma mulher ambiciosa, disposta a passar por cima de qualquer um para se dar bem. Como não enxergar traços de Carminha em Lola (Camila Pitanga)?

A diferença está na intensidade. A vilania de Lola é amplificada e modernizada, acompanhando os tempos atuais. Camila Pitanga, por sua vez, entrega uma interpretação repleta de nuances, sem dever nada à icônica Carminha de Adriana Esteves. Outros elementos familiares são os jantares da família rica, usados como trampolim para a golpista da vez. Já Benjamin Argento, personagem de Caio Blat, se distancia do Tufão de Murilo Benício por também ser vilão —e Blat, assim como Benício, brilha no papel.

As semelhanças com "Avenida Brasil" não param por aí: Marcelo Serrado interpreta Dr. Peitão, uma espécie de Max (Marcelo Novaes), o parceiro fiel da grande vilã na novela que fez grande sucesso em 2012.

Mas "Beleza Fatal", da Max, se destaca ao inserir um cinismo escancarado, refletindo a desesperança atual do Brasil, o que responde tristemente àquela esperança que tínhamos no país em 1988, com ''Vale Tudo'', de Gilberto Braga. O roteiro de Raphael Montes constrói personagens que se beneficiam da impunidade, desenhando uma realidade onde a maldade avança sem resistência. Esse tom corrosivo se alia a um ritmo ágil: os cinco primeiros capítulos já exibidos estabelecem rapidamente a trama e capturam o público desde o início.

Sofia (Camila Queiroz) e Lola (Camila Pitanga) em 'Beleza Fatal'
Sofia (Camila Queiroz) e Lola (Camila Pitanga) em 'Beleza Fatal' Imagem: Divulgação/Pivô Audiovisual

Vale um alerta para espectadores mais sensíveis, especialmente aqueles que passaram por procedimentos estéticos, já que a novela expõe sem pudores os perigos dessa indústria,—um dos mercados mais lucrativos (e criminosos) do mundo. A abordagem crua pode ser um desafio para sua futura exibição na TV aberta, já que a Band adquiriu os direitos de transmissão.

O elenco é coeso e competente, mas alguns nomes se destacam. Camila Pitanga (Lola) conduz a história ao lado de Vanessa Giácomo (Cleo Fernandes), Caio Blat (Benjamin), Marcelo Serrado (Rog/Dr. Peitão), Giovanna Antonelli (Elvira Paixão) e Camila Queiroz (Sofia Fernandes/Julia Guimarães). Nos primeiros capítulos, no entanto, dois atores se sobressaem: Melissa Sampaio, interpretando Sofia na infância, e Augusto Madeira, como Lino Paixão, marido de Elvira e pai de Rebeca e Alec.

Além de entregar uma trama envolvente, "Beleza Fatal" já inicia sua trajetória abordando temas urgentes, como racismo e homofobia —prova de que a novela sabe dialogar com o presente.

Foto de divulgação da novela 'Beleza Fatal', primeira produzida pela Max
Foto de divulgação da novela 'Beleza Fatal', primeira produzida pela Max Imagem: Fabio Braga/divulgação/WBD

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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