Para onde foram os investimentos e a criatividade? A crise da TV aberta

Para quem nasceu na era de ouro da televisão, que nasceu e cresceu com ela, é desconcertante ouvir frases como "nem lembro a última vez que liguei a TV" ou "só uso minha TV para assistir streaming". Essas declarações resumem a crise que a TV aberta brasileira enfrenta nos tempos atuais.
Na era da internet, os jovens já nascem deslizando os dedos pelas telas e o streaming permite que cada espectador crie sua própria programação personalizada. As emissoras de TV aberta parecem resignadas.
Entre as décadas de 1960 e 1990, a TV aberta era sinônimo de inovação, com produções marcantes e, às vezes, até extravagantes. Hoje, a criatividade parece distante. A repetição de formatos consagrados, como programas de culinária, ainda rende algum sucesso —desde que os apresentadores sejam bons. Mas até mesmo estes têm limites: o excesso satura o público.
Os realities, que foram campeões de audiência, agora enfrentam um cansaço natural. O público já conhece as fórmulas, os conflitos roteirizados e os desfechos previsíveis. A TV, apesar de ser um hábito, vive de novidades. E estas novidades pedem investimento. Mas a queda nas receitas publicitárias dificulta as apostas em novas ideias.
Muito desse orçamento migrou para a internet, um terreno onde a criatividade encontra mais espaço e menores custos de produção. É a internet que pode inspirar a salvação da TV aberta: pode provar que é possível inovar com menos.
A grande vantagem da TV aberta é sua capacidade de unir. Durante décadas, ela foi criticada pela "massificação" de conteúdo, mas talvez essa característica seja, hoje, o seu maior trunfo. Na digitalização da comunicação, todos querem ser protagonistas, mas o público para tantos "primeiros" não é infinito.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.