Devemos temer a onda do Deepfake?
Caso você ainda não saiba, Deepfake se refere a modificações em qualquer formato imagético (vídeos, fotos, etc) que tenha sido criado para parecer realista e executado através de inteligência artificial. No fim das contas, modificações como essa chegam a ser tão imperceptíveis que beiram ao extremo realismo.
Pra dar uma noção, essa tecnologia é tão maluca que é capaz de dar vida a sites como o "This Person Does Not Exist", que toda vez que é você atualiza gera um rosto de aparência realista, pertencente a pessoas que simplesmente não existem.
Se tem leitor assustado aí fiquem sabendo que não é de hoje que essa prática existe. Em Hollywood, por exemplo, já temos a presença da tecnologia há mais de uma década, na qual é aplicada em grandes produções como Star Wars. A diferença (e o motivo de medo) da vez é que ela está acessível ao grande público, através de Apps como um que é conhecido como "Impressions", lançado em março deste ano para dispositivos IOS.
Como nem tudo são flores, esse recurso já levantou mais polêmicas que o teste de paternidade do Programa do Ratinho — E já era de se esperar. Pra você ter uma ideia, de 2017 pra cá já foram registrados casos de falsidade ideológica em pronunciamentos de figuras como Obama e Mark Zuckerberg, além de outras situações envolvendo figuras públicas de uma forma nada legal.
Apesar da má fama dessa função, aqui no Brasil o app geralmente é usado de forma cômica e divertida, um grande exemplo disso são os posts do Bruno Sartori, que ganharam fama por zoarem o presidente da república através do Deepfake.
Também temos os "sósias da internet" que tiveram bastante notoriedade por aqui na coluna durante a semana passada. Um deles é o Naio Barreto, nosso clone baiano do Will Smith — Será que eles se parecem?
Se liga em como é sem o Deepfake:
Por terem características físicas semelhantes ao de alguns famosos, vão existir pessoas que conseguiram simular a troca de rostos perfeitamente. Não foi à toa que Daniel Xavier, que passou de 20 mil para 500 mil seguidores no Instagram, tudo isso em semanas e graças aos vídeos que o rosto do Justin Bieber era aplicado por Deepfake. Esse estouro dos "sósias" fez com que o recurso tivesse um crescimento absurdo entre os brasileiros, que atualmente são a segunda maior audiência de Apps da categoria.
Pra quem não conhece, olha lá a cópia do Bieber:
E sem Deepfake, como é que fica?
A popularização dos Deepfakes deixou muita gente receosa nas redes sociais por conta das possibilidades maliciosas que podem ser exploradas — Mas se pensarmos bem, do que adianta esconder uma tecnologia que já é pública? Vamos agir como medievais tentando ocultar o novo só porque tememos? Quantas oportunidades criativas para fazerem o bem serão perdidas?
É óbvio que uma tecnologia como essa pode ser perigosa, mas precisamos entender que isso também se aplica em outras como os GPS vinculados a Smartphones e até mesmo as singelas curtidas damos fotos, nas quais acabam educando uma inteligência artificial pra julgar o que é interessante de aparecer no nosso feed (e simplesmente acertar). Além disso, mesmo se a função não fosse popular, ela já poderia ser usada de forma inadequada por figuras de poder — Who Run The World? Duh.
O fato desses meios serem trazidos para o grande público acaba disponibilizando uma opção a mais de entretenimento, bem como oportunidades de levarmos um conhecimento para o maior número de pessoas possíveis.
Com isso teremos uma massa entendedora de novas possibilidades digitais, que se questiona cada vez mais sobre o que vemos através de uma tela, redefinindo conceitos de real e fake, assim como já fazemos com outros recursos semelhantes, tipo o Photoshop, que hoje em dia é usado muito mais para o bem do que qualquer outra coisa.
Já que o Deepfake tá na roda e o público tá curtindo, só nos resta brincar com o que temos, questionar o que vemos e esperar para os próximos passos da nossa jornada, procurando sempre construir coisas positivas ao invés de pregar medo e distopia.
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