Flavia Guerra

Flavia Guerra

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Oscar: indicado da França tem diretor que se inspirou na própria historia

Uma das grandes atrações da Mostra de Cinema de São Paulo 2025, o longa "Foi Apenas um Acidente", do iraniano Jafar Panahi, será lançado comercialmente no Brasil em 4 de dezembro, em uma parceria da distribuidora Imovision e da MUBI.

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2025, em maio, o diretor estará presente na Mostra para receber o Prêmio Humanidade.

Candidato da França ao Oscar de Melhor Filme Internacional 2026, esse é o primeiro filme de Panahi depois que ele foi proibido por 14 anos de deixar seu país. O novo trabalho não é só um ótimo filme, mas também surge como um recado a um estado que encarcera cidadãos por atos não criminosos.

"Foi Apenas um Acidente" conta uma história baseada em relatos que o próprio diretor ouviu quando esteve preso. Em 2023, após uma greve de fome, o cineasta foi solto e recuperou o direito de viajar. Na trama, o mecânico Vahid encontra por acaso o homem que, ao reconhecer seus passos, acredita ter sido seu torturador na prisão.

Cate Blanchett, o iraniano Jafar Panahi e a presidente do júri Juliette Binoche em Cannes 2025
Cate Blanchett, o iraniano Jafar Panahi e a presidente do júri Juliette Binoche em Cannes 2025 Imagem: Flavia Guerra

Mais uma vez genial ao construir roteiros simples, mas nada simplórios, Panahi constrói um filme que nos faz olhar não somente para a realidade iraniana, mas para todo abuso de poder, violência, e como isso se reflete eternamente na vida dos que passaram por experiências traumáticas. Há um novo caminho possível? Essa é a grande questão, mas nada é jamais apenas por acidente.

Panahi é já recebeu o Urso de Ouro, em Berlim, por "Táxi Teerã"; e o Leão de Ouro, em Veneza, por "O Círculo".

Em 2010, foi proibido de viajar para o exterior e de fazer filmes, já em 2021 ficou em prisão domiciliar em Teerã e condenado a seis anos de prisão.

Continua após a publicidade

"Eu fui proibido de fazer filmes por 20 anos e isso foi um grande choque. A solução que eu encontrei foi fazer filmes em segredo. Foi uma forma que encontrei de homenagear o cinema. Muito introspectivo e filmar a mim. Agora esta proibição foi suspensa e eu me voltei para o mundo", declarou o diretor em Cannes, em maio.

Em São Paulo, certamente sua presença vai emocionar o público de uma cidade que teve seu primeiro filme, "O Balão Branco", lançado em 1995 pela Imovision e nunca mais deixou de acompanhar e celebrar seu cinema de risco e de poesia.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.