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Gil do Vigor e Ana Maria Braga, juntos, fazem história para os LGBTs na TV

 Gil do Vigor procurou um namorado no programa de Ana Maria Braga - Grupo CARAS
Gil do Vigor procurou um namorado no programa de Ana Maria Braga Imagem: Grupo CARAS

Colunista do UOL

11/05/2022 14h53

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Ninguém duvida da importância de Ana Maria Braga para a TV brasileira. Dona de um dos programas mais tradicionais do país, voltado para as donas de casa, com público em sua maioria conservador, a apresentadora mostrou que acompanhou o progresso e as mudanças da sociedade. Ao longo dos anos, manteve-se crítica, seja usando um colar de tomates para criticar os preços ou deixando claro em seu discurso o desejo de mudanças.

Da mesma maneira, o valor de Gil do Vigor precisa ser reconhecido. Gay, afeminado, extrovertido e inteligentíssimo, desde que surgiu na tela da Globo, no "BBB 21", virou mania nacional. É garoto-propaganda de banco e universidade, tornou-se exemplo de superação por meio da educação. E mostrou que, num país por vezes avesso à diversidade, tem lugar, sim, para a discussão em rede nacional.

Juntos, Ana Maria e Gil, com naturalidade e sem alarde, quebraram um paradigma na televisão brasileira. Pela primeira vez, um matinal, tradicional e conversador, mostrou um homossexual buscando parceiro em um quadro de namoro. Comandado por Talitha Morete, o segmento do "Mais Você" acompanhou o ex-BBB e economista conversando com diversos pretendentes. Perguntado sobre seu tipo físico, Gil foi direto e reto: "Se for homem já tá bom. Se for bonitinho então melhor ainda". Escolhido para um encontro, Raimundo, um dos concorrentes, afirmou, sobre roupas íntimas: "Prefiro ficar em casa de samba canção, mas, para encontrar o Gil, eu vou de cueca".

Declarações como essas parecem banais - e são -, mas normalmente não são encaradas dessa maneira. Não precisa ir muito longe para lembrar que novelas precisaram matar personagens LGBTs para não desagradar o público, fazer com que parecessem amigos próximos ou vetar beijos quando assumidos. Fora do horário noturno, com classificação indicativa voltada para todas as famílias, Gil do Vigor, Talitha Morete e Ana Maria Braga deram um passo importantíssimo.

Este quadro é a prova de que causas legítimas precisam de bons aliados. E que o pensamento conservador por trás de algumas emissoras está atrasado em relação à sociedade. O Brasil está mais do que pronto para naturalizar a diversidade nas relações.