Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Que sorte que o jovem LGBT de hoje tem uma série como 'Heartstopper'
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A experiência de ser um adolescente gay nos anos 90 - ou antes - poderia ser extremamente solitária. No colégio, não era incomum que houvesse um único indivíduo apontado como o LGBT de toda a instituição - e normalmente ele era alvo de bullying. Na família, a percepção da homossexualidade com constância era tratada como defeito, maldição ou mau hábito. Em círculos religiosos, idem, com a ideia de grave pecado e condenação eterna como punição. Na televisão, a representação era ínfima. Em "A Próxima Vítima", de 1995, os jovens Jeferson (Lui Mendes) e Sandrinho (André Gonçalves) mal se tocavam, mais pareciam amigos. Mesmo em 2005, dez anos depois, a Globo cortou um beijo entre dois homens do final da novela "América".
Hoje, nesse e em outros quesitos pelo menos, houve progresso. E séries como "Heartstopper", sensação da Netflix, aclamada por crítica e público, é a prova disso. Água com açúcar na medida certa, a produção acompanha o desabrochar de dois colegas de colégio e suas dúvidas enquanto tentam resolver a sexualidade e o amor que sentem um pelo outro. Não há como não se envolver com a história e, mais que isso, como não ver um conteúdo LGBT com uma abordagem tão delicada desagradar até mesmo a mais conservadora das famílias.
É de extrema importância para jovens homossexuais verem suas histórias refletidas nas telas sem abordagens trágicas ou problemáticas. Segundo o livro "The Celluloid Closet", de Vito Russo, dos anos 30 aos 90, por exemplo, toda e qualquer representação LGBT no cinema americano se dava com esses personagens sendo vilões, angustiados - muitas vezes suicidas - ou com destinação a finais tristes e mortes (especialmente com o advento da epidemia de Aids). Para se ter uma ideia, no começo dos anos 2000 no Brasil, histórias de amor entre jovens homossexuais eram tratadas como algo proibido. O livro "O Terceiro Travesseiro", de Nelson Luiz de Carvalho, por exemplo, virou um best seller pirata, sendo enviado por e-mail para que fosse lido em segredo.
Vinda no embalo de produções como "Love, Victor", "Heartstopper" coloca luz no potencial de produções que abarcam a diversidade e conscientizam famílias. Mais do que isso: tiram da marginalidade adolescentes alvo de preconceito, lhe dão a promessa de uma vida com direito a amor e final feliz. Que bom que os jovens de hoje tem essa série. Ela teria feito muita diferença para os adolescentes nos 80, 90 e 2000.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.