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'BBB 21': Por que é péssimo que Sarah declare apoio a Bolsonaro?

Sarah no quarto do líder no "BBB 21" - Reprodução / Internet
Sarah no quarto do líder no "BBB 21" Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

05/03/2021 17h29

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Desde que começou a despontar como uma das favoritas do "BBB 21", Sarah tem dado mostras de que, no que dependesse dela, sua opinião política seria exposta em rede nacional. Nas redes sociais, o fato de ter curtido várias fotos do presidente já vinha chamando atenção. Em conversa na última segunda-feira (1), depois de ouvir que uma candidata ao programa foi "cancelada" por seguir Jair Bolsonaro, a brasiliense declarou: "Eu seguia ele e parei de seguir. "Eu vou mentir? Eu gostava de ver o que era postado".

Nesta sexta-feira (5), em conversa no quarto, a sister rebateu os colegas: "Impeachment de algum presidente, de algum país? Não do nosso, eu gosto dele". Logo após a declaração, famosos retiraram seu apoio à participante, fãs iniciaram campanha por sua saída e mais de 200 mil pessoas pararam de segui-la no Instagram. Curiosamente, ao contrário do que já aconteceu quando outros confinados falaram de política, a produção não tocou um sinal pedindo para que o assunto mudasse.

Por que, afinal, é tão preocupante que Sarah goste de Bolsonaro? Talvez pelo fato de o "BBB" raramente se misturar com política dentro da casa - fora dela, Mara Telles chegou a gritar "Fora Temer" e Gleici Damasceno bradou "Lula Livre", ambas no "BBB 18". Mas não apenas: a participante tem como aliados dois progressistas e nordestinos: Juliette e Gilberto, este também homossexual. Ambos já demonstraram em seus discursos não admirar o presidente.

Não é segredo: Bolsonaro já chamou nordestinos de "paraíba", de "preguiçosos, que só vivem na rede" e chegou a falar do tamanho da cabeça de quem mora no estado. Também deu inúmeras declarações homofóbicas e chegou a ser condenado a pagar R$ 150 mil pelo show de preconceitos que levou a programas de TV.

É difícil entender, portanto, como Sarah, uma mulher esclarecida, resolve declarar afinidade por alguém que ataque seus amigos mais próximos. Falta a ela se colocar no lugar do outro e perceber que se Gilberto ou Juliette não têm os mesmos direitos que ela, então a injustiça está posta. Não por acaso, nos últimos tempos, a sister tem se aproximado mais de Rodolffo e Caio, apoiadores do político.

Além disso, o momento escolhido pela loira para elogiar o presidente não poderia ter sido pior. Na semana em que quase 1.900 pessoas morreram em um único dia e no dia seguinte às declarações dele tratando o mesmo da pandemia como "frescura". "Chega de mimimi. Vão ficar chorando até quando?", questionou o presidente. Ainda que no confinamento ela não saiba disso, o ano de 2020 já deu uma bela mostra de como o atual governo tem lidado com a questão. Desde março, mais de 250 mil brasileiros perderam a vida.

A assessoria de Sarah tentou limpar a barra da participante, afirmando que gostar é diferente de apoiar. Não colou. Sarah só confirma uma regra de ouro do "BBB": quem é favorito cedo dificilmente mantém a preferencia do público. E a decepção de boa parte da audiência é real.