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Especial da Band resgata raridades de fase pouco lembrada de Hebe Camargo

Hebe Camargo ganhou especial rememorando seus anos Band com direção de James Akel - Divulgação
Hebe Camargo ganhou especial rememorando seus anos Band com direção de James Akel Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

23/12/2020 12h52

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Resumo da notícia

  • Programa vai ao ar na noite do Réveillon, às 22h, e terá apresentação de Ronnie Von
  • Atração resgata entrevistas icônicas da apresentadora com nomes como Mazzaroppi, Chico Xavier, Clodovil e Dercy Gonçalves
  • "Hebe na Band" mostra ainda um desabafo dela sobre a volta à TV, em 1979: "um enlatado a menos"

Fora do ar desde que deixou a Gazeta, no ano passado, Ronnie Von é o mestre de cerimônias de um especial de fim de ano da Band em homenagem a uma de suas melhores amigas: Hebe Camargo (1929-2012). Como o próprio título deixa claro, "Hebe na Band" retrata o período em que a apresentadora apresentou seu programa na emissora, entre 1979 e 1985. Para os fãs da rainha da TV, a coluna, que assistiu ao programa antes da exibição, marcada para o dia 31, às 22h, garante: é um prato cheio de diversão e raridades.

Já nos primeiros minutos, a atração dirigida por James Akel exibe o discurso de retorno ao trabalho da apresentadora. "Achei que não era justo eu estar fora da televisão e vou explicar o porquê: um enlatado a menos. Neste horário, domingo, às 20h, a rede Bandeirantes passava um filme, às vezes até bonzinho, mas, na maioria das vezes, filmes antigos. Velho por velho, vamos ficar com a velhinha brasileira", brinca a apresentadora, em frente a Johnny Saad, dono da emissora, um dos convidados de seu sofá.

Hebe ainda prevê a importância da interatividade, tão fundamental em tempos de redes sociais. "A televisão tinha colocado uma barreira entre o público e o artista, o público e a notícia. Por quê? O público tem que participar, tem que perguntar", afirma, para falar ainda sobre sua concorrência na época. "Muitos jornalistas me perguntaram qual era a arma para enfrentar o 'Fantástico' e o Flávio (Cavalcanti). Não temos arma. Não somos de guerra, somos de paz. Nossa arma é o coração. Vamos falar de todas as coisas, mesmo as ruins, mas vamos com coração, ternura e bondade."

Entre as preciosidades, há momentos impagáveis, como uma longa entrevista, repleta de piadas, com Amácio Mazaroppi (1912-1981). À vontade, o humorista canta, dança com a cantora e conta anedotas hoje impublicáveis de um jeito muito genuíno. A seleção conta ainda com conversas com Chico Xavier (1910-2002), Fausto Silva, Bibi Ferreira (1922-2019) e Dercy Gonçalves (1907-2008) - que chega a reclamar de ter sido enrolada por Walter Clark (1936-1997), então diretor artístico da Band - além de Clodovil Hernandez (1937-2009), falando sobre o começo da epidemia da Aids em um tempo de informação escassa (portanto, cheia de declarações questionáveis).

Apesar do bons momentos, há uma lacuna no programa: números musicais de nomes como Ney Matogrosso, Ivan Lins e Elis Regina são exibidos, mas as interações dos astros com a Hebe acabaram ficando de fora, talvez por falta de material. O especial de fim de ano representa o início do esforço da emissora em digitalizar seu acervo para sua plataforma de streaming que será lançada em breve, o Band Play. Ainda que tecnicamente existam questões - afinal, foi desenvolvido durante a pandemia -, o programa cumpre bem sua função: celebrar a história da maior apresentadora da televisão brasileira e resgatar uma fase menos conhecida de sua carreira. Hebe Camargo faz falta.