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Fernanda Montenegro chega aos 91 anos imparável e mais moderna que nunca

Fernanda Montenegro posa com sua autobiografia, um dos muitos projetos dos últimos anos - Reprodução/Companhia das Letras/YouTube
Fernanda Montenegro posa com sua autobiografia, um dos muitos projetos dos últimos anos Imagem: Reprodução/Companhia das Letras/YouTube

Colunista do UOL

16/10/2020 11h09

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Resumo da notícia

  • Atriz completa 91 anos nesta sexta-feira (16) trabalhando em plena pandemia
  • Única latina-americana a ganhar o Emmy, Fernandona tem ainda indicação ao Oscar em sua carreira
  • Atriz coleciona uma gama inesquecível de personagens, nas novelas e no cinema

Aos 91 anos comemorados nesta sexta-feira (16), Fernanda Montenegro segue como exemplo de vitalidade e dedicação a seu ofício. Em um período da vida no qual poderia dedicar-se a uma pausa no trabalho, a atriz prefere continuar dedicada à arte de criar novos personagens. Em plena pandemia, por exemplo, topou gravar um episódio de "Amor e Sorte", na Globo, com sua família. Acabou nos entregando um momento inesquecível no qual contracena com a filha, Fernanda Torres, e o Neto, Joaquim Torres Waddington.

Mais ativa do que nunca, Fernandona, como é carinhosamente chamada pelos amigos, foi a primeira atriz latino-americana a ganhar o Emmy, considerado o Oscar da TV, por seu papel em "Doce de mãe". Mas a coleção de grandes personagens da primeira-dama do teatro brasileiro é bem mais extensa. Impossível não lembrar de Bia Falcão, vilã de "Belíssima" (2005), que, depois de fingir a própria morte, volta à trama reclamando da demora da empregada para abrir a porta. Da mesma maneira, não dá para esquecer de tipos como a Naná, de "Cambalacho" (1986), ou a Charlô, da primeira versão de "Guerra dos Sexos" (1983), protagonista da antológica cena de guerra de comida com Paulo Autran.

Fernanda Montenegro funciona de tal modo na televisão que confere dignidade até mesmo a fracassos de audiência, caso de "Zazá" (1997), na qual interpretava a herdeira fictícia de Santos Dumont (1873-1932), e a injustiçada "As Filhas da Mãe" (2001). Com dignidade, encarou os trabalhos sem queixas, do começo ao fim. Da mesma maneira, marcou muitos jovens por suas participações em minisséries como as recentes "Incidente em Antares" (1994) e "Riacho Doce" (1990).

No cinema, marcou história com os cultuados "Eles Não Usam Black Tie" (1981), no qual contracena com Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), e "A Falecida" (1965), de Leon Hirzsman. Arrancou lágrimas com os aclamados "A Vida Invisível" (2019) e "Central do Brasil" (1998), que a fez concorrer ao Oscar. Em breve, será vista em "Piedade", de Claudio Assis, e já estuda novos projetos. Recentemente, lançou uma autobiografia. Uma mulher completamente imparável e incansável.

Em tempos cada vez mais conectados, Fernanda parece não perder o bonde e acompanha atenta às mudanças do mundo. Opina com clareza sobre diversidade, política cultural e até mesmo tecnologia. Não está no panteão das artes por acaso. Merece ser celebrada diariamente. Que sorte a nossa de termos Fernanda Montenegro.