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Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

É um erro substituir atores dos filmes e série da Turma da Mônica

Colunista do UOL

29/07/2022 16h04

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O jornal Folha de São Paulo entrevistou recentemente Marcos Saraiva, do núcleo audiovisual da Mauricio de Sousa Produções. Na conversa, o produtor executivo destrinchou os planos da empresa para os próximos passos nas telinhas e nas telonas.

São diversas produções em andamento, incluindo filmes inspirados em personagens como Chico Bento, Penadinho e também na versão mangá dos personagens principais, a famigerada Turma da Mônica Jovem.

O que chamou bastante atenção foi a declaração de que mesmo com o sucesso arrebatador dos filmes Laços e Lições, além da série que recentemente estreou no Globoplay, o MSP pretende dispensar os atores e trocar todo o elenco com uma certa frequência.

A referência citada pelo profissional é a bem-sucedida série Detetives do Prédio Azul, que há mais de 10 anos fascina as crianças no canal Gloob. Por lá, quando os protagonistas chegam na puberdade são substituídos por outros.

Tem um detalhe aí que parece não ter sido considerado nessa equação exposta por Saraiva. Quando os atores do DPA saem de cena, seus personagens também são substituídos por outros. A produção mantém a mesma dinâmica, mas sem depender do peso do nome de cada detetive.

Desta maneira, acredito que a inspiração não se aplique ao contexto da Turma da Mônica. Existe uma geração de fãs que identificam intimamente os moradores do bairro do Limoeiro como os atores que brilharam nas produções em live action.Não é por acaso que um abaixo-assinado foi organizado para tentar amolecer o coração dos responsáveis. E também considero que é um bom feedback do público para os produtores.

Pela primeira vez nos quase 60 anos de criação, é possível acompanhar o crescimento de Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e seus amigos. Uma brincadeira recorrente nos gibis é que eles comemoram 6 anos todo ano há décadas. E quando lançaram a versão adolescente, havia também o mesmo senso de estagnação, apenas mudando a fase da vida.

Pois a experiência cinematográfica permite que os fãs sigam a jornada e cresçam junto com esses ícones da cultura popular. É algo de muito valor.

Uma das justificativas para uma constante troca de casting é não ficar refém de um modelo como o da Marvel, com salários enormes. Acredito que seja tarde demais —a interpretação audiovisual da turminha já não pertence mais apenas ao Mauricio de Sousa e sua empresa, mas também aos fãs que estão ansiosos pela continuidade daquela linha narrativa específica.

Isso não impede que todas as outras iniciativas continuem acontecendo. Mas pensando na intensidade das reações, é de bom alvitre recalcular algumas rotas.

E é o que parece estar acontecendo. O perfil oficial da Turma da Mônica no Twitter fez duas publicações a respeito do imbróglio.

Que os novos planos sejam infalíveis —de preferência não à maneira do Cebolinha.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.