Arte Fora do Museu

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Direito à moradia inspira arte de brasileiros em museu de Los Angeles

"Intervenções que desafiam os limites entre arte, ativismo, mídia e cidade, ocupando esses espaços como territórios de disputa simbólica e política". É com essas palavras que a curadora Juliana Caffé define o trabalho do coletivo paulistano Bijari. E estas características dos artistas podem ser vistas agora também em Los Angeles, na exposição "Construção, Ocupação: Reencenando a Cidade".

Caffé é curadora dessa exposição que acontece no Fowler Museum da Universidade da Califórnia e faz parte de um programa público de exposição de artes. O evento revisita a Residência Artística de Cambridge realizada em 2016 no centro de São Paulo e, agora no Fowler, traz novos artistas para a exposição, como o Bijari, apresentando trabalhos que abordam o direito à moradia, a força da comunidade e o poder da arte para reconstruir cidades.

Imagem da videoarte 468
Imagem da videoarte 468 Imagem: Bijari

O Bijari já se consolidou no Brasil como grande referência de intervenções urbana. Núcleo de criação em artes visuais e multimídia, o Bijari existe desde 1997 e possui um trabalho de pesquisa calcado na convergência entre arte, design e tecnologia, e tem como objeto de interesse as narrativas, poéticas e conflitos que moldam e dão vida à paisagem urbana.

"Em diálogo com outras obras da exposição, os trabalhos do Bijari convidam o público a imaginar novas formas de habitar e compartilhar a cidade, pautadas pela ocupação, pelo pertencimento e pela construção de uma comunidade", explica a curadora.

Ao todo, são 3 obras que o coletivo apresenta nessa exposição. Utilizando propostas de fotografia, vídeo e instalação, a cartografia "America Love Me" parte da pesquisa sobre os contextos sociais, culturais e legais dos jovens imigrantes latinos na Califórnia confrontados com as expectativas alimentadas pelo 'Sonho Americano'.

A ideia materializou-se em forma de jogo onde se desenhavam os diversos contextos, leis e ações práticas que determinavam as chances de sucesso e fracasso na busca de se tornar um cidadão americano pleno de direitos e oportunidades.

A impressão sobre papel lambe-lambe "Gentrificado" é outra obra exposta no evento. O cartaz surgiu a partir de uma imersão com o MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro) sobre as políticas de moradia e os processos de inscrição simbólica dos movimentos de resistência.

Já "468" é um remix de imagens de telejornais de um protesto do MSTC contra a reintegração de posse da ocupação Prestes Maia. A arte como voz de uma comunidade, como explica Juliana Caffé.

"Obras como Gentrificado e 468 exemplificam como a arte pode se posicionar ao lado das comunidades, amplificando vozes silenciadas, desafiando as narrativas dominantes da mídia frequentemente distorcidas, e reconfigurando a paisagem urbana através de uma presença coletiva e colaborativa. A arte se afirma como uma ferramenta de resistência e ressignificação da memória em espaços urbanos contestados, confrontando narrativas invisibilizadas, oferecendo uma nova leitura dos conflitos urbanos e sociais, e convidando à reflexão sobre como podemos construir por meio de formas diversas de ocupação"

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Para além do Bijari, outros 20 artistas brasileiros também foram convidados e apresentam seus trabalhos na exposição que fica aberta para visitação até janeiro de 2026.

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