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A arte que transforma a vida de comunidades ribeirinhas na Amazônia
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A street art carrega a rua em seu nome. A selva de pedra já virou plataforma consagrada para o movimento. Porém, não exclusiva. Em plena floresta amazônica, um festival mostra que a arte urbana pode conviver com a natureza.
O processo de criação da quinta edição do Street River já começou na Ilha do Combu, em frente a Belém. Apenas 15 minutos de barco separam a capital do Pará deste ponto que recebe visitantes do mundo inteiro buscando contato com as belezas naturais da Amazônia e com a gastronomia regional. É nessa comunidade ribeirinha que a street art ganha um novo significado pelas mãos de 10 artistas que levam a natureza em seus trabalhos.
O projeto começa com a vivência entre artistas e comunitários para definir a pintura e culmina com cinco oficinas para atender cerca de 200 crianças, jovens, alunos ribeirinhos e professores da rede pública de ensino. Ao transformar palafitas em obras de arte a céu aberto, o projeto chama a atenção para a vida do povo ribeirinho e traz visibilidade para a urgência de preservação da Amazônia, dos seus rios e da sua cultura.
A transformação não é somente artística, mas também estrututal. "O Street River prevê como contrapartida à cessão da fachada das suas casas, benfeitorias a estas famílias e seus vizinhos com a pintura base das casas com tinta anti-mofo e sistemas de tratamento da água das chuvas para água potável", contou o idealizador do Projeto, Sebá Tapajós.
As primeiras quatro edições do Street River Amazônia foram feitas de forma independente e colaborativa por Sebá Tapajós, que, em 2015, pintou as primeiras cinco casas na ilha. Entre 2015 e 2019 foram pintadas 37 casas e instalados 18 filtros de água, 12 cisternas de 240 litros e sistema fotovoltaico em duas escolas. Nesta edição, serão 15 casas pintadas, 12 filtros de água e sistema fotovoltaico em uma escola.
A iniciação em artes plásticas, pintura e grafite, também estimula os moradores da comunidade a darem manutenção e continuidade à iniciativa, além de criarem suas próprias leituras, como é o caso do Xidó: "Eu não dava valor à minha arte. Pintava para beber, usar droga. Talvez se eu estivesse no mundo sem conhecer o Sebá, eu já estaria morto". O artesão constrói maquetes de palafitas grafitadas, inspiradas da galeria Street River, e seu trabalho já foi exposto em São Paulo por meio do projeto.
Para a seleção dos artistas pesou justamente a relação que seus trabalhos tinham com a natureza. "A curadoria levou em conta a diversidade de gênero, territorial e racial, buscando também artistas que tivessem em comum a pintura como ferramenta de transformação social e econômica", diz o curador dessa edição, Willian Baglione. Os artistas selecionados foram Amorinha, Anderson Ghasp, Auá, Kadois, Luiz Júnior, Mama Quila, Moka, Pati Rigon, Robson Sark e Thiago Nevs.
Para a entrega das obras e benfeitorias, o projeto terá um fim de semana de visitação guiada e gratuita, nos dias 05 e 06 de março. Duas embarcações farão o circuito durante o dia inteiro, levando um público maior a conhecer as obras e visitar a galeria fluvial, exposição fotográfica e uma confraternização da comunidade com os artistas, técnicos e aberta para a população. A galeria a céu aberto pode ser visitada o ano inteiro por meio de passeios organizados pela própria comunidade.
A quinta edição do projeto é uma realização da Sonique Produções. Aprovada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, essa edição é apresentada pela BB Seguros e tem o patrocínio do Boulevard Shopping de Belém, além do apoio da Secretaria de Estado de Turismo (SETUR).
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