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Arte Fora do Museu

REPORTAGEM

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Das ruas para o museu: projeções entram na nova exposição do MAC

Coletivo Projetemos cria projeções luminosas que tomaram as fachadas dos grandes centros - Reprodução Instagram
Coletivo Projetemos cria projeções luminosas que tomaram as fachadas dos grandes centros Imagem: Reprodução Instagram

Colunista do UOL

28/05/2021 12h16

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Talvez você já tenha visto ao circular de noite na sua cidade, ou, mais provavelmente, tenha recebido pela web alguma foto ou um vídeo. Pelo mundo todo, mas em São Paulo sobretudo, artistas começaram a apontar para fora de suas janelas projetores que iluminam paredes vazias de prédios, muros e telhados para mostrar ali alguma mensagem. Vídeos curtos, fotos, textos, mensagens políticas, experiências estéticas. Vale tudo. Trata-se da nova onda de arte urbana contemporânea: projeções.

A prática de projetar fora de casa existe desde que o projetor de imagens se tornou popular - aquele mesmo, da sala de reunião da firma. Projetores gigantes, caríssimos, são usados para fazer o chamado video mapping, que ficou famoso anos atrás quando o Cristo Redentor virou tela de cinema. Mas foi só ano passado que a prática se tornou mais comum.

"Em março de 2020, no início da pandemia, as projeções começaram a se popularizar. Qualquer pessoa pode reproduzir interfaces de suas varandas, em muros ou fachadas", explica a pesquisadora Luciana Moherdaui, pós-doc em media facades na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e professora visitante na Unifesp.

"O coletivo @projetemos inicia e cria uma rede nacional e internacional de projetores e projeções, algo extremamente inédito. Existiam ações específicas, mas começaram a ser diárias. O grupo tem uma função didática também: ensina quem quiser fazer. Isso cria uma imensa rede. E não são apenas os integrantes do @projetemos que fazem isso. O Projeção Consolação já existia em 2019. O CineJanela, em Salvador, que passou a exibir filmes durante a quarentena. E outros tantos perfis", explica Moherdaui. Em São Paulo, era conhecido o Cinetério, que projetava filmes de terror nos muros do Cemitério da Cardeal, a partir do bar Ó do Borogodó, do outro lado da rua.

Agora, essa arte de rua entra para a nova exposição do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, o MAC, ao lado de nomes consagrados, como o artista e ativista social chinês Ai Weiwei. Com o nome Além de 2020, a exposição, inaugurada no sábado dia 29 de maio, resulta da produção de artistas contemporâneos italianos durante a pandemia de Covid-19.

Ana Magalhães, diretora do MAC USP, explica no texto de abertura da exposição: "As obras e projetos que vemos aqui reunidos nasceram de artistas, grupos de artistas e coletivos que tinham como principal motivação reagir à pandemia ou levantar fundos para apoiar o sistema de saúde da Itália e, assim, ajudar o país a sair de uma situação sanitária crítica no início de 2020".

O Projetemos, coletivo internacional, pode ser acompanhado principalmente pela conta do coletivo no Instagram. E pelas ruas, é claro. Conforme eles próprios explicam a rede: "De suas janelas, projecionistas criam manifestos sociais, artísticos e afetivos nas fachadas e empenas de edifícios das grandes cidades do Brasil. São ações em rede e coordenadas via internet que promovem intervenções urbanas criando rupturas nas paisagens". Para participar, basicamente basta usar a hashtag #projetemos ao publicar no instagram sua projeção.

No MAC, eles levam a obra crossmedia chamada TRANS LU(Z)CIDEZ, que aborda a diversidade e a singularidade dessas narrativas. Quem quiser se aventurar, sempre com máscaras e normas de segurança e distanciamento, poderá ver as projeções na empena do MAC, acompanhar os diálogos pelas redes sociais e fazer o passeio entre MAC USP e o complexo arquitetônico do Parque Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer.

SERVIÇO: Além de 2020, Arte Italiana na Pandemia. 29 de maio a 22 de agosto de 2021, MAC USP.

Para ver um mapa com algumas das projeções realizadas por este coletivo descentralizado, acesse o site Arte Fora do Museu.