A quebrada em miniatura
Nos detalhes do cimento usado como reboco em tijolo baiano, o artista Marcelino, mais conhecido como "Nenê", nos apresenta o universo de "Quebradinhas". Nele, miniaturas de casas, que lembram aquelas das periferias de São Paulo, tomam forma e ganham pequenos detalhes.
Morador da zona sul de São Paulo, Nenê conta que veio de Alagoas e está aqui já faz cerca de 12 anos. Segundo ele, a ideia de seu trabalho é materializar as moradias e trazer o público para mais perto da realidade das casas que existem nas quebradas do Sudeste.
Ele também contou que a ideia surgiu da inquietação de várias ideias que teve:
O 'Quebradinha' surge como uma forma de materializar pensamentos, coisas que vêm na cabeça. Tornar físicas e palpáveis as coisas e as lembranças. Coisas que eu vi e li, com as quais de alguma forma tive contato.
SOBRE MATERIAIS
A gente também conversou sobre os materiais que ele usa. Os principais são MDF, papelão, palito de dente e de picolé. Vale lembrar que esses materiais são todos reciclados, o que deixa o projeto do Nenê mais legal ainda. Ele explicou que chegou a usar borra de café com cola e um pouco de tinta amarela para recriar a cor e a textura de enferrujado.
Marcelino ainda não vende suas obras de arte, mas afirmou que está sendo bastante procurado. Segundo ele, a ideia é vender, sim, as peças, mas só depois "da tão sonhada exposição na zona sul".
INSPIRAÇÃO
Como ele mesmo gosta de ressaltar, primeiro foi transformando suas inquietações em arte e, depois, foi dando forma e nome para o projeto:
Eu poderia ter desenhado, eu poderia ter pintado, mas eu não sei. Eu também não sabia fazer miniatura, mas sempre gostei de fazer pequenas coisas com as mãos e gostei do resultado.
Sobre suas referências, ele destacou duas para o projeto "Quebradinha". O artista Michel Onguer, que também é morador da zona sul e tem um trabalho de apresentar as fachadas de casas da periferia. Outra referência para Nenê é o cubano Jorge Mayet, que costuma trabalhar o universo das miniaturas em suas artes.
"O 'Quebradinha' é uma coisa para mim, é uma coisa para você, é uma coisa para outra pessoa, porque desperta uma memória diferente em cada pessoa, em cada canto."
'Quebradinha' é uma espécie de registro. Além da fotografia, além da literatura periférica, além das manifestações culturais que surgem na periferia, é a utilização da forma física dos materiais, do que é para mostrar e resguardar na estética da periferia de São Paulo.
Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as favelas são descritas como "aglomerados subnormais". São Paulo tem, segundo a última pesquisa lançada recentemente pelo órgão, 19.262 domicílios nessa situação.
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