Meghan e Harry em Nova York: a missão global pela saúde mental
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Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
O casal é homenageado como Humanitarians of the Year e reforça, com discursos emocionados, a urgência de proteger crianças e famílias no mundo digital
A cena se repete — mas nunca com o mesmo impacto. Toda vez que Meghan Markle e o príncipe Harry sobem a um palco, eles não apenas falam: constroem uma narrativa. E nesta semana, em Nova York, o casal voltou a ocupar o centro das atenções globais, transformando mais uma vez a defesa da saúde mental em plataforma de ação e propósito.
Na quinta-feira, 9 de outubro, o duque e a duquesa de Sussex foram homenageados como Humanitarians of the Year durante o gala anual do Project Healthy Minds, organização sem fins lucrativos que promove o acesso a serviços de apoio psicológico e combate o estigma em torno da saúde mental. O evento aconteceu no Spring Studios, em Manhattan, e reuniu empresários, ativistas e celebridades em torno da causa.

A escolha do casal, cofundadores da Archewell Foundation, reconhece o trabalho realizado através da iniciativa The Parents Network, que oferece apoio a famílias e pais que perderam filhos ou enfrentam desafios relacionados a danos digitais e cyberbullying.
Em seu discurso de agradecimento, Meghan falou diretamente como mãe, com um tom leve, porém pessoal:
"Nossos filhos, Archie e Lilibet, têm apenas 6 e 4 anos. Felizmente, ainda são pequenos demais para as redes sociais, mas sabemos que esse dia vai chegar. Como tantos pais, pensamos constantemente em como abraçar os benefícios da tecnologia sem perder o controle sobre seus perigos."
Harry completou:
"Esta é uma das questões mais urgentes do nosso tempo. Precisamos agir juntos para proteger as crianças e apoiar as famílias na era digital."
Um festival para o futuro
Na manhã seguinte (10 de outubro), o casal voltou ao mesmo palco, desta vez para abrir o World Mental Health Day Festival, também promovido pelo Project Healthy Minds.
Se o gala da véspera foi simbólico, o evento desta sexta foi político.
Harry abriu o festival com um discurso de tom global, traçando paralelos entre crises contemporâneas e o impacto coletivo sobre a saúde mental:
"Os últimos cinco anos nos ensinaram, dolorosamente, que as crises raramente acontecem isoladas. A pandemia trouxe solidão e ansiedade. Guerras, de Ucrânia a Gaza, geraram traumas profundos. Desastres climáticos criaram medo e deslocamento. E nosso mundo digital alterou completamente a forma como experimentamos a realidade — jovens expostos a assédio, desinformação e uma economia de atenção que rouba o sono e o contato humano."
"Esses não são problemas separados para pessoas diferentes. São feridas interligadas de uma comunidade global."
O príncipe também destacou o papel das grandes corporações e das decisões políticas e econômicas no agravamento da crise emocional contemporânea:
"A saúde mental é moldada por saúde pública, política externa, design corporativo e economia. As escolhas de poucos poderosos reverberam na vida de todos nós."
Em seguida, Meghan apresentou um painel sobre infância e redes sociais, centrado no impacto das plataformas digitais sobre a saúde mental de crianças e adolescentes. Seu discurso foi o mais pessoal da manhã:
"Três anos atrás, conhecemos famílias devastadas — pais que perderam filhos por suicídio ligado às redes sociais. Eles não precisavam apenas de terapia; precisavam de outros pais que entendessem a dor. Assim nasceu o ParentsNetwork, que cresceu de um projeto escolar em 2022 para uma rede global em três países até 2024."
"Quando esses pais se uniram, não estavam apenas compartilhando histórias — estavam criando um movimento. Eles transformaram o luto em ação. É isso que precisamos: comunidade, compaixão e coragem para mudar o que parece inevitável."
Meghan ainda citou o programa Half a Story, parceria da Archewell com a ONG Girls Inc, que trabalha autoestima e segurança digital com meninas de comunidades vulneráveis:
"Essas jovens não estavam apenas aprendendo sobre bem-estar digital; estavam criando redes de resiliência. As soluções estão ao nosso alcance, especialmente quando pais, especialistas e comunidades se unem."
Entre palco e propósito
A presença dos Sussex em Nova York marcou também sua primeira viagem conjunta à cidade desde a participação de Meghan no TIME100 Summit, em abril. O casal encerrou a agenda com a visita ao The Lost Screen Memorial, instalação composta por 50 celulares exibindo as imagens de jovens que perderam a vida por efeitos nocivos das redes sociais — um projeto que eles ajudaram a lançar em abril e que se tornou símbolo de sua campanha por um ambiente digital mais seguro.
"Essas crianças não estavam doentes. Elas foram expostas a conteúdos nocivos. Nenhuma criança deveria ser explorada ou tratada como estatística", disse Harry ao lado de Meghan.
Segundo Phillip Schermer, fundador e CEO do Project Healthy Minds, o casal representa "liderança, generosidade e compromisso inabalável com o avanço da conscientização sobre saúde mental".
Em apenas uma semana, Meghan e Harry atravessaram duas arenas simbólicas — o tapete vermelho do ativismo e o palco da política emocional global. E se há quem veja teatralidade em seus gestos, também é impossível negar que eles mantêm acesa a chama da empatia como linguagem pública.
Com discursos cada vez mais elaborados, presença internacional e domínio de imagem, os Sussex continuam a expandir seu espaço como embaixadores informais de uma nova diplomacia emocional, onde o sofrimento pessoal e a ação coletiva caminham lado a lado — sob holofotes, sim, mas com propósito.






























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