Rei Charles 'perplexo' após Harry acusar sabotagem no Palácio
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Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
Por mais de um ano e meio, Príncipe Harry e o Rei Charles não se viam. O reencontro aconteceu em 10 de setembro de 2025, em Clarence House, com um chá privado de 50 minutos que, em teoria, seria um passo importante no processo de reconciliação. Nos bastidores, esse encontro vinha sendo preparado há meses - houve até um momento simbólico quando equipes dos Sussex e do Palácio foram vistas juntas no Royal Over-Seas League, a poucos metros da residência do Rei, sinalizando que algo estava sendo construído com cuidado e discrição.
Naquela mesma noite, em um evento beneficente, Harry disse a convidados que o pai estava "great" e que havia ficado feliz em voltar ao Reino Unido. Parecia o início de uma nova fase, um gesto de reaproximação. Havia até especulação na imprensa de que ele poderia voltar ao país quatro ou cinco vezes ao ano, e que o Palácio trabalhava para viabilizar mais encontros privados, talvez até uma aparição pública conjunta.

Mas, como tantas vezes antes, o fio da esperança se rompeu quando começaram os vazamentos. No sábado seguinte, o The Sun publicou que a reunião teria sido "marcadamente formal", "quase como uma audiência oficial", detalhando inclusive os presentes trocados - uma foto emoldurada de Archie e Lilibet. Foi o suficiente para reacender velhas desconfianças.
O que veio a seguir foi uma reação rápida e oficial da equipe de Harry: um comunicado categórico negando que ele tivesse descrito o encontro dessa forma, chamando as aspas de "pura invenção" e acusando "fontes" de tentarem sabotar a reconciliação. O porta-voz confirmou a história do presente, mas fez questão de corrigir o detalhe: a foto não incluía Harry e Meghan. Essa postura é hoje uma marca registrada do casal - reagir publicamente, de forma imediata, para evitar que o que consideram falso ou hostil ganhe tração.
Há quem veja nisso uma estratégia bem-sucedida: responder de forma assertiva tem "matado" histórias negativas antes que viralizem. Mas, depois de anos de disputas e declarações, também há quem questione a sinceridade da narrativa do casal, interpretando tudo como guerra de comunicação e gestão de imagem.
Do lado do Palácio, não houve nota oficial, mas jornais de referência foram acionados para transmitir o recado. O The Times descreveu que a reação foi de "tristeza e perplexidade" diante da acusação de sabotagem, enfatizando que assessores têm trabalhado para melhorar uma relação "delicada, mas importante". O Telegraph foi ainda mais empático no tom, citando fontes que disseram ser "muito triste" ouvir aquilo, porque todos estariam se esforçando nos bastidores para que a relação privada funcione. Ao mesmo tempo, ambos os veículos reforçaram o que o Palácio repete desde 2020: não há espaço para um papel "half-in, half-out" - Harry não pode voltar a ter funções oficiais sem romper de vez com sua vida independente na Califórnia.
Um novo dado ajuda a entender o tom firme: segundo fontes do Daily Mail, Charles e William estão "mais alinhados do que nunca", falam regularmente e têm uma visão comum sobre o futuro da monarquia. Isso desmonta a narrativa de que haveria tensão entre eles sobre a volta de Harry. "É evidente que há uma tentativa de fabricar divisão, mas, na realidade, tal racha não existe", disse uma fonte. Outra acrescentou que pai e filho têm interesses comuns — meio ambiente, causas sociais, forças armadas - e que, apesar de eventuais competições naturais, compartilham o mesmo objetivo de fortalecer a instituição.
Esse alinhamento ajuda a explicar por que William continua sendo o mais relutante a uma reconciliação plena. Segundo fontes próximas, o Príncipe de Gales ainda carrega uma falta de confiança persistente em relação a Meghan e teme novos vazamentos. Charles pode estar disposto a reaproximar-se do filho, mas quer que isso ocorra sem novos constrangimentos públicos.
O resultado é um impasse: cada lado atribui ao outro a responsabilidade pelos vazamentos. E, enquanto isso, o processo de reconciliação fica ameaçado. É uma guerra de narrativas que se desenrola em tempo real: Harry e Meghan cortam o que consideram falso, o Palácio devolve por meio de briefings discretos, e a imprensa publica as duas versões, com o público tentando adivinhar onde está a verdade.
Quem se beneficia com o distanciamento dos Sussex
O afastamento de Harry e Meghan não é apenas uma ferida familiar, mas uma solução conveniente para várias forças dentro da monarquia. Para o Rei, o distanciamento reduz o risco de crises de imagem que desviem a atenção de sua agenda institucional — mesmo que haja um custo emocional pessoal. Para o gabinete de William e Kate, significa manter o foco na imagem de herdeiros exemplares e preparar a transição para o futuro reinado sem ruídos concorrentes. Para Camilla, o silêncio do casal evita que voltem à tona histórias do passado e críticas que Harry já fez sobre sua relação com a imprensa.
Além deles, a própria máquina institucional - os private secretaries, assessores de comunicação e cortesãos que Harry chama de "Bee, Wasp e Fly" — tem menos crises para administrar e mais previsibilidade na rotina. Entre eles, nomes como Sir Edward Young (ex-secretário privado da Rainha Elizabeth II), Clive Alderton (secretário privado de Charles) e Simon Case (ex-secretário particular de William e hoje CabinetSecretary do governo britânico) são frequentemente citados por jornalistas como peças-chave na engrenagem que molda a narrativa real.
Esse cenário também beneficia a imprensa sensacionalista, que lucra com cada manchete sobre o drama familiar e com a ideia de uma reconciliação sempre no fio da navalha. Em outras palavras: há mais gente interessada em manter Harry e Meghan na posição de "meio fora" do que em integrá-los de volta de forma plena. Isso não significa necessariamente uma conspiração, mas mostra que o status quo é funcional para quase todos — menos, talvez, para o próprio Rei e para Harry.
Sabotagem: de quem Harry fala?
A leitura de Spare ajuda a entender a gravidade da acusação. Quando Harry fala em "homens de terno cinza", ele se refere ao sistema dos private secretaries e assessores seniores da monarquia - e, no livro, chega a dar codinomes (Bee, Wasp e Fly) para três cortesãos que, segundo ele, consolidaram poder e conspiraram para forçá-lo a deixar a instituição. Ele também foi explícito sobre Camilla, acusando-a de trocar informações com a imprensa para melhorar sua própria imagem, às vezes às custas dele e de outros membros da família. Sobre William e Charles, a crítica é mais estrutural: Harry acusa o ambiente de briefings e trocas de dossiês entre gabinetes de alimentar disputas fratricidas, mas raramente sugere que o pai ou o irmão deem ordens diretas para que histórias vazem.
Dessa vez, sem citar nomes, Harry deixou claro que acredita que alguém do Palácio tentou sabotar sua reconciliação ao vazar detalhes da reunião — e que não foi seu lado quem falou. Para o público, é mais um episódio na guerra de narrativas que define o relacionamento dos Sussex com a instituição.
A ironia é que, mesmo depois de um reencontro cuidadosamente preparado e celebrado como sinal de progresso, estamos quase de volta ao ponto de partida: ressentimento, desconfiança e manchetes de jornais descrevendo "tristeza", "perplexidade" e "frustração" dos dois lados. É um processo frágil, e cada palavra publicada ou desmentida parece capaz de desmoroná-lo.






























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