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E-mail vazado liga Sarah Ferguson a Epstein e abala os York

Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana

O novo escândalo envolvendo Sarah Ferguson expõe uma ferida que parecia cicatrizada. Um e-mail de 2011, até então inédito, mostra a Duquesa de York pedindo desculpas a Jeffrey Epstein por tê-lo criticado publicamente, chamando-o de "supreme friend". A divulgação dessa mensagem causou uma reação imediata: instituições de caridade romperam relações, a imprensa reabriu os dossiês de suas ligações com Epstein e o nome de Sarah voltou a ser associado aos episódios mais embaraçosos da família York e da Família Real de quebra. É um golpe duro para alguém que passou os últimos quinze anos tentando reconstruir sua imagem.

Sarah Margaret Ferguson nasceu em 1959, filha de Ronald Ferguson e Susan Wright, em um ambiente aristocrático onde a realeza era parte do cotidiano — seu pai foi treinador de pólo do então Príncipe Charles. Sua entrada oficial no "Firm" aconteceu em 1986, ao se casar com o Príncipe Andrew na Abadia de Westminster. Por alguns anos, viveu o auge de popularidade: a duquesa sorridente, expansiva e próxima do povo. Teve duas filhas, Beatrice e Eugenie, e por um tempo foi considerada o lado "divertido" da monarquia.

Sarah Ferguson e Jeffrey Epstein
Sarah Ferguson e Jeffrey Epstein Imagem: Reprodução

Mas a relação com Andrew começou a ruir, pressionada por longos períodos de ausência dele e por ataques implacáveis da imprensa. Em 1992, veio a separação e, meses depois, o escândalo das fotos com o americano John Bryan, que causou enorme constrangimento ao Palácio. O divórcio, oficializado em 1996, custou a Sarah o estilo de Alteza Real, mas não o título de Duquesa de York. Curiosamente, o rompimento formal não os afastou: Sarah e Andrew continuaram dividindo residência no Royal Lodge e aparecendo juntos em eventos familiares. Essa convivência alimentou especulações de reconciliação, mas também os manteve como alvo preferido dos tabloides.

A partir dos anos 2000, Sarah tentou construir uma "carreira" fora da sombra da monarquia. Escreveu livros infantis e romances históricos, produziu programas de TV e tornou-se uma espécie de palestrante motivacional. Fundou a empresa Hartmoor LLC, nos EUA, mas o negócio faliu em 2009, deixando dívidas milionárias e lhe rendendo o apelido cruel de "Duchess ofDebt". Em 2010, foi filmada oferecendo "acesso" a Andrew em troca de meio milhão de libras, o que agravou sua situação financeira e de imagem. Em 2011, participou da série documental Finding Sarah, onde mostrou seu processo de terapia e reconstrução pessoal.

Foi justamente nesse período que sua ligação com Jeffrey Epstein se tornou pública. Em março de 2011, Sarah admitiu que Epstein havia pago cerca de £15.000 para ajudar a quitar uma dívida sua. Na ocasião, chamou isso de um "gigantic error of judgment". Até então, a percepção geral era de que Epstein fazia parte da rede de amizades de Andrew — não de Sarah — e que ela havia sido apenas uma peça lateral dessa ligação. A revelação do e-mail agora muda a narrativa: foi ela quem teve a primeira aproximação financeira com Epstein, e o contato continuou mesmo depois das críticas públicas.

Essa nova informação reforça o argumento de que Sarah não foi apenas "colateral" na história de Andrew e Epstein. Sua relação foi direta, e o tom deferente do e-mail — chamando-o de "amigo supremo" e agradecendo sua generosidade — compromete o esforço de distanciamento que ela vinha fazendo há mais de uma década. Não por acaso, diversas instituições de caridade anunciaram a suspensão de sua associação, e rumores indicam que até sua permanência no Royal Lodge com Andrew pode ser revista.

A vida pessoal de Sarah sempre teve esse traço de altos e baixos. Sua amizade com Diana, por exemplo, começou como uma aliança poderosa: as duas eram confidentes e se apoiavam mutuamente nos primeiros anos na realeza. Mas a relação azedou após a publicação do livro My Story, no qual Sarah incluiu detalhes da vida privada de Diana e dos príncipes William e Harry, algo que Diana não perdoou. Quando morreu, em 1997, as duas estavam sem se falar — algo que Sarah lamenta até hoje.

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Nos últimos anos, ela e Andrew vinham tentando uma espécie de "reintegração" à família real, aparecendo juntos em eventos de maior visibilidade e tentando normalizar a presença do Duque de York após o desastre da entrevista de 2019 sobre Epstein. Houve momentos constrangedores em encontros com William e Kate, como no enterro da Duquesa de Kent, na semana passada, com interações formais e distantes, deixando claro que a plena aceitação dos York pelo casal de Gales ainda é um projeto distante. O novo escândalo torna essa reaproximação ainda mais difícil e embaraçosa.

Hoje, a situação de Sarah é um lembrete de que a opinião pública tem memória longa — e que qualquer tentativa de reescrever o passado pode ser destruída por um documento vazado. A Casa de Windsor vive um momento delicado, em que o rei Charles busca preservar a reputação da monarquia e manter sob controle as fissuras internas. O e-mail de Sarah ameaça comprometer esse esforço, reacende o caso Andrew e coloca novamente os York sob escrutínio. Ao mesmo tempo, ressalta a diferença de postura dentro da própria família real: se Sarah foi calorosa e receptiva com Meghan, a frieza de William e Kate, amplamente comentada na imprensa, ganha novo contraste — o que pode reforçar a narrativa dos Sussex de que o problema nunca foi com eles, mas com o "sistema" que nunca acolheu bem quem não se encaixa no molde.

Para Beatrice e Eugenie, que vinham mantendo uma imagem relativamente limpa e se consolidando como representantes discretos de uma monarquia moderna, o risco é que a poeira desse escândalo respingue nelas. Para Sarah, que já sobreviveu a tantos tropeços, o desafio é mais uma vez se reinventar — e provar que ainda pode escrever o próximo capítulo de sua história sem que ele se torne apenas mais combustível para os tabloides.

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Imagem: Divulgação

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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