Paulo Guidelly vive drama de imigrante que vende os órgãos em espetáculo
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Por: Flávia Viana
O ator Paulo Guidelly não para de produzir, após ser um dos protagonistas da peça "Abdias Nascimento", ele agora integra o elenco de "Migrantes", dirigido por Rodrigo França. O espetáculo traz à tona o desespero, a resiliência e a brutalidade enfrentada por milhões de pessoas ao redor do mundo, oferecendo um retrato poderoso da crise migratória global. A produção faz temporada de 12 de junho até 13 de julho no Teatro Firjan SESI, Centro (RJ).

"Migrantes" expõe de maneira crua e impactante a realidade dos deslocamentos humanos forçados, mergulhando o público na experiência daqueles que atravessam desertos e oceanos em busca de sobrevivência., exibindo uma narrativa fragmentada onde diferentes personagens e situações se entrelaçam, e compõem um grande mosaico sobre a migração contemporânea. O espetáculo, que tem texto de Matéi Visniec, traz Paulo interpretando o personagem Elihu, um imigrante da África.
"Elihu é um africado nascido na Eritreia, país no nordeste da África. Ele é mais um de muitos cidadãos que vivem em países com extrema pobreza e condições de guerra. Seu maior sonho é ir à Inglaterra para trabalhar, sustentar a família e futuramente trazê-los para junto dele no novo país. Para alcançar seu objetivo, ele é influenciado a vender seus próprios órgãos que é um Capital, justificando que Deus fez dois órgãos para dar uma reserva", conta Paulo sobre seu personagem.
Ao longo da peça, somos levados a diferentes cenários: campos de refugiados superlotados, barcos precários à deriva no mar, postos de controle militarizados e cidades que se tornam fortalezas contra aqueles que tentam atravessar suas fronteiras. Cada cena confronta o público com um dilema moral, seja o cinismo das autoridades, a impessoalidade da burocracia ou o tráfico humano que explora o desespero de quem não tem escolha.
Entre o trágico e o absurdo, "Migrantes" lança um olhar satírico e cortante sobre a hipocrisia de um mundo que prega a liberdade, mas ergue muros cada vez mais altos. Mais do que um espetáculo, é uma experiência imersiva e necessária, que nos obriga a refletir sobre o significado de fronteiras, pertencimento e humanidade. Em tempos de crescente intolerância e desinformação, a peça convida a sair da apatia e a enxergar, nos rostos e vozes dos migrantes, o reflexo de nossas próprias histórias e identidades.
"Assisti documentários, reportagens e pesquisei artigos sobre refugiados para construir o personagem. Me aprofundei em histórias de pessoas que doaram seus órgãos para se refugiarem com mais 'facilidade'. O personagem criado está em uma linha muito tênue entre inocência e ambição. Ele sabe o que está fazendo e as consequências de sua ação", explica Guidelly.
O discurso da peça tem relevância global porque estamos falando de um contexto extremamente atual. O número de refugiados e migrantes em todo o mundo tem crescido significativamente, atingindo níveis recordes. Nos últimos 2 anos, o número de refugiados cresceu 8% em relação aos anos anteriores, chegando a 120 milhões de pessoas. Este aumento reflete um aumento de conflitos, perseguições e outras causas de deslocamento forçado.
"O palco é o lugar ideal para colocar certas temáticas em questão. Essa temática é pouco tratada nas encenações em circuito. O público precisa saber com mais afinco desse conflito mundial e apoiar a regulamentação ou regularização de quem deseja imigrar para outros países. Espero que público se conscientize sobre essa temática, que existem países que precisam de mais atenção sobre suas necessidades e questões sociais", complementa o ator.
Fora dos palcos, Paulo Guidelly poderá ser visto em breve no streaming. Ele integra o elenco da segunda temporada de "Rabo de Peixe", série de sucesso portuguesa da Netflix. Após o sucesso da primeira, foram gravadas mais duas temporadas entre abril e julho de 2024 em Lisboa e na ilha de Açores, onde a história se passa. A produção é inspirada num acontecimento real que ocorreu em 2001, quando um veleiro naufragou com cocaína a bordo, e tem previsão para segundo semestre de 2025. Paulo interpreta um dos braços direitos dos vilões interpretados por Paola Oliveira e Caio Blat.
"Não posso dar muitos spoilers, mas posso adiantar que meu personagem persegue a temporada inteira os personagens principais interpretados por José Condessa e Helena Caldeira, para resgatar uma fortuna em Euros", completa o ator.

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