Lições de Meghan sobre negócios, ambição e resiliência
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Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
No universo dinâmico dos negócios, a construção de uma marca sólida e autêntica exige mais do que estratégia e capital: demanda coragem, resiliência e uma profunda conexão com os próprios valores. Meghan Markle, conhecida não só por sua carreira na atuação, mas também pelo seu crescente papel como empreendedora, compartilhou com a milionária e amiga Emma Grede, em um papo no podcast Aspire, insights sobre seu momento pessoal e profissional.
Embora simpática com Meghan, Emma não embarca no dramalhão da Família Real e fala sobre dinheiro e negócios, finalmente ouvindo uma Meghan menos precavida, aqui alguns trechos da entrevista.

1. Empreendedorismo, crescimento e visão de negócios
"Potencialmente, depende do que queremos que a trajetória de crescimento pareça. O que é realmente emocionante é a evolução da parceria com a Netflix, para agora dobrar o crescimento de mim como empreendedora. Enquanto crescemos, é possível que haja uma expansão global, e se houver necessidade de capital, estaremos numa posição boa para isso."
"Não penso em falhas. Para mim, seria um grande sucesso — não uma falha — se eu estivesse vendendo meus produtos no mercado de agricultores. O sentimento de sucesso de outra pessoa não precisa ser o meu. E quando você pode aprender com tudo que viveu, não há possibilidade real de fracasso."
2. Autoconfiança, foco e mentalidade
"Minha fé é maior que o medo. Eu acredito em mim mesma, na minha equipe e no nosso potencial de sucesso. Você tem que treinar sua mente para ser tão focada, tão laser no seu objetivo, que não haja espaço para dúvida. Ela vai aparecer — e você vai ter que treinar a si mesma para não dar ouvidos."
"Eu não acho produtivo usar uma linguagem que seja auto limitante. Não acho que isso ajude ninguém a crescer. Ser avessa ao risco é válido, claro. Mas falar a si mesma de forma negativa não é útil como fundadora."
3. Síndrome do impostor e narrativas femininas
"Palavras importam. Certos termos viram moda, entram no vocabulário e a gente acaba reforçando ideias só porque estão em alta. Não é que eu nunca me sinta insegura. Mas a gente precisa parar de repetir certas narrativas, como se fossem universais para todas as mulheres."
"Como mãe, você quer modelar para seus filhos o que é autoconfiança, alegria, autenticidade. Não dá para ter síndrome do impostor quando você quer ser esse exemplo."
4. Experiência como atriz e aprendizados
"Na época pré-Suits, não havia muitos papéis para mulheres de aparência miscigenada. Eu era enviada para muitos testes — às vezes como latina, às vezes como 'a garota do lado'. Isso significava muitos 'nãos'. Era um jogo de números. Isso abala a autoestima."
"Um conselho que recebi e nunca esqueci: não tente ganhar o papel, ganhe a sala. Mesmo que você não consiga aquele trabalho, deixe os diretores verem que você é talentosa, que você tem algo a oferecer. Trate-os com gentileza. As relações importam — você vai cruzar com essas pessoas de novo."
5. Saída de Suits e a importância da equipe
"Deixar a série foi difícil. Não pudemos anunciar minha saída, então não houve despedida. Eu adorei aquela equipe. Foram sete anos trabalhando juntos. Estar de volta com uma nova equipe, no 'With Love, Meghan', me lembrou o quanto eu tinha sentido falta disso. Gosto de trabalhar em time."
6. Narrativa pública, imprensa e fronteiras
"Se eu pudesse reescrever minha narrativa pública, pediria para as pessoas falarem a verdade. Não há problema em dizer 'não me sinto confortável em responder isso'. É importante estabelecer fronteiras. Com o tempo, maturidade e apoio, você entende que não precisa se explicar sempre."
"Não vejo valor em ser super ensaiada. As pessoas querem autenticidade. Não adianta ter uma narrativa que não é sua."
7. Alegria, redes sociais e vida pessoal
"Voltei às redes sociais em janeiro. A última vez que tinha estado lá, o Boomerang era novidade! Agora é libertador. É meu espaço de alegria, minha voz. Não quero que seja superproduzido — quero que seja autêntico."
"Aquela cena do Harry dançando comigo na sala de parto — aquilo foi há quatro anos! Mas foi lindo compartilhar porque mostra que, apesar de todo o barulho, há uma vida real, divertida, autêntica acontecendo."
8. Influência pessoal e responsabilidade com a imagem
"Durante anos, eu percebi o quanto meu estilo influenciava as pessoas. Era estranho ver isso sendo monetizado globalmente, muitas vezes sem crédito para as marcas ou designers responsáveis. Eu queria apoiar pequenas marcas, especialmente fundadas por mulheres, e sempre buscava criadoras locais durante nossas viagens. Era uma forma de falar quando eu não podia usar minha voz. Eu podia apoiar mulheres por meio do que vestia."
"Receber cartas de marcas dizendo que puderam empregar 25 mulheres, tirá-las de situações de tráfico, e que isso aconteceu porque eu vesti um jeans — isso nunca me pareceu um privilégio leve. Eu nunca encarei isso como algo pequeno."
9. Consciência sobre fama e desconforto com a superexposição
"No início, foi chocante. Uma camiseta simples que eu usava se esgotava imediatamente. Mas eu já vinha de Suits, uma série que também tinha apelo fashion. Eu sabia do impacto, mas ele cresceu muito."
"O mais desconfortável foi quando até as roupas dos meus filhos começaram a ser monetizadas. Quando vem de um lugar de afeto e alegria, tudo bem. Mas quando vira parte de um sistema de afiliados ou notícia, passa a ser outra coisa."
10. Intenção e propósito no trabalho com moda e visibilidade
"Claro que havia intenção. Mesmo sem ter 'pele no jogo', eu queria que outras mulheres fossem vistas. E, de certa forma, isso também me elevava. Mas se eu quisesse maximizar financeiramente esse espaço, teria criado uma marca de moda desde o início. Eu escolhi o que meu coração queria naquele momento."
11. Criação e expansão da Archewell
"Quando nos mudamos para cá e fundamos a Archewell, tudo começou a partir dos valores que eu e meu marido acreditamos. A partir disso, expandimos para produção de conteúdo, narrativas e, mais recentemente, para a construção da minha própria marca."
"Queremos saber que tipo de histórias estamos contando, que tipo de documentários estamos produzindo — e tudo continua ancorado em propósito. Sempre nos perguntamos: é guiado por valores? Tem impacto social? É proporcional e ético?"
12. Investimentos, empatia e transformação social
"Alguns investimentos começaram de forma simples. Eu fui a primeira investidora da Clever (Café orgânico). Era meu primeiro investimento — e um aprendizado. Depois veio a empresa voltada para menopausa e perimenopausa, temas que impactam profundamente a vida das mulheres."
"Também me interesso por fintech e educação financeira, especialmente para mulheres jovens. São temas pouco glamourosos, mas cruciais. O que pode mudar a trajetória delas? Acesso, formação, independência."
13. Critérios para investir e confiança nas pessoas
"Nem tudo é só tendência. Às vezes, recebo propostas incríveis, mas se não confio profundamente na pessoa ou na equipe que está tocando o projeto, prefiro dizer não. Isso é dinheiro real — não é dinheiro de Monopoly."
"Quero apoiar quem está nos bastidores, fazendo um trabalho consistente, com ética, criatividade e impacto. Ajudar essas pessoas a crescer e mudar a vida das suas famílias é o que me move."
14. Rotina, cozinha e alegria no fazer
"Cozinho, mas é uma coisa curiosa — amar muito algo e ao mesmo tempo ter tanta ambição. Isso te muda."
15. Estrutura da parceria e possibilidade de expansão
"Talvez. Depende de como imaginamos o crescimento. Toda a logística e os contratos moldaram o que pode ser o futuro da marca."
"Ainda há muitas surpresas com a série que vamos revelar este ano. A segunda temporada vem aí. Mas o mais empolgante é ver como a parceria com a Netflix evoluiu: agora é também sobre o meu crescimento como empreendedora, com o apoio deles."
"É enorme. É ótimo. E claro, conforme expandimos — inclusive internacionalmente — talvez chegue o momento de buscar investimento. E estaremos bem preparados para isso."
16. Medo de fracassar e mentalidade empreendedora
"Não penso em fracasso."
"Não. Não é uma opção. Claro que há momentos de medo. Mas o que repito para mim é: minha fé é maior do que meu medo."
"Acredito em mim, na equipe ao meu redor e no nosso potencial de sucesso."
"Mesmo que o caminho não seja o mais convencional. Para mim, seria um sucesso vender minhas geleias em feiras, com licença da prefeitura de Santa Bárbara. Já apliquei para isso. Isso seria sucesso."
"A percepção alheia sobre o que 'parece' sucesso não precisa ser a minha. Tudo é aprendizado."
17. Síndrome da impostora e discurso limitante
"Palavras importam. Certas expressões viram moda e passam a fazer parte do nosso vocabulário sem reflexão."
"Mas por que continuar reforçando uma ideia só porque ela está em alta?"
"Acredito que, ao mudar a forma como você pensa, muda tudo ao seu redor."
"Tem que acreditar. Como mulher, como fundadora, você precisa treinar sua mente para manter o foco. Como já disse, é como ter um laser apontado no seu propósito."
"Não há muito espaço para dúvida social. Ela aparece, mas você precisa saber lidar com isso."
"Ficar reproduzindo uma linguagem que te limita não ajuda ninguém. Ser cautelosa e realista é válido, claro. Mas não podemos viver baseadas no medo."
18. Treinamento mental e trajetória como atriz
"Pode ser. Antes de Suits, eu ia a muitas audições."
"Naquela época, não havia muitos papéis com diversidade. A 'garota da porta ao lado' era branca, de olhos azuis, cabelo loiro. Mas, por ser mestiça, eu era escalada para muitos papéis diferentes — às vezes pensavam que eu era latina."
"Então, em vez de fazer testes para 10 personagens e ouvir 10 nãos, eu fazia para 30 — e recebia 30 nãos. Isso mina sua autoestima."
"Passei por um longo processo para reconstruí-la."
"Quando você vive dependendo da opinião alheia, é um caminho difícil."
"Hoje, aos 40 e como mãe, quero ser exemplo para meus filhos. Não dá para viver com síndrome da impostora. Quero ser modelo de autenticidade, confiança, leveza, diversão."
"Isso mudou tudo pra mim nos últimos seis anos."
19. Origens empreendedoras e infância
"Meu avô tinha uma loja de antiguidades, e eu sempre estava com ele depois da escola, ajudando e observando como era ter um negócio, incluindo o atendimento ao cliente."
"Minha mãe, embora fosse agente de viagens por muitos anos, também fazia, não festas de cidades, mas festivais de rua, com pequenos estandes e vendedores."
"Íamos juntas para esses eventos, e eu também comprava materiais — tipo em armarinhos onde se pagava por hora — e comecei a usar minha própria máquina de costura. Fazia scrunchies e vendia por um dólar na escola, quando estava na 5ª ou 6ª série."
"Acho que tudo começou muito cedo: você vê que pode se envolver diretamente em algo e compartilhar aquilo de forma mais ampla."
20. Criação da marca (As Ever) e início da ideia
"Eu sabia que queria colocar algo no mundo. Há cinco anos estamos tentando decifrar o que eu realmente gostaria de compartilhar — de forma autêntica e orgânica."
"Eu fazia geleias e conservas em casa, e compartilhava com amigos. Um dia, no início de um novo ano, muitos deles me mandaram mensagens dizendo: 'Não sei o que é, mas suas geleias me fazem tão feliz.' E eu pensei: talvez seja isso."
"A maioria das pessoas esperava que eu fosse para moda ou beleza — parecia natural. Mas o que eu fazia todos os dias, o que me dava prazer, era estar na cozinha. Eu amo cozinhar."
"Pensei em criar uma marca pequena, local, talvez vender em feira orgânica — algo fofo. Mas aí fiz uma grande virada ao trazer a Netflix como parceira. Isso levou o projeto a um outro nível."
21. Parceria com a Netflix
"A divisão de produtos de consumo da Netflix geralmente trabalha com marcas já existentes de séries — como Stranger Things ou Bridgerton. É fácil imaginar uma colaboração a partir desse universo."
"No meu caso, foi diferente: a marca não existia, foi uma criação minha, desde a ideação. Estamos desenvolvendo juntos, construindo aos poucos."
"E já temos uma parceria com a Netflix há cinco anos, meu marido e eu, no conteúdo. Então há familiaridade e conforto. Agora estou trabalhando com outro departamento, mas ainda são as mesmas pessoas."
22. Autenticidade e controle criativo
"No contrato com a Netflix, está claro que essa é minha visão. E acredito que o sucesso vem do fato de que as pessoas sentem quando estou pessoalmente envolvida."
"Desde o início, deixei claro que queria fazer parte de todo o processo criativo. Eu adoro estar envolvida nisso."
"A analogia que uso é: 'Não façam o pão sem mim.' Quero estar presente na escolha dos sabores, na mistura da massa. Há uma equipe que pode colocar o pão no forno, mas eu quero vê-lo antes disso."
"Estou envolvida em tudo — inclusive na apresentação, na linguagem da marca, nos detalhes. Acho que é aí que mora a mágica."
23. Scrutínio e expectativas
"Há um foco enorme em cada detalhe, inclusive nos momentos de silêncio."
"É uma bênção, porque gera interesse, mas também exige paciência. A urgência dos outros não é a minha."
"Eu não acredito que a parceria com a Netflix aumente o escrutínio — mas sim a curiosidade."
"É um novo capítulo para a Netflix, no lado de produtos de consumo, e onde conteúdo e comércio se encontram de forma única — como com o programa Love, Meghan."
"Na segunda temporada, conseguimos alinhar melhor a marca com o conteúdo do programa."
24. Desafios logísticos e lado "não sexy" do negócio
"Estou muito envolvida na parte logística, financeira e de infraestrutura."
"Existe a ideia de que, por ter uma parceira poderosa como a Netflix, e por toda a atenção que meu nome traz, tudo fica fácil. Mas ainda somos uma startup."
"Atendimento ao cliente, entregas, funcionamento do site — tudo isso importa."
"Quero que as pessoas se sintam, ao interagir com a marca, como se estivessem sendo recebidas na minha casa: vistas, acolhidas, cuidadas. Isso faz parte do espírito da marca."
25. Desafios da categoria e visão de longo prazo
"Estamos trabalhando com produtos estáveis, com boa validade, então não enfrentamos o problema de perecibilidade como uma floricultura, por exemplo."
"Mas sim, é uma categoria difícil. E quando saímos do modelo direto ao consumidor (D2C), entramos numa máquina complexa, com grandes players."
"Ainda assim, volto sempre à autenticidade: é algo que eu amo e quero compartilhar."
"Quando chegar o momento de expandir para mercados internacionais, vamos adaptar às necessidades locais."
26. Possibilidade de entrar em moda e beleza
"Moda e beleza foram sugestões frequentes que recebi. E sim, em algum momento, pode ser divertido."
"Acho que haverá um tempo certo para isso. Mas, por ora, eu queria algo que fosse autêntico para mim."
"Beleza tem menos variáveis: você controla a fórmula, a cadeia de suprimentos."
"Com alimentos, a Mãe Natureza é um fator. Uma má colheita pode afetar o produto. Mas, no fundo, tudo começa no jardim, naquela caixinha humilde de gelo — charmosa para qualquer um."
"E isso leva a extensões: como você começa ou termina seu dia, o que oferece aos amigos — é um conceito de hospitalidade. Vamos além da cozinha para um universo mais amplo."

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