Mounjaro é aprovado tratamento de obesidade: médico revela mitos e verdades
Ler resumo da notícia
Com filas de espera nas farmácias, o Mounjaro, caneta injetável que viralizou nos Estados Unidos e tem sido chamada de "Ozempic dos ricos", desembarcou no Brasil com preço de até R$ 4 mil - e já é febre entre quem está em busca de soluções para perder peso. No último dia 09 de junho, foi inclusive aprovado pela Anvisa para o tratamento da obesidade. Celebridades como Kim Kardashian e Elon Musk foram associadas ao uso de medicamentos do tipo GLP-1.
O Dr. Rodrigo Schöder, médico nutrólogo com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, listou os principais mitos e verdades sobre o Mounjaro. Confira:
"É um remédio para emagrecer."
VERDADE - mas não só. "A tirzepatida foi aprovada originalmente para diabetes tipo 2 e, em 2024, recebeu indicação formal para 'controle crônico de peso' em obesidade e sobrepeso com comorbidades, tanto pela FDA quanto pela Anvisa. Portanto, hoje é sim um fármaco antiobesidade, embora continue a tratar distúrbios metabólicos de forma mais ampla", afirma Rodrigo.
"Causa menos efeitos colaterais do que o Ozempic."
MITO. - "Nos estudos head-to-head (SURPASS-2), o perfil de eventos gastrointestinais — náusea, vômito, diarreia — foi semelhante ou discretamente maior com tirzepatida em comparação à semaglutida 1 mg. Não há evidência de que seja 'mais leve'.", afirma Rodrigo.
"Pode ser usado por qualquer pessoa."
MITO.- "É medicamento de prescrição, contraindicado para menores de 18 anos, gestantes, lactantes, pacientes com pancreatite ou história familiar de carcinoma medular de tireoide, entre outras situações. Precisa de avaliação médica individual.", afirma Rodrigo.

"Os resultados são imediatos, substituindo a dieta."
MITO.- "A perda de peso é progressiva: costuma aparecer após 4-6 semanas e atinge platô por volta de 9-12 meses. Sem reeducação alimentar e atividade física, o benefício diminui, e o peso tende a voltar após a suspensão.", afirma Rodrigo.
"É eficaz na redução de gordura visceral e na proteção cardiovascular."
VERDADE (com evidência em expansão).- "Subestudos de DEXA (desintometria óssea) e ressonância (SURMOUNT-1) mostram redução proporcionalmente maior de gordura abdominal e melhora de marcadores cardiometabólicos (HbA1c, triglicerídeos, PA). O ensaio de desfecho duro SURPASS-CVOT deverá confirmar o impacto em eventos cardiovasculares.", afirma Rodrigo.
"Atua aumentando a saciedade e reduzindo o apetite."
VERDADE.- "É agonista duplo de GLP-1 e GIP. O GLP-1 retarda o esvaziamento gástrico e sinaliza saciedade ao hipotálamo; o GIP potencializa esse efeito, resultando em menor ingestão calórica.", afirma Rodrigo.
"Vai custar mais caro no Brasil que outras medicações similares."
VERDADE (pelo menos no lançamento). - "A CMED fixou teto de aproximadamente R$ 1,5 mil - 4 mil por caixa, superando os intervalos de Ozempic® e Wegovy®. Relatórios de mercado apontam um preço inicial 20-40% maior.", afirma Rodrigo.
"Pode interferir na absorção de nutrientes."
MITO (relevância clínica mínima).- "O retardamento do esvaziamento gástrico pode atrasar o pico de absorção, mas não há evidência de carências nutricionais a longo prazo em pacientes não-bariátricos. Monitoro apenas quem já tem dieta muito restritiva ou cirurgia prévia.", afirma Rodrigo.
"Causa dependência química."
MITO.- "Não atua nos circuitos de recompensa dopaminérgicos nem provoca síndrome de abstinência. A 'dependência' observada é clínica: interrompeu, o estímulo à saciedade cessa e o peso pode retornar.", afirma Rodrigo.
"Resultados são permanentes."
MITO.- "Sem manutenção farmacológica ou mudança de estilo de vida, 50-70% do peso perdido tende a ser recuperado em 1-2 anos. A tirzepatida é ferramenta de controle crônico, não 'cura' definitiva.", afirma Rodrigo.
A verdade é que o Mounjaro pode, sim, ajudar muita gente - mas está longe de ser uma solução mágica. Por fim, o médico conclui: "A gente não pode terceirizar 100% da saúde para um remédio. Ele ajuda, mas a base continua sendo alimentação, movimento e constância."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.