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Mounjaro X Ozempic: quais as diferenças e como escolher?

A busca por soluções rápidas para emagrecimento ganhou mais um capítulo com a chegada oficial do Mounjaro ao Brasil, na primeira quinzena de maio. Apelidado de "Ozempic dos ricos", o medicamento à base de tirzepatida foi aprovado pela Anvisa para o tratamento do diabetes tipo 2, mas vem chamando a atenção mesmo é por seus efeitos na perda de peso.

Prometendo uma redução de peso ainda mais intensa que a oferecida por remédios como o Ozempic, o Mounjaro já virou desejo de quem busca resultados rápidos. No entanto, médicos alertam: o uso sem indicação médica pode acarretar sérios riscos à saúde.

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Imagem: Reprodução

As informações a seguir foram esclarecidas pela Dra. Bruna Durelli, médica nutróloga, especialista em saúde metabólica e cofundadora da Levser.

Mounjaro x Ozempic: quais as diferenças?

Ambos são medicamentos injetáveis, aplicados semanalmente por meio de um dispositivo semelhante a uma caneta. No entanto, suas composições e mecanismos de ação são diferentes.

Enquanto o Ozempic atua sobre o GLP-1, um hormônio que ajuda a promover saciedade e controlar o apetite, o Mounjaro tem um alcance maior: ele atua tanto no GLP-1 quanto no GIP, outro hormônio envolvido no metabolismo. Essa ação dupla tende a proporcionar resultados mais expressivos na perda de peso e no controle da glicemia.

Apesar disso, não significa que o Mounjaro seja automaticamente melhor. "Tudo depende da avaliação clínica. O Mounjaro tem uma ação mais ampla, mas é necessário entender se ele é o mais adequado para cada caso", explica a Dra. Bruna.

Perigo do uso fora da indicação médica

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Mesmo com os benefícios, o uso do Mounjaro sem prescrição médica levanta sinais de alerta importantes. Segundo a especialista, a automedicação pode causar:

  • Náuseas intensas
  • Vômitos
  • Constipação
  • Hipoglicemia
  • Desidratação

Além disso, sem acompanhamento adequado, há uma tendência perigosa de perda de massa magra junto com gordura, o que compromete a saúde metabólica a longo prazo.

"É fundamental que qualquer medicamento esteja inserido em um plano estruturado, com ajustes de alimentação, sono, atividade física e cuidado emocional", reforça a médica.

A ilusão da solução mágica

A especialista reconhece a frustração de quem luta contra o excesso de peso e vê no medicamento uma esperança. Mas ela alerta: apostar no remédio como única saída pode resultar no "efeito sanfona", sentimento de culpa e, pior, perda de saúde.

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"Os medicamentos são ferramentas. O que realmente transforma é uma estratégia de longo prazo, interdisciplinar, que olhe para o paciente com profundidade", explica. "Sem isso, não há resultado que se sustente."

Quando o uso do Mounjaro pode ser indicado?

O Mounjaro pode ser uma ferramenta válida no tratamento de obesidade grau 1, 2 ou 3, com ou sem comorbidades, especialmente quando outras abordagens já foram tentadas sem sucesso. Mas é essencial que:

  • O uso seja acompanhado por profissionais da saúde
  • Haja monitoramento com exames atualizados
  • O paciente esteja inserido em um plano personalizado

Entre os principais efeitos colaterais relatados estão náuseas, vômitos, constipação, dores abdominais, refluxo e redução excessiva do apetite.

Emagrecimento saudável: é possível com Mounjaro?

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Sim, mas apenas em condições específicas e com acompanhamento multidisciplinar. "O segredo está no como: ajustar a dose, personalizar a alimentação, preservar massa magra e construir uma rotina leve e possível", orienta a médica.

O uso do Mounjaro pode sim fazer parte de um processo saudável de perda de peso, desde que não seja visto como solução mágica, mas como uma peça dentro de um plano completo e humanizado.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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