Príncipe Harry diz que "não faz sentido continuar brigando"
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Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
Para quase todos que acompanharam o caso, era uma derrota anunciada, tanto que os juízes declararam que se emocionaram com os argumentos que o Príncipe Harry apresentou para restaurar seus níveis de segurança a que ele e sua família têm direito enquanto estiverem no Reino Unido, mas, no final das contas, ele não tinha argumentos legais suficientes para reverter a decisão de 2021 de reduzi-las. Ainda assim, segurando as lágrimas e muito abalado, o príncipe sentou para conversar com a BBC sobre sua decepção com o resultado.

Como não há mais como apelar da decisão, Harry fica à mercê da Família Real: só terá a segurança que quer caso seja oficialmente convidado por eles para visitar o país. Caso contrário, receberá o apoio o que o Governo considera adequado. Diante de seu distanciamento notório tanto de seu pai, Rei Charles III como de seu irmão, Príncipe William, é improvável que seja chamado para vê-los tão cedo, afinal, como Harry mesmo lembra, suas últimas interações oficiais com seu pai e irmão foram em dois eventos comemorativos (o jubileu de platina da avó, Rainha Elizabeth II e a coroação de Charles) e dois funerais. Ainda assim, todos mantendo a distância dele.
A conversa com a BBC, na sua casa na Califórnia, foi longa, emocional e restrita tanto ao que ele legalmente pode falar e, é preciso destacar, o que ele quer falar agora. À frete, pode entrar em mais detalhes (com outro livro?). A ver. Como tudo que Harry fala é deturpado, abaixo os principais pontos que ele falou com a emissora britânica.
SOBRE O RESULTADO
"Obviamente, estamos muito, muito arrasados mas certamente está provado que não havia como vencer pelos tribunais, o que alguém já havia me dito antes. Mas sim, é, é, tem sido... a decisão foi uma surpresa, além de não ser uma surpresa. [ri nervoso] Então, sim, por enquanto, é impossível para mim levar minha família de volta ao Reino Unido em segurança.
SOBRE O QUE INTERFERE NA EXPECTATIVA DE INTEGRAR SEUS FILHOS, ARCHIE E LILIBET, À SUA FAMÍLIA E ORIGEM
"Bem, para começar, a única vez que voltei ao Reino Unido foi, infelizmente, para funerais ou processos judiciais, com alguma ou outra função beneficente entre os eventos, onde me arrisco. Mas eu continuarei com uma vida de serviço público. Então, sempre apoiarei as instituições de caridade e as pessoas que significam tanto para mim. Mas não consigo imaginar um mundo em que eu traria minha esposa e meus filhos de volta ao Reino Unido neste momento. E as coisas que eles que eles vão perder, é, bem, tudo. Eu amo meu país. Sempre amei, apesar do que algumas pessoas naquele país fizeram. Sinto falta do Reino Unido, sinto falta de partes do Reino Unido. Claro que sinto. E eu acho que é realmente muito triste não poder mostrar, sabe, aos meus filhos, minha terra natal."
SOBRE O QUE O FAZ SE SENTIR INSEGURO
"Há pouco que eu possa dizer por causa do processo de redação das questões de segurança nacional em questão, mas tudo porque, no início de 2020, minha pontuação foi a mais alta em termos de risco. E então, da noite para o dia, fui rebaixado para a mais baixa, sem realmente passar pelo conselho de gestão de risco. Então, quando alguém questiona como isso é possível e também o motivo por trás disso na época... E por mais difícil que seja apreciar ou entender por que a decisão foi tomada da forma como foi em 2020, o mais difícil para mim é o fato de eu ainda não ter passado por uma avaliação do conselho de gestão de riscos nos últimos cinco anos. Todos os outros neste grupo de pessoas a fazem, no mínimo, uma vez por ano. Então, novamente, não teria chegado tão longe se não tivesse evidências convincentes de fatos que revelam por que a decisão foi tomada. E estou aqui hoje falando com vocês, onde, como sabem, eu, nós perdemos o recurso, mas o outro lado venceu, mantendo-me inseguro. Então, novamente, há muitos pontos de interrogação. Eu tenho toda a verdade. Eu tenho todo o conhecimento. Agora, ao longo do processo legal, descobri meus piores medos. Sei hoje, com base neste julgamento, que não havia nenhuma estrutura legal que restringisse as decisões deste órgão, RAVEC, do qual a Casa Real faz parte. E eu não sabia disso até este processo legal em 2021. Uma das primeiras coisas que minha advogada me disse foi: "Como a divulgação começou?", ou "Este processo foi iniciado?". Ela se virou e disse: "Você sabia que a Família Real estava na RAVEC?", e meu queixo caiu.
SOBRE TER PEDIDO AO PAI, REI CHARLES III, A INTERVIR
"Eu nunca pedi a ele para intervir. Eu pedi a ele para se retirar - 'Eu me afasto e deixo os especialistas fazerem o seu trabalho'. Este Comitê é um comitê de especialistas cheio de profissionais, além da Família Real, e a Família Real não tem nenhum papel no Comitê além de ajudar a influenciar as decisões com base nos membros da família. E cinco anos depois, cada visita que eu faço de volta ao Reino Unido, sou forçado a passar pela Casa Real e aceitar que eles estão priorizando meus melhores interesses durante essas conversas e deliberações. Então, eu não pedi ao meu pai para intervir".
"O objetivo do conselho e de uma avaliação de risco é que considere todos os fatos e todas as circunstâncias. É um sistema e uma avaliação projetados para serem imparciais e evitar interferências. O que eu sei, ao longo deste processo legal, é que a interferência que foi criada veio da Casa Real e do presidente da RAVEC na época, sobre quem acredito que posso falar porque ele não está mais lá. A primeira coisa que ele fez foi ver a Casa Real no palácio. E então, seja a mídia ou qualquer outra pessoa que afirme que a Casa Real e meu pai, minha família, não têm capacidade de tomada de decisão sobre o RAVEC, bem, então qual é o papel deles? Eles não são especialistas. Qual é o papel deles nisso?"
SOBRE ACEITAR QUE SEU STATUS MUDOU
"Meu status não mudou. Não pode mudar. Eu sou quem eu sou. Eu sou parte daquilo de que faço parte e nunca poderei escapar disso. Minhas circunstâncias serão sempre as mesmas, mas com uma resposta específica para a pergunta: existem comparações e, novamente, preciso ter cuidado com o que digo, mas acho que seria bastante chocante para o público britânico e o público em geral entender ou saber que, na verdade, muitas pessoas sabem disso: que pessoas que deixam cargos públicos recebem proteção vitalícia, independentemente de haver ameaças ou riscos para elas. Então, para mim, com toda uma lista de riscos e ameaças que eram conhecidos em 2020 e que só aumentaram com o tempo, incluindo a ameaça da Al-Qaeda que foi publicada e comentada recentemente, completamente desconsiderada, descartada, ignorada. Porque, para mim, a segurança pode ser condicionada a ter esse papel oficial, aquele papel que todos sabem que eu e minha esposa desejamos continuar, mas que foi impedido de exercer em 2020".
SOBRE O FATO DE QUE A SEGURANÇA SER PAGA PELO CONTRIBUINTE BRITÂNICO
"Em primeiro lugar, a segurança privada tem um limite. Novamente, não posso entrar em detalhes sobre isso, mas acho que a maioria das pessoas conseguirá entender. Uma das principais coisas é que eles não têm jurisdição no país estrangeiro ou em qualquer outro país. Eles não têm jurisdição alguma. A proteção policial é uma proteção eficaz, que é o que minha avó deixou bem claro que precisávamos, no que diz respeito à parte do contribuinte. Não sei se precisa entrar em detalhes sobre quanto a Família Real custa ou algo assim. O que eu direi é que parte da imprensa britânica, dos tabloides britânicos, fez um ótimo trabalho na campanha para que nossa segurança fosse removida, citando valores como £ 20 milhões. E, por meio desse processo de divulgação, vi eleitores no Reino Unido escreverem para seus parlamentares dizendo: "Não quero, como contribuinte, pagar pela segurança de Megan e Harry a esse custo." Eles estão literalmente citando manchetes de jornais britânicos. Esses números são obviamente exagerados em cerca de 18,19 vezes. E, além disso, como, se você sabe que outras pessoas estão sendo protegidas, pessoas que fizeram uma escolha para cargos públicos, então por que você não se sentiria confortável, feliz com alguém na minha posição, que dedicou 30, 35 anos de serviço ao seu país, duas missões no Afeganistão e as ameaças e riscos à minha vida? Eu nasci para essa posição. Eu nasci para esses riscos. E eles só aumentaram com o tempo, junto com meu casamento com Meghan e o frenesi na mídia, na grande mídia e nas redes sociais. Provavelmente o que as pessoas não sabem, mas que é mencionado no julgamento de hoje, o RAVEC protege cidadãos privados e eu fui nomeado cidadão privado pela Casa Real. Não posso ser um cidadão comum. Nunca serei visto como um cidadão comum. Nunca serei tratado como um cidadão comum, nem pela mídia, nem pela maioria das pessoas, e certamente não por ninguém que queira me prejudicar, à minha esposa ou aos nossos filhos. Então, acho que, uma vez que as pessoas percebam ou entendam que existem cidadãos comuns que nunca desempenharam qualquer papel em cargos públicos e nunca desempenharão qualquer papel público, por serem de alto risco são protegidos às custas dos contribuintes. E com razão. Se resume ao impacto na reputação do Reino Unido se essa pessoa ou essas pessoas forem feridas em solo britânico. Mas, aparentemente, se for comigo, isso não importa".
SOBRE A DIFERENÇA ENTRE QUE É DADO CASO A CASO E O QUE ELE QUERIA RECEBER
"Não posso falar sobre detalhes. Tudo o que direi é que, na última avaliação que recebi, minha pontuação foi a mais alta. A única pessoa na família que chegou perto disso foi minha avó. Da noite para o dia, fui reduzida à pontuação mais baixa. Essa análise caso a caso tem sido usada pelo RAVEC (Proteção da Realeza e Figuras Públicas) e também por grande parte da imprensa britânica para dizer 'qual é o grande problema? Você recebe algo caso a caso'. Infelizmente, essa análise caso a caso é separada pelo motivo da minha visita. Então, sim. Só para dar mais contexto, não é realmente uma análise caso a caso. É uma questão de ou isso ou aquilo. Se você for convidado para o Reino Unido pela sua família, nós lhe daremos segurança. Se você vier por qualquer outro motivo, receberá uma segurança muito baixa. Não vou confirmar qual é, mas é completamente insuficiente. Não importa quanta segurança privada eu tenha ao meu redor, há um limite para o que eu posso fazer, operar e funcionar no Reino Unido quando se trata de apoiar minhas instituições de caridade, visitar meus amigos, todas essas coisas. Então, sabe, tenho sido tratado de forma muito, muito, muito diferente de todas as outras pessoas. Todos os exemplos que existem no passado e no presente me destacaram"
SOBRE SE SENTIR PUNIDO
"Não penso mais nisso. Agora eu sei que a segurança era usada como alavanca. O que realmente me preocupa, mais do que qualquer outra coisa a dizer sobre a decisão de hoje, dependendo do que acontecer a seguir, é que ela estabeleceu um novo precedente de que a segurança pode ser usada para controlar membros da família. E, efetivamente, o que isso faz é aprisionar outros membros da família, impedindo-os de escolher uma vida diferente. Se para mim, a segurança depende de ter um cargo oficial, um que eu e minha esposa desejávamos exercer, mas que foi rejeitado. Não pelo Conselho, mas pela Família Real. E o resultado disso é que você perde sua segurança, que basicamente diz que você não pode viver fora do controle deles se quiser estar seguro. Mas há uma decisão bastante difícil aí e se você eliminar todo o barulho, de tudo o que foi dito por outras pessoas, todo o barulho que foi criado em torno disso, se você eliminar tudo isso, acho que o que as pessoas ouvirão é que a única coisa que eu tenho pedido durante todo esse processo é segurança. Tanto quando eu fazia parte da instituição quanto quando saímos. E o ponto importante aqui é que, sabe, para mim e minha esposa, novamente, não tenho certeza do quanto posso dizer, mas nunca poderíamos deixar a Família Real. Ou seja, essa é a minha família, essa é a minha família maior. Deixei a instituição porque, no fim das contas, eu tinha que deixar, eu não a deixei em 2020. Eu a deixei em 2021. Mas a segurança foi removida em 2020".
SOBRE A DOENÇA DO REI E A FALTA DE RELACIONAMENTO DELE COM OS NETOS
"A vida é uma coisa preciosa e estou perfeitamente ciente da fragilidade disso. Não poderia só vir para o Reino Unido em segurança se for convidado. Há muito controle e capacidade nas mãos do meu pai. Em última análise, tudo isso poderia ser resolvido por meio dele, não necessariamente intervindo, mas se afastando, permitindo que os especialistas façam o que for necessário e realizem uma avaliação. Isso foi iniciado sob um governo anterior. Agora há um novo governo. Já me descreveram isso uma vez. As pessoas sabiam dos fatos, que esta é uma armação à moda antiga e é assim que parece.
SOBRE O QUE PODERIA ACONTECER
"Com base na decisão que o tribunal proferiu hoje, ela afirma claramente que a RAVEC não é limitada por lei. Novamente, eu gostaria que alguém tivesse dito isso desde o início. Se eles não são limitados por lei, então esta decisão foi tomada por prerrogativa real, o que significa que toda a segurança nacional importa. No meu caso, a outra parte usou exclusões e desculpas de segurança nacional para ocultar certas informações de mim, me impedindo de falar sobre certas coisas ao público. Que esta questão de segurança nacional não é regida por nenhuma lei e que a RAVEC pode abandonar os próprios processos especializados que existem para proteger os indivíduos e as pessoas ao seu redor, bem como os próprios tomadores de decisão, de responsabilidade caso algo aconteça. Então, eu pediria ao Primeiro-Ministro para intervir. Eu pediria a Yvette Cooper, a Secretária do Interior, que analisasse isso com muito, muito cuidado. Porque, se é um órgão especializado, qual é o papel da Casa Real ali se não é influenciar e decidir o que querem para os membros de sua família?"
SOBRE SE AINDA VAI TENTAR RECORRER
"Não quero que nenhuma batalha continue. Há muito sofrimento e muito conflito no mundo. No cerne disso, há uma disputa familiar, e me deixa muito, muito triste estarmos aqui hoje, cinco anos depois, com uma decisão que foi tomada, provavelmente, na verdade, eu sei, para nos manter em segredo. Mas então, quando você percebe que isso não ia funcionar, quando nós, quando eles percebem que eu, minha esposa, meus filhos somos mais felizes fora da instituição, então, por favor, olhem para os fatos. Olhem para os riscos, olhem para a ameaça, olhem para o impacto que, se algo acontecesse comigo, com minha esposa ou com os netos do meu pai, se algo acontecesse com eles, olhem onde está a responsabilidade. Há um dever de cuidado que foi completamente jogado pela janela e isso não parece bom. Quer concordemos ou discordemos. E há muita coisa em que nó que concordamos, há muita coisa em que discordamos. Mas, deixando isso de lado, onde está o dever de cuidado? Porque, como eu disse, a vida é preciosa e está muito claro que, a partir de 2020, como não me era mais permitido exercer um cargo oficial e porque decidi me afastar da instituição, minha vida foi desvalorizada da pontuação mais alta para a mais baixa da noite para o dia".
COMO SE SENTE E O MEDO DE QUE "A HISTÓRIA SE REPITA"
"Não quero que a história se repita. Acho que há muitas outras pessoas por aí, e a maioria também não quer que a história se repita. Através do processo de divulgação, descobri que algumas pessoas querem que a história se repita, o que é bastante sombrio. Não vou compartilhar quem neste momento. Sei os nomes de todas as pessoas que estiveram envolvidas neste processo. E, novamente, você tem que questionar por que eu não fui submetido ao mesmo conselho de gestão de risco que todos os outros, incluindo membros da minha família".
SOBRE NÃO ACEITAR O FATO DE "NÃO FAZER MAIS PARTE" DA FAMÍLIA REAL
"Se eu tenho um cargo oficial ou não, é irrelevante para a segurança que a segurança precisaria. Deixe-me, reformular isso. Se eu tenho um cargo oficial ou não, é irrelevante para as ameaças, riscos e impacto na minha reputação, na reputação do Reino Unido, se algo acontecesse comigo. E, novamente, isso é comprovado por todos os exemplos que existem por aí. Então, apenas para mim, ter um cargo oficial é condicional para manter a segurança, mas, para todos os outros, pessoas que escolheram esta vida de um cargo público e depois o deixam, [eles] recebem [segurança] para o resto da vida, independentemente de correrem risco ou ameaça à sua reputação. E, a propósito, eu concordo com isso. Acho que é absolutamente a coisa certa a fazer: se você entrar e servir ao seu país, mesmo que seja por um mínimo de quatro anos, você receberá a proteção necessária devido ao seu serviço público. Eu nasci para essa posição. Não foi uma escolha. Servi ao meu país por 35 anos. Acredito que ainda continuo servindo ao meu país. O serviço público é a minha vida. Uma dedicação que nunca mudará. Existem ameaças muito, muito reais por aí, algumas que são conhecidas, outras que foram ocultadas. E para as pessoas no Poder e na responsabilidade de decisões saberem que essas ameaças e riscos existem e ainda dizer que "porque você não tem um cargo oficial, sua vida não importa mais", você pode imaginar como me sinto sobre isso. Esse é o argumento mais ilógico na história dos argumentos".
SOBRE ESTAR DECEPCIONADO COM SEU PAÍS
"Essa é uma grande pergunta. Neste momento, estou me sentindo muito decepcionado. É a minoria de pessoas, especialmente aquelas que leem os tabloides e a própria imprensa, a própria imprensa incitou tanto ódio contra mim, minha esposa e até nossos filhos. Isso é difícil de perdoar. Há decisões que foram tomadas. Há coisas que aconteceram desde 2016, especialmente em toda a minha vida, mas em especial desde 2016. Há coisas que aconteceram que agora posso perdoar. Já superei isso. Posso perdoar o envolvimento da minha família, do meu pai, do meu irmão e da minha madrasta. Posso perdoar. Posso perdoar a imprensa em grande parte também por tantas coisas que aconteceram. O que estou lutando para perdoar e o que provavelmente sempre lutarei para perdoar é que uma decisão tomada em 2020 afeta todos os meus dias e está conscientemente colocando a mim e à minha família em perigo. Todos sabiam que estavam nos colocando em risco em 2020 e esperavam que eu, sabendo desse risco, nos obrigasse a voltar. Mas então, quando você percebe que isso não funcionou, você não quer apenas nos manter seguros, seja você o Governo, seja você a Família Real, seja meu pai, minha família, apesar de todas as nossas diferenças, não quer apenas garantir a nossa segurança. E eu, novamente, eu não faria isso, eu não faria. Estou pedindo que o Ministro do Interior e o Governo façam uma revisão que não recebo desde 2019".
SOBRE ARREPENDIMENTOS
"Qualquer que seja o barulho criado, quaisquer que sejam as histórias escritas, este sempre foi o ponto de discórdia [a questão de segurança]. Coloque-se no meu lugar: se você recuar para tentar criar um papel diferente, o mesmo papel oficial, mas uma relação de trabalho diferente com a instituição em que você nasceu, pelo bem da sua esposa, da sua saúde mental e do seu filho, o que veio à tona foi porque eu senti que precisava vir à tona. O outro lado da história precisava ser contado. E eu não me arrependo nem um pouco disso. Mas em 2020, quando essa decisão aconteceu, eu não conseguia acreditar. Eu realmente não conseguia acreditar. Eu pensei que, com todos os desentendimentos e todo o caos que está acontecendo, a única coisa em que eu poderia confiar era na minha família me mantendo seguro. E eles não só decidiram remover minha segurança no Reino Unido, como também sinalizaram a todos os governos do mundo para não nos protegerem."
SOBRE UMA REPARAÇÃO E REAPROXIMAÇÃO COM A FAMÍLIA REAL
"Em primeiro lugar, estou devastado. É a perda que me preocupa, as pessoas por trás da decisão sentindo que isso está tudo bem. É uma vitória para eles? É uma vitória que eu não tenha a proteção, que as ameaças, os riscos e os impactos digam que eu deveria ter? Espero que eles não considerem isso uma vitória. Tenho certeza de que há algumas pessoas por aí, provavelmente as que mais me desejam mal, consideram isso uma grande vitória. Tem havido tantos desentendimentos, diferenças entre mim e alguns membros da minha família. Esta situação atual, que já dura cinco anos em relação à vida e à segurança humanas, é o ponto crucial de tudo. É a única coisa que resta. É claro que alguns membros da minha família nunca me perdoarão por escrever um livro. É claro que nunca me perdoarão por muitas coisas. Mas, eu adoraria me reconciliar com a minha família. Não adianta continuar brigando. Dizem que a vida é preciosa. Não sei quanto tempo meu pai ainda tem. Ele não fala comigo por causa dessa questão da segurança, seria bom se reconciliássemos. Como aprendi através das Primeiras Nações em todo o Canadá, por causa dos Jogos Invictus, o objetivo deles na vida sempre foi a verdade e a reconciliação. E eu me voltei para eles em muitas conversas e disse: "Certo, mas a reconciliação não pode vir sem a verdade". Bem, agora eu descobri a verdade. Compartilhei um pouco dela com vocês hoje. Muita coisa existe por aí, quer as pessoas escolham ignorar ou não. Seria bom ter essa parte da reconciliação. Agora, se eles [a Família Real] não querem isso, é inteiramente problema deles.
SOBRE SE AGORA COM O PROCESSO ENCERRADO, VOLTARÁ A FALAR COM O PAI
"Acho que ele jamais gostaria de falar sobre isso [o processo]. Acho que ele simplesmente deixaria isso de lado e o argumento continuará sendo: 'esta é uma decisão do governo'. Pode muito bem ser uma decisão do governo, mas como eles chegaram a essa decisão?O primeiro lugar a que recorreram foi o Palácio para entender o que o chefe de Família Real, o que a Família Real queria. Quanto a mim, nunca me foi permitido ou oferecido fazer minhas próprias declarações, nem em 2020 nem nos últimos cinco anos".

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