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Opereta "A Viúva Alegre" celebra Carmen Miranda

Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana

Em geral, quando se fala de ópera se pensa em drama, mas há peças que em vez de tragédia, trazem charme, humor e uma boa dose de romance. Pois é exatamente isso que "A Viúva Alegre" faz - e faz muito bem desde 1905. Essa opereta, composta por Franz Lehár, nasceu em Viena, mas rodou o mundo, virou filme, influenciou a moda e até hoje continua sendo montada nos palcos mais importantes. Um sucesso que atravessa o tempo com leveza e sofisticação.

Opereta "A Viúva Alegre"
Opereta "A Viúva Alegre" Imagem: Reprodução

E justamente no ano de seu 120º aniversário, é a obra que abre a temporada de lírica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, do dia 19 de abril até o dia 27, marcando seu retorno aos palcos do teatro depois de mais de uma década desde sua última montagem. Com Coro e Orquestra Sinfônica do TMRJ, a montagem tem concepção e direção cênica de André Heller-Lopes, coreografia de Rodrigo Negri e direção musical e regência do maestro titular da OSTM, Felipe Prazeres, contando no elenco, os cantores Gabriella Pace, Tati Helene, Igor Vieira, Santiago Villalba, Ricardo Gaio, Guilherme Moreira, Carolina Morel, Thayana Roverso, Fernando Portari, Geilson Santos, Guilherme Gonçalves, João Campelo, Frederico de Assis, Ciro D'Araújo, Eliane Lavigne, Fernanda Schleder, Loren Vandal e a participação especial da atriz Alice Borges.

A história por trás da criação de "A Viúva Alegre" também é deliciosa. Tudo começou quando o libreto, baseado numa comédia francesa meio esquecida, foi rejeitado por vários compositores. Mas o compositor Franz Lehár viu ali uma chance de fazer algo especial. E fez. Ele transformou aquele enredo sobre uma viúva rica que precisa se casar com alguém do próprio país para manter a fortuna "em casa" numa trama divertida, elegante e envolvente — cheia de música boa e diálogos espertos.

A estreia, no fim de 1905, foi um sucesso. Viena se apaixonou, e em pouco tempo o mundo também. Berlim, Paris, Londres, Nova York… onde "A Viúva Alegre" ia, conquistava. E não era só pela música, embora as valsas e canções (como a famosa "Vilja-Lied") sejam mesmo inesquecíveis. Era pelo conjunto da obra: figurinos incríveis, cenários lindos, personagens carismáticos e aquela mistura perfeita entre drama e leveza.

No centro da história está Hanna Glawari, uma jovem viúva milionária de um país fictício chamado Pontevedro. O governo está desesperado pra que ela não se case com um estrangeiro — o dinheiro precisa ficar no país. A solução? Reaproximá-la de Danilo, um diplomata boa-vida e ex-paixão da protagonista. A partir daí, o que rola é um jogo de sedução, orgulho e reconciliação, com muitos momentos engraçados e emocionantes.

Mas "A Viúva Alegre" foi além do palco. Ela virou filme várias vezes — uma das versões mais famosas foi a de 1934, estrelada por Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier — e suas músicas começaram a tocar em festas, bailes e até em casamentos. O estilo da personagem principal influenciou até a moda: vestidos e penteados inspirados na "viúva alegre" viraram tendência.

Desde então, a opereta já ganhou versões com grandes nomes da música clássica e montagens luxuosas pelo mundo. No Brasil, também fez bonito, com produções nos principais teatros e sempre com ótima recepção do público. Não importa o idioma ou o país: quando os primeiros acordes começam, a plateia logo se entrega.

O mais interessante é que, mesmo sendo uma obra criada há mais de um século, ela ainda fala com a gente. Não é só sobre política e dinheiro — é sobre amor, escolhas e aquele eterno embate entre o que queremos e o que precisamos fazer. E tudo isso embalado em melodias deliciosas.

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A montagem carioca toma uma liberdade criativa e insere um toque brasileiro: nos figurinos, haverá uma homenagem à Carmen Miranda. Isso mesmo, dada que a história se passa em um país fictício, Heller-Lopes se perguntou por que não trazer a história - literalmente - para o Rio de Janeiro, a aproximando ainda mais do público. E consegue!

No fim das contas, "A Viúva Alegre" é daquelas histórias que nos lembram que a ópera também pode sorrir — e nos fazer sorrir junto. Uma verdadeira joia da música que, com charme e inteligência, segue viva, leve e dançante. Quem estiver pela capital carioca, as récitas acontecem a partir de hoje, dia 17, mas também tem nos dias 19, 22,25 e 26, às 19h, 24 (Projeto Escola), às 19h e dia 27, às 17h. Vale conferir!

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Imagem: Divulgação

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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