O que a entrevista de Jason Knauf revela sobre William e Harry
Ler resumo da notícia
Por: Ana Claudia Paixão - via MiscelanaPor: Ana Claudia Paixão - via Miscelana
O ex-assessor do príncipe de Gales quebrou o silêncio em entrevista à TV australiana, reforçando o afastamento entre os irmãos e sinalizando uma possível trégua. Mas o que isso significa para o futuro da monarquia?

Acompanhando todas as notícias sobre os receios de saúde do Rei Charles III, dos conflitos nos bastidores das equipes dele com a de seu filho, Príncipe William, que está se preparando para assumir a Coroa muito antes do esperado, tento manter a positividade e esperar o melhor. Nesse cenário seria considerar que a saúde do atual monarca britânico está melhorando e que ele terá pelo menos uma década no Trono, talvez duas se seguir a longevidade de sua mãe, Rainha Elizabeth II. Porém, uma entrevista do principal ex-assessor de William ao programa 60 Minutes na Austrália me fez repensar e reconsiderar os tabloides britânicos. A matéria - uma longa entrevista enaltecendo o futuro Rei - deixou bem claro que a sucessão já está em andamento e há muito o que entender dos recados velados, inclusive, claro, para Meghan Markle e Príncipe Harry.
Estranhamente, a entrevista que foi exibida há alguns dias, não suscitou resposta imediata de Montecito o que estabelece um novo período nessa guerra de 6 anos entre os dois irmãos. Desde que deixaram o Reino Unido, há 5 anos, Meghan e Harry ficaram determinados a contar a versão deles dos fatos e refutar qualquer crítica que venha direta ou indiretamente dos Windsors. A lendária entrevista para Oprah Winfrey foi ao ar no dia 7 de março de 2021 e quatro anos depois, será quase no mesmo dia que Meghan finalmente volta ao vídeo, com a estreia de seu programa: Com Amor, Meghan. Nele, ela insiste, é sobre felicidade e conexão com amigos. Os críticos e céticos estão prontos para destruí-la, mas vamos falar dessa entrevista de Jason Knauf para TV Australiana e entender como Harry e William, veladamente, estão se comunicando e traçando, quem sabe, uma trégua.

Primeiro, vamos relembrar quem é Jason Knauf, uma pessoa que Meghan odeia tanto que é a única imagem no documentário Meghan e Harry que ela deixou entrar que é dela irritada com o ex-assessor, perdendo a paciência e deixando um Harry angustiado apenas respondendo "não sei o que fazer". Não estarei longe da verdade ao considerar que Meghan e Harry hoje odeiam Jason. E William e Catherine? Amam.
Voltemos no tempo para entender: Jason Knauf trabalhou diretamente com William, Kate Middleton, Harry e Meghan como secretário de comunicação dos quatro, começando em 2015, e depois seguindo com William e Kate apenas até 2019. Ou seja, ele não apenas é testemunha de todo drama, mas personagem vital de toda discordância entre irmãos e cunhadas. Ele é ainda um dos principais conselheiros do futuro rei e o único a oficialmente acusar Meghan de assédio moral. Como Meghan diz no documentário da Netflix, ele é a voz de William, enquanto oficialmente o príncipe não se manifesta quanto a nada que seja dito sobre ele ou a esposa.
Até 2021, Jason foi o CEO da Royal Foundation, a principal instituição de caridade comandada pelos príncipes de Gales. Para ele dar uma entrevista falando dos dois, é apenas com a autorização pessoal de William e Kate, por isso cada palavra que ele disse (todas elogiosas), foram acertadas entre eles. Não dá para esquecer que, além de abrir o processo interno contra Meghan sobre assédio moral, Jason testemunhou contra ela na batalha judicial da duquesa de Sussex contra o tabloide britânico The Mail on Sunday. Em seu testemunho, ele forneceu evidências que contradiziam declarações de Meghan sobre uma carta privada enviada ao seu pai, Thomas Markle, mostrando que ela estava ciente de que o documento poderia vazar para a imprensa. Isso minou parte da defesa de Meghan e contribuiu para a narrativa de que ela não teria sido completamente transparente no caso. E não ajuda que depois disso tudo, ele tenha sido condecorado por William por seus serviços, reforçando sua posição como um aliado leal da instituição.
Diante dessas informações, há duas correntes sobre o ex-assessor. Os pró-Wiliam e Kate ele representa a dedicação à monarquia e o compromisso com a transparência institucional. Para Sussex Squad, os defensores de Meghan e Harry, Jason Knauf foi uma peça essencial no afastamento definitivo dos Sussex da realeza, tornando-se um símbolo das forças que trabalham contra o casal dentro do sistema. E ele respondeu a isso sem meias palavras: "Desejo a eles [Meghan e Harry] absolutamente tudo de melhor com sua adorável família", mas quando pressionado resume: "Não mudaria nada".
Há várias leituras de tudo que Jason Knauf revelou aos 60 Minutes, uma matéria costurada em detalhes para enaltecer William e apenas mencionando Harry rapidamente. É uma declaração velada de que a transição está em andamento sim e essa entrevista diz como ele quer marcar sua imagem como Rei. Ele não tem pressa porque ascender ao trono significa a morte de seu pai, mas já está se preparando.
William deixa claro que seu reinado será mais alinhado aos princípios que aprendeu com sua mãe, Princesa Diana, priorizando sua família e apostando na empatia e proximidade com os súditos. Mas sobre o drama com o irmão? Jason Knauf ressalta que o príncipe não comenta com ninguém seus verdadeiros sentimentos, mas as palavras dele - lembrando que foram pré-aprovadas - são reveladoras. Ele diz que todos, incluindo a realeza, tem "altos e baixos na família" e explica que "mesmo quando você realmente ama alguém, você sabe que pode haver momentos em que não quer passar tanto tempo com essa pessoa", disse ele, confirmando de alguma forma a informação de que os irmãos não se falam há pelo menos dois anos. "É muito difícil que essas coisas sejam reveladas publicamente, mas ele [William] escolheu manter seus pensamentos sobre isso em segredo, e acho que todos nós que o conhecemos realmente temos que respeitar que devemos fazer o mesmo. Mas eu direi, é claro, tem sido difícil e triste, especialmente para todos nós que conhecemos os dois," encerrou. O que fica claro é que não há nenhuma referência a nada ser "imperdoável", apenas que precisam de mais tempo afastados.
Mas e a coroação? As notícias dos tabloides sugerem que William quer barrar Harry, mas Jason Knauf foi cuidadoso, mas, de novo, parece mandar um recado para Harry: "Não posso especular sobre o futuro. Eles conquistaram muitas coisas juntos e nada disso pode ser apagado. Esta pode ser uma família extraordinária sobre a qual todos podem falar, escrever, ver, ser entrevistados e todo esse tipo de coisa. Mas no final do dia, é uma família." Para mim, soou como um aceno de trégua. Será que veremos mesmo uma fase mais calma entre eles?
Ou seja, a entrevista de Jason Knauf não foi apenas uma exaltação ao futuro rei, mas também um termômetro da dinâmica dentro da monarquia britânica. Se, por um lado, William se fortalece como o sucessor inevitável de Charles III, por outro, a ausência de ataques diretos a Harry sugere um novo momento na relação entre os irmãos - talvez não de reconciliação, mas de um silêncio estratégico. Com Meghan prestes a voltar aos holofotes, resta saber se essa trégua velada se sustentará ou se novos capítulos dessa saga real estão por vir.

Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.