Desde que a Netflix lançou "Making a Murderer" no fim de 2015, é crescente o número de produções documentais que se dedicam a esmiuçar crimes (solucionados ou não).
Marlene Bergamo - 5.set.17/Folhapress
São assassinatos, sequestros, desaparecimentos e até formação de seitas que foram amplamente explorados pela imprensa na época em que os fatos se sucederam.
Por mais que haja um apetite do streaming por esse tipo de história, haverá uma hora no qual o true crime se esgotará no Brasil. As razões para isso são variadas.
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Em primeiro lugar, há de se admitir que não temos tantos crimes célebres por aqui.
Além disso, retratar em uma série ou longa boa parte desses eventos violentos atenderia muito mais a uma demanda sádica do público.
É o caso de "Pacto Brutal" (Max), que permitiu aprofundar a discussão a respeito da violência contra a mulher, ou "Caso Evandro" (Globoplay).
Outro fator que deve ser levado em consideração é que, mesmo que o crime em questão apresente certa relevância, há um tipo de dificuldade muito específica: licenciamento de material de arquivo.
Nem todas as emissoras possuem acervo e cada canal cobra o que deseja pelo uso das imagens que produziram, além de se reservarem ao direito de não licenciar um trecho de um programa, por exemplo.
Nesse contexto, o recém-lançado "Doleira: A História de Nelma Kodama" (Netflix) aponta um caminho interessante para que a produção de true crime no Brasil não se restrinja apenas a crimes sanguinolentos.
Escrito por Camila Kamimura e dirigido por João Wainer, o filme retrata a trajetória da personagem título, a dentista que se transformou na primeira mulher presa pela Lava Jato.
Nelma foi acusada de movimentar milhões de dólares ilegalmente, a produção entrega uma trama com reviravoltas dignas de novela.
A personagem é tão excêntrica que poderia estrelar o saudoso "Mulheres Ricas", exibido pela Band entre 2012 e 2013 e protagonizado por Val Marchiori e Narcisa Tamborindeguy.
Marlene Bergamo - 5.set.17/Folhapress
"Doleira: A História de Nelma Kodama" tem potencial de abrir um novo filão a ser explorado pelas plataformas de streaming: crimes não violentos, mas de grande repercussão e impacto.
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