Os aclamados irmãos Joel e Ethan Coen idealizam uma antologia faroeste em seis segmentos focada na fronteira americana em "A Balada de Duster Scruggs", disponível na Netflix.
Acompanhando pistoleiros, colonizadores, mineiros, homens condenados à forca e caçadores de recompensa, estes seis contos curtos vão da mais profunda reflexão até o mais completo absurdo.
"The Meal Ticket", por exemplo, acaba brilhando por um elemento inusitado: a atuação de Harry Melling, conhecido até hoje, basicamente, como o primo maléfico do Harry Potter, Duda Dursley.
As outras tramas também se destacam. Na terceira história, o personagem de Liam Neeson é um viajante que leva uma peça itinerante estrelada por um homem só, sem braços e sem pernas.
Nela, os irmãos Coen entregam sua resolução mais brutal, mas não por isso, menos vagarosa.
Já a quarta história surpreende pela fotografia. As belas imagens de uma natureza intacta e o árduo trabalho de um homem velho para encontrar ouro nos comovem.
Num dado momento da trama, a serenidade é abalada pela ganância. Ocorre então uma morte não natural.
Aqui, os irmãos Coen contrastam a harmonia da natureza com a inclinação do homem em ser o lobo do próprio homem. A vida não vale mais que ouro e isso retrata a vileza humana.
Como um todo, a antologia brinca com conceitos filosóficos até mesmo quando satiriza os antigos faroestes. Afinal, nós morreremos.
Trata-se da nossa inquietude. Trata-se do dilema da finitude. A balada da vida é a balada da morte, pois, como se diz: para morrer basta estar vivo.
"A Balada de Buster Scruggs", de Ethan Coen e Joel Coen, está disponível na Netflix.