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Sexoterapia #82: Nem hétero, nem homo: entenda a fluidez sexual

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01/09/2022 19h00

GLS, LGBT, LGBTQI, LGBTQIA+, LGBTQIAP+... A sigla que se refere às diferentes identidades de gênero e sexuais está em constante evolução, mas nem ela tem dado conta de explicar todos os espectros da sexualidade humana. Caso da fluidez, termo que ganhou destaque nas últimas semanas, quando a atriz Alanis Guillen, que interpreta a Juma Marruá na novela Pantanal, disse que não é hétero, bissexual nem lésbica, mas que tem sexualidade fluida.

Para discutir as nuances da orientação sexual, tema do sétimo episódio da 10ª temporada do podcasts Sexoterapia, a sexóloga Ana Canosa e a editora de Universa Bárbara dos Anjos Lima recebem a atriz, apresentadora e criadora de conteúdo Dora Figueiredo, que vem passando pelo processo de desconstrução de sua sexualidade.

O que é sexualidade fluida? E por que isso gera tanta dúvida nas pessoas? "Como o próprio nome diz, a sexualidade fluida contempla a maior abertura para vivências que vão transitar, por isso fluido: entre diferentes orientações sexuais", diz Ana Canosa.

"Fluidez sexual pode falar de orientação e também de identidade", diz sexóloga

A sexóloga explica que quando nos referimos à orientação sexual, estamos falando tanto do direcionamento do desejo sexual - se a pessoa tem desejo por outras do mesmo sexo (homossexual), do sexo oposto (heterossexual), por ambos (bissexual) etc. - quanto da identidade de gênero, no sentido de ora se sentir mais feminino, ora mais masculino.

"Entre identidades ditas femininas e masculinas há uma variação grande, assim como entre a hétero e a homossexualidade. Também é possível fluir durante a vida. Há períodos em que uma pessoa pode se considerar hétero, períodos em que se relaciona com os dois gêneros e momentos em que se prefere ficar apenas com homem, por exemplo. Tudo vai depender muito do desejo, das condições da vida da pessoa".

"Sempre senti atração por pessoas", diz Dora Figueiredo

"Eu me identifiquei muito com a ideia da fluidez, porque realmente é muito difícil de me colocar numa caixinha. Sempre senti atração por pessoas, desde que me considero gente. Mas, eu achava que só podia ser hétero ou homossexual. Fui ensinada que tinha que escolher uma", diz Dora.

Ela conta que depois de muito tempo em dúvida se era heterossexual ou lésbica, alternando entre se relacionar com homens e mulheres, ela se entendeu como bissexual, rótulo que já vem colocando em xeque. "Eu acho que sou uma pessoa que gosta de pessoas, do momento, da energia. Eu transo porque tenho vontade e estou muito bem com isso".

"Acompanhar parcerias em transição de gênero é um convite amoroso"

Por fim, Ana Canosa esclarece que as pessoas atualmente estão mais curiosas sobre vivências não-binárias, o que não significa que terão fluidez sexual por toda a vida. "Posso ser hétero e transar por diversão com homens ou posso ser homo e transar por diversão com mulheres. Isso pode não se enquadrar na bissexualidade por se trata apenas de sexo e não de relacionamento afetivo", afirma.

A sexóloga também comentou o caso da ouvinte que está vendo o marido passar por uma possível transição de gênero. "Acompanhar parcerias em transição de gênero é um convite amoroso, que precisará acomodar mudanças em uma importante dimensão da pessoa humana do outro. Mas como bel hooks dizia, não há amor sem dor e sim, há um um processo de enlutamento", lembra.

Muito embora estejamos desconstruindo essas normatividades, também precisamos acolher a dificuldade de quem está do outro lado. Não é simples assim. O desejo e as identidades não devem ser encarceradas, mas isso serve para todes: para os fluídos e também para os não-fluidos.


Confira as dicas culturais deste episódio

Show Ney Matogrosso - O cantor símbolo da fluidez sexual e da desconstrução da masculinidade está em turnê pelo Brasil com o show Bloco na Rua.

"De gravata e unha vermelha" (Apple TV) - documentário da psicanalista Miriam Schenaiderman que entrevista personalidades transexuais, transgêneros, adeptos do crossdressing e entusiastas, colocando em perspectiva a discussão do modelo de identificação binária homem ou mulher e questiona os estereótipos construídos.

"Pride além do G" - série de vídeos disponíveis do canal da criadora de conteúdo Dora Figueiredo no qual influenciadores de diferentes identidades de gênero discutem sobre sexualidade

Instagram Caio e Beta Revela - rotina de um casal transexual

Sexoterapia é o espaço criado por UOL/Universa para falar de sexo e relacionamento. Você pode conferir o programa em plataformas de áudio como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music. No Youtube de Universa, o programa também está disponível em vídeo.