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Preto à Porter

Um resgaste da realeza negra


Com Gilberto Gil e Carlinhos Brown, 'Preto à Porter' debate ancestralidade

Lucas Velloso

Colaboração para o UOL

21/09/2021 11h00

Qual a maior herança africana que há em você? O quinto e último episódio de 'Preto à Porter' convida celebridades para discutir ancestralidade, um assunto complexo por não fazer menção apenas a aprendizados e afetos passados de geração em geração, mas também por tratar de quais legados familiares são transmitidos com menos amarras.

Os cantores Gilberto Gil, Nana e Preta Gil, Carlinhos Brown, Mart'nália, Luciana Mello e Jairzinho estão entre os convidados do novo episódio do programa dirigido por Rodrigo Pitta, em parceria com a MOV, a produtora de vídeos do UOL, e o coletivo de entretenimento internacional TEAM O!.

"Ancestralidade é o passado que nos pertence", define o cantor Carlinhos Brown, que participa do episódio junto ao filho, o cantor Chico Brown, que também é neto do músico Chico Buarque.

Aos 79 anos, o cantor Gilberto Gil embarca no tema e fala sobre a multiplicidade do encontro do passado com o presente. "A ancestralidade africana está nos nomes, nas formas, na devoção, na atribuição das qualidades divinas", diz.

Para ele, a família é o desdobramento mais imediato da ancestralidade na vida, que se perpetua nos casamentos e filhos. Não à toa, Preto à Porter também contou com a participação das cantoras Nara Gil e Preta Gil, filhas do cantor; e do trio Gilsons: Francisco Gil, João Gil e José Gil, respectivamente netos e filho de Gilberto Gil.

Herdeiros da música, os irmãos Luciana Mello e Jairzinho, filhos do cantor Jair Rodrigues (1939-2014), falam das influências do pai em suas criações e vida. Para Luciana, além da cor, o samba, os tambores e a questão religiosa são as maiores heranças africanas que percebe em si. "Corre na veia", define. Do pai, ela diz carregar o sorriso e a altura.

Jairzinho, por sua vez, comenta que ao sorrir consegue mostrar o legado do pai em seu corpo. "A maior herança africana é minha própria existência. Meu trabalho tem muito da cultura, por influência direta ou indireta", completa.

Outra presença ilustre é de Mart'nália, filha do cantor Martinho da Vila. O batuque, a música e a união da família são as maiores heranças africanas para ela. Com o pai, ela diz que cantar rindo e o prazer nas coisas são as principais características em comum.

No estúdio, os apresentadores - o ator Hélio de La Peña, a empreendedora Neyzona (Loo Nascimento), o fotógrafo Roger Cipó e a historiadora Caroline Sodré - também comentam sobre a família Jackson, formada por cantores de uma família negra dos Estados Unidos, entre eles, Michael Jackson.

A jornalista Glória Maria marca presença do último episódio da primeira temporada de Preto à Porter explicando de forma didática o significado de Sankofa, conceito africano que combina bem com este último episódio.

Segundo a filosofia do povo Akan, grupo étnico do Gana e Costa do Marfim, Sankofa é um pássaro que tem duas cabeças e significa que "nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás", ou seja, algo que retorna ao passado para recuperar parte da história perdida.

Onde assistir "Preto à Porter"
A primeira temporada da série possui cinco episódios no Canal UOL. Ao longo dos capítulos, o público pode acompanhar histórias, entrevistas e conteúdos relacionados à existência negra, como religião, colorismo, pretos em posições de poder e ancestralidade