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Calafrio nas alturas: testamos a Skyglass, ponte de vidro a 360 m do chão

Mais Nossa Viagem
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Luciano Nagel

Colaboração para Nossa, de Canela (RS)

10/01/2021 04h00

A cidade de Canela, na Serra gaúcha, tem hoje a maior plataforma estaiada de vidro e aço do mundo: a Skyglass. Com 35 metros, ela fica à frente até mesmo do famoso Grand Canyon Skywalk, no Arizona, Estados Unidos, que tem "apenas" 21 metros de comprimento em vão livre.

A reportagem do Nossa foi até o mirante, situado no Parque Vale da Ferradura, para sentir na pele como é caminhar sobre a superfície de vidro que avança sobre um penhasco de 360 metros em meio às montanhas que escoltam o rio Caí.

Única no mundo, a Skyglass oferece ao turista duas formas de contemplar a bela paisagem, literalmente a seus pés. A primeira é caminhar sobre as quatro lâminas de vidro de 10 milímetros que compõem a passarela.

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Quatro lâminas de vidro compõem a passarela sobre o precipício
Imagem: Divulgação

A outra opção é mais emocionante e destinada a quem tem sangue frio — e que, não por acaso, recebe o nome de Abusado. Trata-se de um conjunto de cadeiras suspensas em um monotrilho anexado à plataforma, para uma volta de cerca de 3 minutos em torno do mirante. Abaixo dos pés: nada. Apenas o vento que rebate nas montanhas do canyon.

Nas alturas

Decidi enfrentar de cara o "bicho" mais bravo: essa máquina que leva o turista precipício adentro.

Você senta na cadeira, coloca o cinto de segurança e, já antecipando o frio na barriga, espera o funcionário dar o start. Lentamente, os assentos deslocam-se rumo à imensidão do Vale da Ferradura — que leva esse nome pelo traçado do rio Caí, que singra em meio às montanhas cobertas por mata nativa.

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Com os pés ao vento: o circuito completo no Abusado demora cerca de 3 minutos
Imagem: Divulgação

Escolhi a primeira cadeira da fila para ter todo aquele visual somente para mim. Confesso que não tive medo, pois gosto de estar nas alturas e não tenho vertigens ou fobias.

A sensação de estar suspenso sobre um penhasco de 360 metros me fez sentir livre e pequeno ao mesmo tempo, diante da imensidão e beleza da reserva florestal vista por outro ângulo.

O panorama privilegiado da cascata do Arroio Caçador, logo à direita do mirante, faz esquecer por alguns minutos que estamos diante a uma pandemia.

skyglass - luciano nagel - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Nosso repórter na primeira cadeira: "Confesso que não tive medo"
Imagem: Arquivo pessoal

Caminhando nas nuvens

Finalizada a volta e satisfeito com o passeio de contemplação, agora é a vez de conhecer o mirante.

A Skyglass tem 68 metros de comprimento, 35 deles de vão livre sobre o despenhadeiro. A construção tem capacidade para até 130 pessoas. No entanto, devido à covid-19 e os protocolos sanitários, a quantidade máxima permitida é de 25 visitantes por vez.

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No total, a passarela tem 68 metros, sendo 35 deles de vão livre
Imagem: Divulgação

Para quem tem medo de altura, o frio na barriga com certeza é irremediável, mas garanto que a experiência é única.

O mais empolgante da Skyglass é conseguir observar pelo piso de vidro, sem barreiras visuais, a profundeza do canyon, a imponência das araucárias, os rochedos imensos. A mãe natureza em toda sua grandeza — e nas pequenas descobertas que ela proporciona, como as famílias de quatis perambulando pelo parque e os macacos-prego pulando de galho em galho.

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Vista panorâmica para os canyons do Vale da Ferradura
Imagem: Luciano Nagel/UOL

Vale ressaltar que o mirante balança um pouco em certos momentos pela suspensão das cordas de aço. Não se preocupe: tudo é calculado para garantir a segurança.

Nada de selfies

Sim, é isso mesmo que você leu. Equipamentos eletrônicos são proibidos no acesso à Skyglass. Nada de smartphones, câmeras fotográficas ou outros aparelhos para garantir o registro no espaço da superfície de vidro e durante o passeio nas cadeiras suspensas.

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Sem fotos: momento para conectar-se com a natureza
Imagem: Luciano Nagel/UOL

O veto tem razão ecológica. Se um celular ou câmera de vídeo cair do penhasco e se quebrar, os elementos utilizados em sua fabricação — como ímãs, baterias, luzes de LED e placas de circuito interno —, bem como metais pesados usados na composição (arsênio, bário, cádmio e chumbo), podem trazer impactos ao meio ambiente.

Sem selfies para se preocupar, é um momento perfeito para se desconectar, aproveitar cada momento de experiência, admirar a imensidão do canyon e guardar tudo isso em nosso melhor HD: a memória.

Quanto vale o show?

Acesso ao Parque: R$ 40
Parque + Plataforma: R$ 90
Parque + Abusado: R$ 120
Parque + Plataforma + Abusado: R$ 170

O parque funciona diariamente da 9 às 18 horas.