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Passeie e se divirta na Cidade do México gastando apenas R$ 60 por dia

Marcel Vincenti

Do UOL, na Cidade do México*

19/03/2012 07h00

É possível gastar apenas R$ 60 por dia em uma viagem de turismo a uma das maiores metrópoles do mundo? Se você pensar em São Paulo, com seu custo de vida cada vez mais alto, sem chance. Mas se for a Cidade do México o destino em questão, a conta pode perfeitamente fechar.

A capital do país dos mariachis tem transporte público amplo, museus gratuitos aos domingos, músicos de rua aos montes e comida farta e barata. A diversão, na cidade, não exige ingresso, e quando exige, o custo vem em pesos mexicanos (1 real = 7 pesos).

Para melhorar o cenário, brasileiros precisam apenas de uma autorização eletrônica, emitida fácil e gratuitamente pela internet, para viajar ao México. E, atualmente, há várias companhias aéreas fazendo voos diretos entre os aeroportos de Guarulhos e Benito Juárez.

A capital mexicana é uma das metrópoles mais vibrantes das Américas e, no quesito opções de entretenimento disponíveis, se equipara a cidades como Los Angeles, São Paulo, Rio de Janeiro ou Buenos Aires.

Para ajudar o viajante a curtir a cidade gastando pouco, o UOL Viagem preparou um roteiro de fim de semana que passa pelos principais bairros da capital. Note que, para os atingir os R$ 60 diários, o turista terá necessariamente que ficar em algum hostel (ou albergue) local. Mas isto está longe de ser um problema: na cidade do México, este tipo de estabelecimento tem geralmente ótima localização e oferece muito conforto.

SEXTA-FEIRA:

15h: Muitos dos voos que saem do Brasil chegam à Cidade do México no período da tarde. Ao desembarcar, tome o metrô (a estação fica ao lado da saída do aeroporto) rumo à região central da cidade, onde estão as melhores opções de hospedagem econômica. A passagem do trem custa inacreditáveis 3 pesos (R$ 0,40). Tente reservar seu hostel antecipadamente pelo site Hostelworld.com e escolha algum estabelecimento que fique perto da Praça da Constituição (também conhecida como Zócalo). Uma cama em um quarto coletivo vai custar cerca de 190 pesos (R$ 27).

16h: Após fazer o check-in no hostel, saia para uma caminhada pela região do Zócalo, a área mais histórica e interessante de toda a cidade, que congrega construções dos séculos 16, 17, 18, 19 e 20. A praça ocupa uma área de 47 mil m² e, no seu lado leste, está o Palácio Nacional (entrada gratuita), que, além de abrigar o gabinete da Presidência da República, exibe alguns dos mais belos murais do artista Diego Rivera, pintados a partir de 1929. As pinturas retratam importantes fatos da história mexicana, como a colonização espanhola, o domínio sobre a civilização asteca e as inúmeras revoluções que sacudiram o país até o começo do século 20.

A imponente Catedral Metropolitana domina a paisagem do Zócalo e é um atrativo natural para os saem do Palácio Nacional. Antes de visitá-la, porém, vá até a Secretaria de Educação Pública (entrada gratuita), que fica três quadras ao norte da Praça da Constituição.

As paredes do edifício, protegidas por lindas arcadas, exibem mais de 100 afrescos pintados por Diego Rivera nos anos 1920. Os temas das obras, mais uma vez, envolvem a história e a cultura do México e são chance imperdível para o forasteiro conhecer o talento do grande artista mexicano.

Ao lado da Secretaria de Educação está a Praça de Santo Domingo, que reúne uma linda praça e a igreja de Santo Domingo, construída na primeira metade do século 18. Após conhecê-la, ande três quadras até o Templo de Nossa Senhora de Loreto (entrada gratuita), uma das visões mais curiosas da cidade. A capital mexicana foi construída sobre uma área de assoreamento e, devido à instabilidade do solo, muitos de seus edifícios têm afundado no decorrer dos séculos. E a igreja de Loreto não foge à regra: sua estrutura está visivelmente torta e andar por seu interior é sentir-se dentro da Casa Maluca. Os fiéis, porém, continuam frequentando o local, apesar do aspecto assustador de sua estrutura.

  • Marcel Vincenti/UOL

    Vestidos como os antigos astecas, cheios de peles e plumas sobre o corpo, os "Concheros" se reúnem no Zócalo ao final do dia

Ao retornar ao Zócalo, você terá grandes chances de se deparar com uma apresentação dos “Concheros”, homens que, vestidos como os antigos astecas, cheios de peles e plumas sobre o corpo, se reúnem na praça ao final do dia para dançar e purificar devotos com incenso (espetáculo gratuito), em um grande tributo ao passado indígena no México.

Ironicamente, a performance é realizada ao lado da Catedral Metropolitana do México (entrada grátis). Erguida a partir de 1573 sobre construções astecas destruídas pelos espanhóis, a igreja é o principal templo religioso do México. Preste atenção nas diversas obras barrocas que decoram as capelas no interior da igreja.

19h30: Ao sair da Catedral, entre no calçadão da rua Francisco Madero, área lotada de pedestres, lojas, restaurantes e edifícios históricos. Aqui, a melhor pedida para um jantar econômico é, sem dúvida, o Salón Corona, restaurante que leva o nome da mais famosa cerveja mexicana. Uma refeição de tacos de carne acompanhados de cerveja ou refrigerante custa cerca de 130 pesos (R$ 18,50).

21h30: É sexta-feira, então o resto da noite pode ser dedicado a uma grande festa com mariachis na Praça Garibaldi (entrada gratuita, até a madrugada), que fica a seis quadras ao norte do Zócalo. Empunhando violinos, violões e trompetes, os músicos se reúnem no local todos os dias para tocar em troca de algumas dezenas de pesos. Para ouvi-los, porém, você não precisa pagar. É só se aproximar de alguma roda que emane música e curtir o som. Vai ser uma experiência inesquecível. Para voltar, tome um táxi (verifique que o veículo tenha taxímetro e a identificação do motorista na janela). A corrida irá custar cerca de 50 pesos (R$ 7).

SÁBADO:

  • Marcel Vincenti/UOL

    No começo do século 20, o artista mexicano Diego Rivera pintou algumas das paredes do Palácio Nacional e transformou o edifício em destino turístico da Cidade do México

9h: Depois do café da manhã, (gratuito na maioria dos hostels), caminhe, para uma sessão de fotos, até a frente do Palácio de Belas Artes, edifício de mármore, de estilo neoclássico, construído pelo ditador Porfírio Diaz a partir de 1905 e que até hoje abriga os principais espetáculos artísticos da cidade. À esquerda do prédio se estende a Alameda Central, um dos mais antigos parques da capital. Ao final desta agradável área verde, você irá encontrar o Museu Mural Diego Rivera, mais um espaço dedicado ao onipresente artista mexicano. Dentro do museu (19 pesos ou R$ 2,70), é possível admirar uma das mais famosas pinturas de Rivera, intitulada “Sonho De Uma Tarda Dominical na Alameda”, que junta, em uma tela de 15 metros de comprimento, importantes personagens da história mexicana, como Hernan Cortés, Frida Kahlo e o general Victoriano Huerta.

11h: A caminhada, a partir daí, passará por um dos trechos mais agradáveis da cidade: seguindo pelo Paseo de la Reforma (a mais famosa avenida mexicana), o visitante poderá conhecer o Monumento Nacional da Revolução (onde está o túmulo de Francisco “Pancho” Villa) e o Monumento da Independência – coluna de 45 metros que sustenta um anjo dourado em seu topo. No horizonte, está a Torre Mayor , com 225 metros de altura e hoje um dos edifícios mais altos da América Latina. As calçadas da avenida, cobertas de árvores, são cenário perfeito para uma longa caminhada.

12h30: Para o almoço, uma ótima escolha é o Varsóvia Zona Rosa, restaurante que serve um excelente menú executivo por 50 pesos (R$ 7) e que fica em uma travessa do Paseo de la Reforma (Rua Varsóvia, 14). Enchiladas banhadas com molho verde levemente ardido são uma ótima pedida.

13h30: A digestão poderá ser feita com uma longa caminhada no Bosque de Chapultepec (entrada gratuita), que, com 4 km², é a maior área verde da Cidade do México - e está localizado na própria avenida Paseo de la Reforma. O Castelo de Chapultepec (cuja construção começou em 1785), o Monumento aos Meninos Heróis (dedicado a crianças que participaram da resistência à invasão estadunidense em 1847) e um enorme zoológico (entrada gratuita) fazem das parte das atrações desta área da cidade. O Bosque também abriga uma grande variedade de museus: deles, não deixe de visitar o Museu de Arte Moderna (25 pesos ou R$ 3,50), que congrega obras dos principais artistas mexicanos do século 20 em diante, como Frida Kahlo e David Alfaro Siqueiros.

  • Marcel Vincenti/UOL

    A Catedral Metropolitana (entrada gratuita), na Cidade do México, foi erguida a partir de 1573 sobre construções astecas destruídas pelos espanhóis e hoje é o principal templo religioso do país

16h30: Para continuar admirando arte, caminhe algumas quadras até o bairros vizinhos de Condesa e Roma. As duas áreas são redutos da chamada “intelectomoda” e abrigam uma enorme variedade de livrarias, cafés e lojas descoladas de roupas. Em Condesa estão os parques México e Espanha, localizado um do lado do outro, e nos quais é possíveis ver homens adestrando cachorros de todas as raças.

É em Roma, porém, que se encontram os grandes atrativos da região. Aos sábados é realizada na rua Calle de Oro a feira “Tianguis de Oro”, onde é possível encontrar comida e belos artesanatos. Números musicais gratuitos também são realizados no meio da multidão. Ao lado desse mercado de rua, está a Praça Villa de Madrid, que exibe uma réplica da Fonte de Cibeles, um dos símbolos da capital espanhola. Ao redor da praça há vários cafés que oferecerão descanso para o caminhante. Um cappuccino com churros custa cerca de 40 pesos (R$ 6).

18h30: Para voltar ao hostel no centro, ande três quadras até a estação Insurgentes. Passagem: 3 pesos (R$ 0,40).

20h30: Se o orçamento estiver realmente apertado, e você quiser ultrapassar os R$ 60, prove as receitas deliciosas das taquerías espalhadas pela rua 5 de Febrero. Elas são como nossas barraquinhas de hot dog: simples, mas com comida honesta. Cada taco custa cerca de 6 pesos (R$ 0,85). Para acompanhar, uma garrafa de suco Valle (10 pesos ou R$ 1,70). Uma caminhada pelo Zócalo iluminado e pelo movimentado calçadão Francisco Madero pode ser o programa do resto da noite.

Entretanto, caso a tentação de aproveitar o sábado à noite seja grande, troque as taquerías pelo fabuloso restaurante La Ópera, aberto em 1870 e que fica a poucas quadras do Zócalo. Um prato de quesadillas custa, no estabelecimento, cerca de 120 pesos (R$ 20). Para baladas, volte aos bairros Condesa e Roma, onde estão as melhores discotecas da cidade. Mas tenha em mente que bebidas, nestes locais, são caras (um long neck de Corona chega a custar 70 pesos, ou R$ 11).

DOMINGO:

  • Marcel Vincenti/UOL

    Localizado no bairro de Coyoacán, o Museu Frida Kahlo está instalado na casa onde viveram a pintora Frida Kahlo e seu companheiro, Diego Rivera

9h30: Tome seu café da manhã e não perca tempo: tome o metrô até a estação Viveros (R$ 0,40) para explorar um dos bairros mais belos da cidade: Coyoacán. É lá que estão dois dos museus mais interessantes da capital: o Museu Frida Kahlo (65 pesos ou R$ 9,20) e o Museu León Trotsky (40 pesos ou R$ 5,70). O primeiro está instalado na casa onde viveram, na primeira metade do século 20, a pintora Frida Kahlo e seu companheiro, Diego Rivera. Objetos pessoais, fotografias e pinturas de ambos os artistas estão espalhados por todos os cômodos do edifício. O segundo funciona na casa em que León Trotksy, um dos líderes da Revolução Russa da 1917, viveu e foi assassinado, em 1940. Na visita, é possível conhecer cada cômodo e objeto da casa, todos mantidos inalterados desde o dia em que Trotsky foi morto.

12h00: Após conhecer os dois museus, ande algumas quadras até o Mercado de Coyoacán. Barracas de frutas, roupas e temperos dominam o interior lugar, que também abriga restaurantes que servem comida farta. Por 50 pesos (R$ 7) é possível comer uma combinação de sopa, enchiladas verdes com frango, nachos, suco e sobremesa. É uma refeição que vai dar sustento para o resto do dia.

13h30: É domingo que o bairro de Coyocán com certeza vai estar cheio de gente querendo passear e se divertir. Para aproveitar esse movimento ao máximo, caminhe três quadras até a Praça Hidalgo, onde você com certeza verá shows de música, mercados de artesanato e animados grupos de jovens e adolescentes. Ao lado da praça está a Paróquia de São João Batista, cuja construção, empreendida pelos franciscanos, começou em 1592. O jardim do claustro da igreja é aberto a visitação (entrada gratuita) e exibe uma linda fonte cercada por palmeiras e imponentes colunas.

16h00: Ao voltar à estação Viveros do metrô, cruze o parque Viveros de Coyoacán (entrada gratuita), uma área verde com quase 400 mil m² e um dos principais pontos de lazer das pessoas que vivem na região.

16h30: O centro da Cidade do México ainda reserva excelentes atrações gratuitas para quem estiver disposto a caminhar um pouco mais. Vindo de Coyoacán (R$ 0,40), desembarque na estação Bellas Artes, ande duas quadras até a bela Praça Tolsá (no centro da qual há uma estátua de Carlos V sobre um cavalo) e entre no Museu Nacional de Arte (ingresso gratuito aos domingos), onde há obras dos principais artistas mexicanos, como José Maria Velasco. Para mais arte gratuita, não perca o Museu José Luis Cuevas (gratuito aos domingos), ali ao lado, cuja entrada exibe a estátua “La Giganta”, com 8 metros de altura e feita toda de bronze. Para voltar ao Zócalo, entre na rua da Moeda (Calle de la Moneda) e conheça toda a agitação de uma das principais vias comerciais da cidade. Uma estátua da Santa Muerte (santa em forma de esqueleto venerada por muitos mexicanos) adorna o cruzamento com a rua Loreto.

19h00: Aproveite o seu final de domingo em um dos agradáveis bares-restaurantes da região da rua 5 de Febrero, como a Hostería La Bota, onde uma cerveja custa 30 pesos (R$ 4,20). Para comer e economizar, os tacos de 6 pesos (R$ 0,85) das barracas vizinhas podem ser uma grande opção.

*O repórter Marcel Vincenti viajou à Cidade do México a convite da TAM