Quênia: mosaico visual

Embarque em uma incrível viagem fotográfica pelas cores, povo, cultura e fauna selvagem do país africano

Fotografias de Bruna Castanheira Texto de Pedro Gondim Bruna Castanheira

Atravessar o Atlântico Sul rumo ao gigantesco e diverso continente africano não era uma ideia que martelava nas nossas cabeças. Por outro lado, sabíamos que a tão esperada viagem após um longo tempo sem férias teria que nos proporcionar uma experiência marcante.

Sem saber ao certo o que esse sentimento significava, tratamos de elencar possibilidades que pudessem nos colocar diante de algo que nos fugisse do familiar. Nada nos pareceu mais atraente naquele momento do que aquilo que poderá ser confirmado nas imagens a seguir: o Quênia.

O quase completo desconhecimento - do qual também compartilhávamos e, por isso mesmo, nos sentíamos atraídos - e interesse por tudo aquilo que diz respeito à enormidade que é a África (as muitas Áfricas) logo se revelou em conversas banais. As pessoas usualmente confundiam nosso destino com a África do Sul e, desfeito esse sintomático equívoco, reduziam o Quênia aos seus safáris. Eles estão lá, e são incríveis. Mas representam apenas uma face deste país, como viemos a descobrir.

As diferentes etnias que se espalham pelo país, Nairóbi, as rodovias que cortam o território, a ferrovia que liga a atual capital a Mombaça, as praias, a visão do Kilimanjaro, as savanas com animais, as pequenas feiras que surgem à beira das estradas, a presença indiana (marcante na culinária), as florestas que crescem nas regiões montanhosas, os planaltos e os vales (com seus diversos lagos). Quênia é um mosaico.

Em pouco mais de duas semanas, nós pudemos ter um breve panorama deste intrigante e surpreendente país. E estivemos sempre acompanhados pela simpatia e pelo sorriso dos quenianos com quem convivemos durante esse tempo.

Nairóbi tem pouco mais de 100 anos. Foi fundada às margens da ferrovia que ligava a antiga capital, a litorânea Mombaça, a regiões mais profundas da África Central. Região tradicionalmente ocupada pelos Masai, ainda hoje é comum vê-los perambular em suas vibrantes vestes e adereços dourados pelo concorrido centro da cidade - hoje a maior da África Oriental. Se em um primeiro momento eles causam espanto e admiração pela presença altiva entre homens e mulheres trajados para negócios ou passeios, após rodar um pouco pelo país a estranheza decorre do fato de ver um Masai longe de seus animais.

Chegar aos parques nacionais de carro foi uma decisão acertada. Além da oportunidade de rodar por seis dias pelas estradas do interior do país (que nos levaram aos três parques que decidimos conhecer), convivemos longamente com Richard, nosso guia, motorista e companheiro. Suas histórias de infância, longe das grandes cidades, e a visão atual dos rumos sociais, políticos e econômicos do Quênia foram temas de longas conversas enquanto cruzávamos trechos de asfalto e de terra entre os nossos destinos.

A costa queniana é banhada pelo Oceano Índico e, em certos trechos, guarda consigo camadas e mais camadas de outras tradições que se misturam àquela da África negra (com suas doses cavalares de colonialismo inglês).

Colocar-se diante dos maiores animais terrestres do mundo em seu habitat natural não é algo para o qual seja possível se preparar. Tudo se desloca, o espaço é outro.

Quando descemos do carro (nos poucos momentos nos quais isso é possível) e pisamos no mesmo chão em que pisam bandos de gnus, famílias de elefantes e grupos de leões, somos levados imediatamente para outra dimensão, como se estivéssemos colocando os pés em um lugar impossível de se estar.

Nesse momento, de contato com os animais selvagens, o tempo oscilava entre a aceleração estimulada pela expectativa do próximo encontro à sensação de suspensão quase que completa, quando se fica por dezenas de minutos parado observando o movimento lento de uma leoa que prepara um ataque ou o olhar melancólico de um elefante.

Incluímos em nossa epopeia queniana Lamu, arquipélago situado ao norte do litoral e berço da cultura suaíli, já próximo à fronteira com a Somália. Uma região onde as belas praias e dunas brancas de areia fina não impressionam mais do que a cidade cravada no meio delas. Antiga rota comercial ativa de maneira intensa por cerca de dez séculos, serviu de ligação entre esta região da África e parte do mundo, como o Oriente Médio, a Índia e a Ásia (China, inclusive). O que se vê atualmente é uma cidade islâmica onde a mistura entre arquitetura (com construções feitas com corais e suas impressionantes porta esculpidas em madeira), costumes e religião arrebata aqueles que esperam ver apenas mais um destino turístico qualquer.

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