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São Paulo é um destino gastronômico. Tem gente que sobe a serra, que pega a Rodovia dos Bandeirantes, que faz a ponte aérea ou que estende a viagem de negócios. Tudo para saber o que está nas mesas paulistanas. A multiplicidade do setor, capaz de receber e valorizar do carrinho de rua ao endereço estrela Michelin, inspira os brasileiros apaixonados por comer.

Para celebrar essa cultura de garfo, faca e hashi, o Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes reuniu os votos de 30 jurados especialistas. Críticos, jornalistas e influenciadores apontaram quais estabelecimentos deveriam levar o título em dez categorias de Restaurantes.

O resultado foi anunciado na cerimônia de premiação realizada nesta segunda (20) no Blue Note. A seguir, conheça os escolhidos pelo júri técnico em Melhor Chef, Melhor Restaurante, Melhor Brasileiro, Melhor Italiano, Melhor Pizzaria, Melhor Japonês, Melhor Árabe, Melhor Hamburgueria, Melhor Restaurante de Carnes e Melhor Bom e Barato.

ÍNDICE

Keiny Andrade/UOL

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Keiny Andrade/UOL

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Criar um menu degustação confere ao chef a possibilidade de contar uma história em etapas. No Tuju, essa narrativa inclui ingredientes, pratos, arquitetura e serviço. É uma matemática sensorial digna de um espetáculo — e do título de Melhor Restaurante de São Paulo, segundo o júri técnico do Prêmio Nossa.

O imóvel de três andares é aproveitado por completo no jantar. Pessoas dispostas a pagar R$ 1290 são recebidas no térreo, onde provam snacks de boas-vindas, que podem acompanhar coquetéis. Um funcionário chama o elevador quando a mesa no salão está pronta. Outro colaborador abre a suntuosa porta numa eficiência maior do que qualquer sensor.

Quem não se impressionou até ali, tudo bem: é agora que começa o show. Na cozinha aberta, sem qualquer divisão entre público e cozinheiros, frutas e verduras da estação repousam sobre a primeira bancada. Trata-se de uma apresentação dos protagonistas da noite; um anúncio do que será degustado.

Ao longo das dez etapas, provam-se pratos bem cadenciados, num ritmo que mantém a curiosidade pelas novidades que estão por vir. São receitas que surpreendem pelo sabor, pela ousadia e pelo produto. Podem surgir ravióli de ovas de tainha recheados com crudo do pescado acompanhado de creme de milho e molho de salsão ou sobremesa que combina burrata, gengibre e limão verde.

Os pratos mudam quatro vezes por ano, sempre pautados pelo índice pluviométrico e pela sazonalidade dos ingredientes. É deles — e por eles — que se faz o Tuju.

Tuju
Rua Frei Galvão, 135, Jardim Paulistano. @tuju_sp

Chef nem sempre é artista, mas Ivan Ralston é. Não só porque se formou em música no Berklee College of Music, em Boston (EUA), mas porque tem a capacidade de juntar ingredientes e imaginar sabores — o que o levou à consagração como Melhor Chef de São Paulo pelo Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.

No Tuju, reaberto em 2023 no Jardim Paulista após o fechamento na Vila Madalena (2014-2020), ele vive o seu ápice criativo. O conhecimento acumulado ao longo de experiências solo e compartilhadas — do Ráscal, empreendimento da família, aos estrelados Maní (São Paulo), Mugaritz (Barcelona) e RyuGin (Tóquio) — hoje pode ser explorado graças à estrutura.

O menu degustação, que muda quatro vezes por ano, começa no Tuju Pesquisa. O centro foi criado para buscar e catalogar ingredientes, além de promover o acesso democrático à informação por meio de podcasts e cursos de baixo custo.

Mapeamos os insumos, entramos em contato com os fornecedores e enviamos uma lista gigante para o Ivan, que pensa na combinação de sabores" Katherina Cordás, sua esposa e responsável pelo serviço de salão e pelo braço educacional

Segundo ela, o processo criativo não tem hora para acontecer. Um exemplo é o ravióli cuja massa de farinha e ovo foi substituída por karasumi (ovas de tainha salgadas e secas ao sol): "ele ficava moldando em casa e percebeu que a textura lembrava uma cera". Quando surge a ideia, é hora do time de cozinheiros encontrar formas de desenvolvê-la ou melhorá-la.

Essa somatória de criatividade, conhecimento, pesquisa e trabalho em equipe ganha sentido quando encontra o cliente. Cada uma das dez etapas é apresentada por pessoas bem treinadas, que cuidam dos comensais e os guiam pelo espaço, erguido com um investimento de R$ 3 milhões. Mas o mais importante acontece na boca: tudo provado ali é gostoso.

O Ivan eleva ingredientes nacionais e desconhecidos pelo público ao auge, por meio de técnicas e combinações sensíveis, e promove, assim, uma educação alimentar e cultural, que extrapola as fronteiras do restaurante. Ele tem gerado conhecimento em seu microcosmos que beneficia a nossa gastronomia brasileira como um todo"

Luiza Fecarotta, jornalista, curadora gastronômica e jurada do Prêmio Nossa

Restaurante que serve arroz e feijão também é campeão no Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes. Referência na valorização desta dupla — e de outros tantos preparos que marcam a mesa brasileira —, Mara Salles comanda o Tordesilhas há 35 anos. O tempo foi seu amigo de descobertas gastronômicas, do aprofundamento nas raízes nacionais e da consagração como assumidade no tema.

O feijão, que ela prepara sem louro nem cebola, aparece no prato feito ao lado de contra-filé acebolado, mandioca frita e salada, no picadinho com banana-da-terra e ovo frito e na feijoada. Servida somente aos sábados, é um clássico da cidade que merece reserva.

O cardápio também inclui receitas de diferentes regiões do Brasil. Do Espírito Santo, vem a moqueca capixaba de peixe e camarão. No litoral do Paraná, nasce outro ícone do endereço: o barreado. A graça do prato está no longo cozimento da carne bovina dentro de uma panela de barro vedada. Servido junto de farinha fina de mandioca e banana-da-terra, pode ser repetido até o estômago não aguentar mais.

Vale considerar, é claro, um espacinho para uma dose final (e açucarada) de Brasil. Entre as sobremesas, há pavê de chocolate com cupuaçu e cocada de tabuleiro com sorvete de tapioca e calda de tamarindo.

Tordesilhas
Alameda Tietê, 489, Jardins. @tordesilhas

O Tordesilhas não é um regionalismo restrito. Não é só mineiro, não é só nordestino, não é só amazônico. Ele é uma espécie de cartografia culinária feita sem estereótipos caricatos. Com pesquisa, seriedade, compromisso histórico e apego ao sabor"

Ian Oliver, Produtor de conteúdo do @ocritico.antigourmet e jurado de Nossa



Caminhe pela rua Oscar Freire até chegar à quadra entre a Alameda Ministro Rocha Azevedo e a Rua Peixoto Gomide. O número 216 será uma porta de ferro cinza, localizada entre uma loja de suplementos e uma sorveteria.

Não estranhe: é ali mesmo que fica o Fame, o Melhor Restaurante Italiano de São Paulo.

Ao subir pela escada pouco iluminada, o clima vai mudando: sai o agito e entra o alívio de estar em boas mãos. Enquanto Erika Renzetti cuida com gentileza do serviço do salão e dos vinhos, selecionados com critério pela própria sommelière, o marido, Marco Renzetti, faz mágica nos fogões.

Para isso, deixa a imaginação livre. Cada novo dia é um recomeço do menu degustação de onze etapas. Tudo pode mudar de acordo com os produtos que chegam dos fornecedores parceiros e da criatividade do chef romano. A lógica da sequência, porém, permanece a mesma: uma divisão entre mar e terra.

Fazer reserva é a maneira mais certeira de garantir a degustação. Isso porque somente 25 pessoas por noite têm a chance de provar receitas como o patê de pato, o arroz de tutano e polvo, o agnolotti recheado de creme de ragu bovino servido em caldo de vitela mais fonduta de parmesão e a panacota de morango com azeite.

Fame
Rua Oscar Freire, 216, Jardim Paulista. @fame_osteria

Este menu degustação é a chance de provar a visão moderna de clássicos italianos do chef romano Marco Renzetti. Sua cozinha de produto e muita técnica, aliada ao lindo serviço de vinhos da Erika, torna a experiência completa e inesquecível"

Gabriel Gasparini , empresário, influenciador (@gaspaindica) e jurado do Prêmio Nossa

Ressaltar ingredientes italianos não é a vibe da Carlos Pizza. O empreendimento foi criado há 10 anos com o propósito oposto: caçar os bons insumos do entorno e fazê-los brilhar sobre os discos individuais com bordas graúdas e chamuscadas.

Entre os sabores, o que leva nome da casa inclui mussarela, radicchio, linguiça curada, ricota de búfala e parmesão. Já o amatriciana recria a receita de macarrão com mussarela, panceta artesanal, queijo de ovelha, cebola, parmesão e orégano.

Ao longo de 2025, outras receitas têm feito companhia a essas pedidas já consagradas. Para comemorar a década de existência, chefs como Ivan Ralston, do Tuju, e Bel Coelho, do Clandestina e do Cuia, foram convidados a criar novas coberturas.

Um dos principais segredos do sucesso da casa, porém, dispensa novidades. É o molho de tomate, preparado do mesmo jeitinho desde o primeiro dia:

Cortamos tomates frescos ao meio, regamos com azeite de oliva e temperamos com sal. Após assado no forno a lenha, tiramos a pele e trituramos. Tenho muito orgulho desse molho. É diferente de qualquer opção pronta" Luciano Nardelli, sócio da Carlos Pizza

Carlos Pizza
Rua Harmonia, 501, Vila Madalena; Alameda Tietê, 658, Jardim Paulista. @carlospizza_sp

Para quem um dia pensou que restaurante japonês de qualidade é sinônimo de japonês inacessível, um aviso: o Aizomê está aí, desde 2007, provando o contrário. Apontado pelo segundo ano como o Melhor Japonês da cidade pelo Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes, o lugar é democrático em comparação aos concorrentes de mesma categoria. Tanto em preços, quanto em sabores.

Embaixadora para Difusão da Cultura e Culinária Japonesa, Telma Shiraishi opera a casa não só em sistema de omakase, no qual os comensais provam um menu degustação com a melhor seleção de sushis e pratos quentes do dia, como também em à la carte.

Isso permite aos clientes escolher o que faz mais sentido para o paladar, a fome e o bolso, tendo a certeza de que, independente do pedido, pilares como sazonalidade e tradição guiarão o preparo das receitas. Entre as opções, faz sucesso o udon, massa grossa de macarrão, servido em caldo rico em algas e acompanhado de tempurá.

Para fazer da ida ao restaurante uma verdadeira imersão na cultura nipônica, a sugestão é conhecer a filial instalada na Japan House. Com funcionamento na hora do almoço, a unidade oferece refeições completas (settos), compostas por gohan (arroz), missoshiru, legumes e complementos que vão do combinado de sushi ao pirarucu grelhado.

Aizomê
Alameda Fernão Cardim, 39, Jardim Paulista. @aizomerestaurante

O Aizomê nos traça um panorama abrangente da culinária japonesa. Tudo é feito com meticulosa inventividade pela chef Telma Shimizu"

Josimar Melo, curador de Conteúdo do canal de TV Sabor&Arte e colunista do UOL

"Gastronomia árabe é uma balela", é isso que acredita o Fred Caffarena, chef e sócio do Make Hommus, Not War, eleito o Melhor Restaurante Árabe de São Paulo. Parece um contrassenso, mas ele justifica:

No Ocidente, tudo ficou conhecido como 'comida árabe', mas, na verdade, são várias etnias que dão origem a uma culinária plural"

A ideia é colocada em prática no restaurante que foi aberto em 2022 e não demorou a fazer sucesso. O público conhecedor, que acompanha o trabalho de pesquisa da cultura Otomana e de celebração da diversidade dos povos árabes, vai atrás do talento de Fred.

Mas muitos chegam por causa da proposta. Considerado a primeira casa de hommus do Brasil, o lugar exalta a pasta de grão-de-bico e tahine (de gergelim) cuja receita recebe influência do Levante, região que compreende países como Síria e Líbano.

O cliente escolhe entre opções como a linguiça de cordeiro passada na brasa, típica do Marrocos, e o quibe, com carne úmida e soltinha no interior. Ambos levam complementos (ovo de gema mole e molho de tomate) que agregam ainda mais sabor e equilíbrio às pedidas já bem temperadas. Mas dá para ficar melhor: peça o pão barbari e lembre-se de lambuza-lo por toda a louça antes de finalizar a refeição.

Make Hommus. Not war
Rua Oscar Freire, 2270, Pinheiros. @makehommus

Apesar de sempre dizer que seria impossível apontar um único restaurante árabe, o Make Hommus se destaca no que propõe. O hommus, o quibe e arais refletem mais de dez anos de pesquisa de Fred Caffarena e Talita Silveira. O resultado é uma cozinha que alia tradição e técnica, tornando-se referência no país"

Fred Sabbag, Colunista do Paladar e jurado do Prêmio Nossa

É impossível não se impressionar com o favoritismo do Z Deli na categoria. Exaltada em inúmeras premiações especializadas, a lanchonete é considerada a Melhor Hamburgueria de São Paulo pelo segundo ano consecutivo no Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.

Na operação montada em 2014 por Julio Raw, o frescor é a regra para todos os produtos. Os discos de carne, produzidos especialmente para a rede, nunca são congelados. Já os pães, do bagel ao brioche, são preparados na própria padaria.

Em mais de dez anos de tradição, as combinações estão em quatro endereços e viraram clássicos na cidade. Exemplo é o minetta, de cheddar inglês e cebola caramelizada, o louis, em que o hambúrguer é prensado com cebola e servido no pão de forma com picles de pepino, e o pastrami.

Feita à moda judaica para honrar as raízes da avó Rosa Raw, dona do restaurante homônimo, a carne curada e defumada é colocada entre fatias de pão de leite com mostarda, maionese, relish de pepino e dill ou desfiada sobre a batata caseira, frita com casca e tudo, junto de sour cream e queijo fundido.

Z Deli
Rua Bento Freitas, 314, República. Mais três endereços. @zdelisandwiches

Quando bate a vontade de comer hambúrguer, o meu desejo sempre é Z Deli. Vou com a certeza de sair feliz. O simples muitíssimo bem feito: o pão é delicioso, o blend da carne é saboroso e o ponto do hambúrguer chega lindamente rosado"

Giovanna Simonetti, Jornalista de estilo de vida e gastronomia da Forbes e jurada do Prêmio Nossa



O açougueiro Renzo Garibaldi ganhou fama — e prêmios — pela ousadia bem-sucedida de abrir um estabelecimento de carnes no Peru, onde há baixa produção e consumo bovino. Replicar a ideia no Brasil, mais precisamente no Itaim Bibi, em 2022, foi como pregar para convertido: fácil, fácil.

Isso não significa, porém, que os paulistanos manjavam tudo da proposta. Pelo contrário, é comum a brigada do Osso explicar que dry aged é um processo de maturação a seco cujo objetivo é o aumento da maciez e a concentração de sabor, que Curraleiro Pé-duro é uma raça nativa do Brasil e que comer vaca velha (animal abatido com mais idade) é uma tradição na península ibérica.

O cardápio, que varia entre raças, cortes e tempo de maturação, tem cerca de oito opções. Para facilitar a escolha, o garçom leva as peças disponíveis à mesa para o comensal apontar qual deverá repousar sobre a grelha. Para abrir o apetite, vale pedir a nova linguiça produzida na casa com porco Duroc. Inspirada na chistorra, é picante pelo acréscimo de aji panca (pimenta peruana).

Aos finais de semana, rolam pratos especiais. Um deles é a costela de Curraleiro, que é assada por 12 horas em baixa temperatura e leva um sustinho no forno a carvão antes de ser devorada pelos apaixonados por carne.

Osso
Rua Bandeira Paulista, 520, Itaim Bibi @ossosaopaulo

Quase 19 mil quilômetros separam São Paulo de Taiwan. Mas a distância parece menor na Vila Mariana. Num simpático sobrado, Duilio Lin e Dona Jasmine, imigrante taiwanesa e ex-chef de cozinha do Templo Zu Lai, unem o seu conhecimento ao de Caio Yokota e Victor Valadão, dupla que trabalhou no Tuju até se encantar pelos sabores do outro lado do mundo.

O negócio que começou em 2017 teve forma de barraquinha e foodtruck antes de ser o restaurante Mapu, eleito o Melhor Bom e Barato da cidade, segundo o Prêmio Nossa. Nesses oito anos, a especialidade segue a mesma: bao.

Trata-se de um pão neutro, cozido no vapor e com textura de nuvem. O formato de 'boquinha', aberto somente de um lado, facilita a inclusão de recheios e conquista quem é fã de sanduíches.

O tradicional guabao leva panceta escaldada em caldo perfumado, mostarda em conserva, farofa de amendoim e bastante coentro para contrapor a gordura do porco. Também há receitas mais criativas, caso da sobrecoxa de frango empanada e lambuzada em molho coreano, que ganha a companhia de pepino, maionese de wasabi e cebolinha.

Embora os números comprovem que o bao virou o grande queridinho do público — são servidas seis mil unidades por mês — há um 'achadinho' imperdível na seção das entradas: pedaços de berinjela crocantes melados em missô (pasta de soja fermentada).

Mapu
Rua Áurea, 267, Vila Mariana. @mapubaos

O Mapu é o lugar certeiro para fugir da monotonia sem doer no bolso. Cozinha taiwanesa criativa, de pratos bem executados, e drinques imperdíveis. O ambiente é simples e o atendimento é eficiente -- ótimo para um jantar despretensioso ou um almoço rápido na semana"

Beatriz Marques, jornalista, curadora gastronômica e jurada do Prêmio Nossa

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