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Uso da máscara deixa de ser obrigatório na França, apesar de covid em alta

Máscaras não são mais exigidas dentro e fora de espaços públicos, como nos arredores da Catedral de Notre-Dame (foto), atualmente em reforma - Gonzalo Fuentes/Reuters
Máscaras não são mais exigidas dentro e fora de espaços públicos, como nos arredores da Catedral de Notre-Dame (foto), atualmente em reforma Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

da RFI

14/03/2022 10h34

O uso das máscaras deixará de ser obrigatório em praticamente todos os locais na França, nesta segunda-feira (14), apesar do aumento do número de casos da covid-19. Após dois anos de restrições, os franceses podem "respirar", mas a flexiblização corre o risco de ser temporária.

O uso das máscaras deixará de ser obrigatório em praticamente todos os locais na França, nesta segunda-feira (14), apesar do aumento do número de casos da covid-19. Após dois anos de restrições, os franceses podem "respirar", mas a flexiblização corre o risco de ser temporária.

Às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais francesas, em 10 de abril, o governo francês preferiu manter sua política de volta à "vida normal". Além do fim imposição do uso da máscara, que também se aplica a empresas, escolas e lojas, o passe vacinal não será mais obrigatório.

A proteção continua sendo "recomendada" para pessoas positivas e casos de contato de risco, pessoas sintomáticas e profissionais da saúde, e será mantida no transporte público e nos estabelecimentos de saúde.

Após dois anos de epidemia, o assunto ganhou a página dos maiores jornais franceses nesta segunda-feira, que veem a decisão com cautela.

"Tudo ia bem. Depois de seis semanas, todos os indicadores epidemiológicos eram favoráveis. O vírus perdia um pouco de espaço a cada dia. Mas, depois que entrou em vigor o fim do uso obrigatório das máscaras, o SARS-CoV-2 "voltou a ganhar força", destaca o jornal "Le Figaro", ressaltando que o governo não voltou atrás nas decisões relacionadas à flexibilização, apesar do aumento de casos.

O próprio governo age de maneira ambígua, diante da alta de contaminações — cerca de 20% em apenas uma semana. Na semana passada, em entrevista ao jornal "Le Parisien", o primeiro-ministro francês, Jean Castex recomendou às pessoas com risco de desenvolver formas graves da doença que continuem usando máscaras em "locais fechados e em grandes reuniões".

Passe sanitário também deixou de ser obrigatório no país - iStock/Getty Images - iStock/Getty Images
Passe sanitário também deixou de ser obrigatório no país
Imagem: iStock/Getty Images

O contexto é menos favorável do que o anunciado, observa o "Le Monde". "A França segue o exemplo de vários países europeus, começando pela Dinamarca e iniciou a flexibilização no início de janeiro. Mas a data escolhida parece "paradoxal", já que "o número de casos parece já não diminuir", ressalta o jornal.

"Na França, as contaminações voltam a subir, com 60.422 casos registrados em 24 horas, contra 45.328 no último domingo", destaca o "Le Parisien". Essa alta está relacionada a vários fatores: a volta às aulas na França e ao relaxamento quase generalizado da população, menos atenta ao distanciamento social e ao uso da máscara.

Gesto automático cai em desuso

O jornal francês ressalta que o gesto que se tornou hoje quase automático, de mostrar o smartphone com o código QR do passaporte sanitário ou vacinal para entrar em restaurantes, cinemas e outros lugares fechados, vai cair em desuso. O "Le Parisien" explica que as regras são um pouco diferentes nos territórios ultramarinos franceses: o passe sanitário e o toque de recolher às 22h foram estendidos, por exemplo, na Martinica, onde a epidemia está explodindo.

O número de internações hospitalares por infecção, na França, está se estabilizando, com pouco menos de 1.000 internações por dia. O "Le Figaro" destaca dados da revista científica Lancet. A covid, segundo a publicação, teria matado 18,2 milhões de pessoas no mundo, um balanço três vezes maior que o oficial, de 5,94 milhões. A covid foi, potencialmente, uma das principais causas de morte em 2020 e 2021.