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Revista Elle proíbe uso de peles de animais em todas as edições pelo mundo

Billie Eilish na capa da revista "Elle" - Divulgação/Elle
Billie Eilish na capa da revista "Elle" Imagem: Divulgação/Elle

da RFI

03/12/2021 13h48

Para "incentivar uma indústria da moda mais humana", as peles de animais desaparecerão das páginas e meios digitais de todas as edições da revista Elle, anunciou a publicação nesta quinta-feira (2). A decisão confirma uma tendência crescente no setor da moda e do luxo, que se opõe cada vez mais ao uso das peles. 

Do México à Austrália, passando pelo Japão e Estados Unidos, todas as 45 edições da Elle assinaram um compromisso prometendo excluir as peles de animais de suas páginas. O anúncio foi feito durante uma conferência organizada pela revista digital The Business of Fashion em Chipping Norton, no centro da Inglaterra.

Elle é a primeira grande publicação do setor a tomar essa medida a nível mundial, proibindo as peles naturais não só em seu conteúdo editorial, mas também em seus espaços publicitários. "Não podemos manter um discurso de um lado e ganhar dinheiro do outro, em direções completamente opostas", explicou sua diretora internacional, Valeria Bessolo Llopiz.

A diretora contou que algumas versões da revista chegaram a hesitar para aceitar a proibição das peles na publicidade, temendo o impacto no orçamento da publicação, já que os anúncios pagos pelas marcas, essencialmente de moda, são a principal fonte de renda da empresa. Mas ela lembrou que "muitas marcas também abandonaram as peles há anos".

A revista Elle reivindica 33 milhões de leitores e 100 milhões de visitantes por mês em suas 55 plataformas digitais. Em 13 delas a medida contra as peles já é efetiva, enquanto 20 a aplicarão a partir de 1º de janeiro e o restante no início de 2023.

Revista engajada com viés feminista

A publicação existe há 75 anos e foi lançada logo após a adoção do direito ao voto para as mulheres na França. Desde que foi criada, a revista sempre se mostrou com uma ferramenta de emancipação para suas leitoras, que eram apresentadas como "cidadãs, e não como consumidoras", como explicava a publicação já em sua primeira edição. Esse posicionamento se vê até hoje com uma linha editorial bem mais engajada que suas concorrentes. E a decisão de abolir as peles se inscreve nessa lógica.

A decisão foi saudada pelas entidades de defesa dos animais. PJ Smith, responsável para moda da ONG Human Society International, disse esperar que o exemplo seja seguido por outras revistas. "Este anúncio provocará uma mudança positiva em toda a indústria da moda e tem o potencial de salvar muitos animais de uma vida de sofrimento e uma morte cruel", afirmou Smith, também no evento da Chipping Norton.

A diretora da PETA UK, Elisa Allen, também espera que outras revistas, como Vogue, InStyle ou Cosmopolitan, "em breve se juntem a essa política".

Tendência na moda

Nos últimos anos, sob pressão das associações, o mundo da moda começou a se afastar das peles de animais. O uso desse tipo de material já está proibido em passarelas de cidades como Amsterdã, Oslo, Melbourne e Helsinki, que também descartou o couro. Mas as grandes semanas da moda, como em Paris, Milão e Nova York, preferiram deixar a decisão para cada marca.

Em setembro, o grupo Kering, um dos principais nomes do setor do luxo mundial, anunciou que todas suas marcas deixariam de usar peles de animais em seus produtos."Consideramos que matar animais que não vão ser comidos estritamente para usar suas peles não corresponde ao luxo moderno, que deve ser ético, de acordo com seu tempo e com os debates sociais", disse a diretora de desenvolvimento durável do grupo, Marie-Claire Daveu.

Kering é proprietário de grifes emblemáticas, como a francesa Balenciaga, a italiana Gucci ou ainda a britânica Alexander McQueen. Boa parte delas já haviam abandonado o uso de pelos nos últimos anos. Mas a francesa Saint Laurent e a italiana Brioni mantinham a tradição dos casacos e acessórios confeccionados com peles de animais.

Chanel, Jean-Paul Gaultier, Versace, Prada e Burberry também abandonaram o uso de peles de animais. A italiana Armani, que seguiu a mesma tendência, anunciou esta semana que também vai banir a lã de angorá de suas coleções.

(Com informações da AFP)