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Kenzo terá novamente um designer japonês à frente da marca

Nigo - Reprodução/Twitter
Nigo Imagem: Reprodução/Twitter

Silvano Mendes

da RFI, em Paris

18/09/2021 12h05

O designer Nigo foi nomeado diretor artístico da marca de moda Kenzo e vai assumir o cargo deixado em junho pelo português Felipe Oliveira Baptista. Essa é a primeira vez que a grife tem seu estilo pilotado por um japonês desde a saída de seu fundador, Kenzo Takada. 

A nomeação foi anunciada nesta quarta-feira (15) pelo grupo de luxo LVMH, proprietário da marca criada em 1970 por Kenzo Takada. O fundador da grife, que morreu no ano passado, aos 81 anos, vítima da covid-19, havia se desligado aos poucos da marca desde que a empresa foi comprada pelo grupo LVMH, na década de 1990.

Desde então, vários nomes assinaram as coleções, do francês Gilles Rosier ao português Felipe Oliveira Baptista, mais recentemente, passando pelo italiano Antonio Marras e o duo americano Humberto Leon e Carol Lim.

"Nasci [em 1970], no ano em que Takada Kenzo abriu sua primeira loja em Paris. Nós dois nos formamos na mesma escola de moda em Tóquio. Em 1993, ano em que Kenzo entrou no grupo LVMH, eu iniciei minha carreira na moda", declarou Nigo.

"A abordagem criativa original de Kenzo san se distinguia por sua compreensão de várias culturas. E essa também é a essência da minha própria filosofia criativa", continuou, afirmando que esta nomeação "é o maior desafio" em 30 anos de carreira.

Ao nomear Nigo, cujo verdadeiro nome é Tomoaki Nagao, o grupo LVMH aposta em um designer conhecido por uma moda streetwear bastante casual. O estilista, célebre graças à sua marca A Bathing Ape (BAPE), é conhecido principalmente por realizar várias colaborações com grandes nomes da moda.

Ele já assinou coleções com a marca de fast fashion japonesa Uniqlo, mas também com Supreme e Comme des Garçons, além de ter feito uma parceria com Virgil Abloh, diretor artístico da maison Louis Vuitton, que também pertence ao grupo LVMH.

"A chegada de um estilista japonês extremamente talentoso vai nos permitir escrever uma nova página da história da maison que Kenzo Takada fundou", declarou Sidney Toledano, CEO da divisão moda do grupo LVMH. "Estou convencido que a criatividade e inovação de Nigo, assim como sua ligação com a história da maison permitirão exprimir plenamente todo o potencial de Kenzo", concluiu.

Dança das cadeiras

Depois de um período incerto, nos dez anos que seguiram a saída de seu fundador, a marca Kenzo, conhecida por suas estampas florais, mas também por seus perfumes, voltou à moda sob a batuta de Humberto Leon e Carol Lim, entre 2012 e 2019.

O duo americano soube tornar a grife hype novamente, investindo em alguns símbolos esquecidos do repertório iconográfico de Takada. Foram eles quem ressuscitaram a imagem de tigre, que virou sensação estampando camisetas, moletons e bonés durante várias temporadas.

Felipe Oliveira Baptista, que assumiu a direção artística da marca após o sucesso de sua passagem à frente da Lacoste, não foi tão bem-sucedido.

Apesar de alguns desfiles espetaculares e boas críticas da parte da imprensa francesa durante os dois anos em que pilotou a marca, o trabalho do português, considerado por alguns muito conceitual, não parece ter conseguido convencer a clientela habitual e o mercado internacional.