Violentos incêndios devastam regiões turísticas do sudeste da França
Relativamente poupada pelos recentes incêndios que castigaram vários países da região do Mediterrâneo nas últimas semanas, a França observa milhares de hectares serem queimados por violentas chamas no sudeste do país. Centenas de bombeiros lutam contra o fogo nesta terça-feira (17) nos arredores da cidade turística de Saint-Tropez, na região de Provença-Alpes-Côte d'Azur.
Milhares de pessoas, incluindo turistas que acampavam na região, foram retiradas de maneira preventiva das localidades atingidas pelos incêndios, declarados na noite de segunda-feira (16). No departamento do Var, um dos mais castigados pelo fogo, três pessoas ficaram levemente feridas e outras 17 foram hospitalizadas por intoxicação pela fumaça.
Em Bormes-les-Mimosas, cerca de 1.300 pessoas, a maioria delas frequentadoras de um camping da região, foram levadas para um ginásio perto do Forte de Brégançon, residência presidencial de verão. Muita gente resolveu deixar o local por conta própria.
"Primeiro sentimos cheiro de fumaça, no início da noite passada começamos a ver chamas nas colinas. Depois disso, decidimos ir embora", declarou a veranista Cindy Thinesse, que passava férias na cidade de Cogolin.
"Ficamos com muito medo", diz a amiga Céline Lopez. "Pegamos o básico conosco: documentos e cobertas e fugimos na direção contrária do fogo. Dormimos dentro do carro", completou.
Difícil combate ao fogo
Cerca de 900 bombeiros e 1.200 membros das forças de segurança combatem as chamas, com a ajuda de aviões-tanque, em condições difíceis, com temperaturas elevadas e fortes ventos. "Neste momento, os incêndios não estão controlados. A área tomada pelo fogo é vasta, é uma luta muito difícil", afirmou a comandante Delphine Vienco.
As autoridades temem que os incêndios ganhem força nas próximas horas, devido às temperaturas elevadas e ao vento. "As chamas estão se propagando a 4 km por hora, quando o habitual é 1 km por hora", relatou uma fonte do corpo de bombeiros na localidade de Le Luc, no departamento do Var.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o ministro do Interior, Gérald Darmanin, visitarão a cidade na tarde desta terça-feira.
Milhares de hectares de florestas destruídos
Por enquanto, a cidade de Saint-Tropez foi poupada. Mas, segundo a rádio France Bleu Provence, até a tarde desta terça-feira os incêndios já haviam destruído mais de 5.500 hectares. A metade da reserva natural de Maures foi devastada.
"É uma catástrofe. Esse local é um dos últimos habitats da tartaruga Hermann, uma espécie protegida", afirma Concha Agero, diretora-adjunta do Escritório Francês da Biodiversidade. Ela explica que ainda restam esperanças de que muitos animais tenham conseguido fugir do fogo através do subsolo.
Na altura de Sigues, na autoestrada A57, quase 100 quilômetros ao nordeste de Toulon, o fogo atingiu 3.500 hectares de floresta até o momento, segundo os bombeiros.
Mudanças climáticas
O sudeste da França é a região mais recente da bacia do Mediterrâneo afetada por incêndios florestais neste verão no Hemisfério Norte. Os cientistas alertam que esse fenômeno sazonal se tornará cada vez mais frequente devido às mudanças climáticas provocadas pelos seres humanos. Nas últimas semanas, Grécia, Turquia, Itália, Espanha, Portugal, Argélia e Marrocos enfrentaram o mesmo problema.
Segundo as autoridades, esses são os maiores incêndios que a França enfrentou neste ano. Em 2020, as chamas destruíram 7.698 hectares nas regiões litorâneas do Mar Mediterrâneo.
(Com informações da AFP)
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