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Países da UE têm caos ao adotarem diferentes decisões sobre viajantes

Segurança apresenta proteção contra coronavírus na entrada de embarque do aeroporto Charles De Gaulle - Getty Images
Segurança apresenta proteção contra coronavírus na entrada de embarque do aeroporto Charles De Gaulle Imagem: Getty Images

15/07/2020 11h10

O jornal Libération desta quarta-feira (15) analisa a política da Comissão Europeia para a recepção de viajantes de fora do bloco neste período de relaxamento das medidas de quarentena. "Covid-19: na Europa, a cacofonia sem fronteiras" é a manchete do diário. 

Este verão promete ser uma confusão, prevê o jornal Libération. O correspondente do diário em Bruxelas destaca que a Comissão Europeia anunciou em junho sua política para a reabertura das fronteiras do bloco, limitada a 15 países até o momento. "Mas os Estados optaram pela desordem completa e por fazer aquilo que lhes vier à cabeça", avalia Libé.

Para o jornal, diante do temor que viajantes estrangeiros relancem a epidemia de coronavírus no Velho Continente, há "um caos completo" nas fronteiras dos 27 países-membros da União Europeia. Dentro do bloco, as viagens estão autorizadas desde 15 de junho. No entanto, desde 1° de julho, cada nação integrante da UE adota a sua própria política, sem nenhuma consideração com as decisões tomadas em conjunto em Bruxelas, "o que torna as viagens, especialmente as aéreas, aleatórias", afirma o diário.

Libé cita o exemplo da Grécia, que, antes do embarque, exige o registro de todos os dados pessoais do viajante de fora da UE e locais por onde passou nos últimos tempos. Com base nessas informações, o passageiro receberá um código QR que indica se ele deve ou não realizar um teste de coronavírus ao chegar ao país, podendo ser até mesmo colocado em isolamento durante 14 dias.

Confusão dentro e fora da UE

A confusão também ocorre entre os viajantes europeus. Muitos países do bloco impõem diversas restrições a búlgaros, romenos, portugueses, suecos e britânicos. Para estrangeiros de fora da UE, a situação é ainda mais confusa, destaca Libération. Teoricamente, as fronteiras estão abertas a 15 países: Austrália, Canadá, Japão, Argélia, Geórgia, Nova Zelândia, Marrocos, Montenegro, Ruanda, Sérvia, Coreia do Sul, Tailândia, Tunísia, Uruguai e China - sob condições de reciprocidade. Essa lista é revisada a cada 15 dias e, na última terça-feira (14), as fronteiras foram fechadas a Montenegro e Sérvia, devido ao ressurgimento de casos de Covid-19.

No entanto, como cada país é soberano sobre suas fronteiras exteriores, o caos reina. Atualmente, apenas sete países recebem voos da China. Já a França resolveu fechar novamente suas fronteiras com a Argélia; a Grécia com a Sérvia; a Hungria com toda a lista de países iniciais, salvo com a China e o Japão, com a possibilidade de colocar os viajantes em isolamento, se testarem positivo à Covid-19. A Alemanha também vetou passageiros da Argélia, Marrocos, Ruanda e Sérvia. Outros países permanecem completamente fechados, como a Romênia, a Irlanda, a Austria e a Bélgica.

A confusão é tamanha que a Comissão Europeia se viu obrigada a criar um site para ajudar os viajantes: Reopen.europa.eu. "Diante de todo esse caos, os turistas compreenderam que o melhor é ficar em seus países", diz a matéria. De fato, os aeroportos europeus vêm registrando uma frequentação mínima e locais turísticos de grandes capitais - como Paris, Roma, Lisboa e Atenas - estão desertos.

A tendência deve piorar nos próximos meses, com um novo fechamento de fronteiras até o final deste verão no Hemisfério Norte, prevê o diário. "Isso vai aumentar ainda mais a recessão histórica causada pelo confinamento, sobretudo nos países mais dependentes do turismo", antecipa o jornal.