Evite segurar gatos pelo cangote: veja os riscos físicos e emocionais
Colaboração para Nossa
05/10/2025 12h00
Durante muito tempo, se acreditou que segurar um gato pelo cangote era um gesto inofensivo — afinal, é assim que as gatas carregam seus filhotes. A prática, porém, se mostra prejudicial e ultrapassada quando aplicada em animais adultos.
O peso do corpo em uma área sensível
Ao levantar um gato pelo cangote, todo o peso do corpo é sustentado por uma pequena porção de pele. Isso gera desconforto, pode causar microlesões nos tecidos e ainda desencadeia reações de medo.
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Para os felinos, o gesto remete ao comportamento agressivo de outros gatos durante conflitos, quando mordem a região do pescoço para imobilizar o adversário. Ou seja, o animal não entende o ato como cuidado, mas como ataque.
Por que não vale usar o argumento das mães
De fato, gatas transportam seus filhotes pelo cangote. No entanto, esse gesto só faz sentido nas primeiras semanas de vida, quando os filhotes são leves e a musculatura da região é adaptada a esse manejo.
Conforme crescem, a pele e o corpo se tornam mais pesados e a interpretação social do gesto muda: o que antes era proteção materna passa a ser visto como violência. É por isso que gatos adultos podem reagir com fuga, tensão ou até agressividade quando submetidos a esse tipo de contenção.
Métodos modernos e respeitosos
A etologia — ciência que estuda o comportamento animal — mostra que gatos submetidos a contenções físicas bruscas apresentam níveis elevados de cortisol, o hormônio do estresse.
Pesquisa publicada no Journal of Feline Medicine and Surgery reforça que técnicas de manejo baseadas em calma, silêncio e controle ambiental reduzem significativamente os sinais de ansiedade em consultas veterinárias.
Hoje, já existem alternativas muito mais seguras e eficazes para conter ou acalmar um gato. Criar um ambiente tranquilo, permitir esconderijos, usar toalhas ou mantas macias e evitar cheiros fortes, especialmente de cães, são medidas simples que fazem diferença.
Em procedimentos mais delicados, quando o manejo físico não é suficiente, a sedação controlada é considerada menos estressante e mais humanizada do que a contenção bruta.
Respeito é cuidado básico
A imagem do gato "difícil" ou "agressivo" costuma estar ligada ao medo e à sensação de ameaça. Ao entender suas necessidades e limites, tutores e profissionais conseguem oferecer um cuidado muito mais respeitoso.
Segurar pelo cangote, além de doloroso, transmite insegurança e quebra a confiança entre humano e animal. Evoluir no manejo é, acima de tudo, uma forma de cuidado.