Nova regra sobre entrevista para visto americano começa a valer hoje

A partir de hoje, adolescentes menores de 14 anos e idosos acima de 79 deixam de ser isentos e devem passar por entrevista para a obtenção de visto americano de não imigrante — que inclui o de turismo (B1/B2). A nova regra atinge todas as pessoas de países que precisam de visto para entrar nos EUA a turismo, o que se aplica aos brasileiros.

O que aconteceu

Até então, visitantes destas faixas etárias não eram obrigados a passar pela conversa com um oficial consular. Eles tinham apenas que entregar documentos e tinham seu formulário avaliado.

Esta é mais uma de uma série de medidas do governo Trump. A administração tem dificultado o acesso de estrangeiros aos documentos para viajar para os Estados Unidos, argumentando maior controle da imigração ilegal.

As atualizações das regras deveriam começar em setembro, mas foram adiadas para o início de outubro e passam a valer hoje. De acordo com o Departamento de Estado, apenas alguns grupos ainda podem permanecer elegíveis para isenções de entrevistas de visto após a mudança de política.

Quem ainda é isento

  • A-1, A-2, C-3: funcionários de governos estrangeiros e familiares, exceto funcionários pessoais, em trânsito ou chegando aos EUA;
  • G-1, G-2, G-3, G-4: funcionários ou autoridades de organizações internacionais e seus familiares;
  • NATO-1 a NATO-6: oficiais da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar dos EUA) e seus familiares;
  • TECRO E-1: investidores e comerciantes de países com os quais os EUA mantêm tratado, em funções oficiais;
  • Candidatos de vistos diplomáticos e/ou autoridades;
  • Candidatos a renovação de vistos B1/B2 (de turista ou negócios), ou ainda titulares de um Cartão de Cruzamento de Fronteira (para mexicanos) próximo a vencer ou que tenha vencido há menos de 12 meses --e que tivessem pelo menos 18 anos quando o último visto foi emitido.

No entanto, para serem isentos da entrevista, os candidatos ao visto de turismo precisam:

  • Candidatar-se ao visto em seu país de nacionalidade ou residência;
  • Nunca ter tido um pedido de visto negado (a não ser que esta recusa tenha sido posteriormente retirada);
  • Não ter ilegibilidade potencial ou aparente.

Outras mudanças valendo

O USCIS (Serviço de Imigração e Cidadania dos EUA) anunciou em agosto que oficiais consulares podem negar vistos de candidatos que tiverem histórico de "promoção de ideologias antiamericanas". A novidade entrou na lista de mudanças que podem dificultar o processo.

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Este critério para negar o documento poderá ser utilizado em casos em que é necessário "discernimento" do oficial consular. Isso se aplicaria nas situações em que a negação ou concessão do visto não está automaticamente prevista por outras regras. O "antiamericanismo" como fator para a decisão foi oficialmente incluso no manual de políticas do USCIS.

Circunstâncias dos pedidos anteriores de visto e envolvimento com organizações terroristas "antiamericanas" também foram detalhadas como critérios para ter o documento negado. Mesmo que o indivíduo não tenha laço com nenhuma organização considerada terrorista pelo governo dos EUA, se ele possuir opiniões em comum com estes grupos, o visto poderá não ser emitido.

Opiniões tidas como "antissemitas" pelo governo Trump estão entre razões para não obter a permissão de visita ao país. A atual gestão já considerou estudantes que protestam em favor da criação de fronteiras de um Estado Palestino nas universidades americanas como antissemitas, por exemplo, e revogou seus vistos em abril.

Além disso, a avaliação das redes sociais foi oficializada como parte do protocolo de análise do pedido de visto. "Atividades antiamericanas [online] serão um fator esmagadoramente negativo" na decisão, alerta o USCIS. As mudanças já estão em vigor para quem tem pedidos de visto em andamento e para quaisquer pedidos feitos após 19 de agosto.

A mudança tem base na Lei de Imigração e Nacionalidade de 1952, que proibia a naturalização de membros de partidos comunistas ou quem defenda o "comunismo mundial". Eram vetados também os autores de conteúdos que se opunham aos EUA ou de pessoas que buscassem derrubar o governo americano pela força.

*Com informações do Estadão Conteúdo e de matéria publicada em 26/08/2025

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