Silêncio, multidão, arte, amor: conheça o Japão da psicanalista Maria Homem

Foi no Japão de contrastes —entre recolhimento e excesso, passado e futuro —que a psicanalista Maria Homem encontrou matéria-prima para refletir sobre solidão, amor e erotismo, silêncio, o papel das mulheres na sociedade, pressa e pausa, tecnologia, pertencimento, arte e identidade, temas que dão forma à série em vídeo Conexão Brasil - Ásia, no UOL Prime.

Clique aqui para assistir às reflexões sobre amor, solidão e vida de Maria Homem.

Jardins zen, o frenesi de multidões sob telões gigantes, arte que brota à beira-mar. Templos que guardam séculos de história, cidades onde o futuro se mistura ao passado e paisagens que se abrem como obras de arte. Confira a seguir, o itinerário sensorial e reflexivo vivido pela psicanalista no Japão.

Kyoto: templos, palácios e introspecção

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Imagem: Maria Homem

Antiga capital imperial, Kyoto é um convite ao recolhimento. No milenar Fushimi Inari Taisha ou no Kinkaku-ji — o famoso Pavilhão Dourado —, os templos formam corredores sagrados onde o tempo parece suspenso. A experiência se aprofunda nos jardins karesansui (os "jardins de paisagem seca"), que recriam com cascalho, pedras e musgo a essência da natureza. Varrer o cascalho em padrões lineares já é uma prática meditativa; contemplá-lo, um exercício de calma para a mente.

Outro marco é o Castelo de Nijo, símbolo do poder do xogum Ieyasu Tokugawa —inspiração para o personagem Yoshii Toranaga, da série Xógum. Erguido em 1603 e tombado pela Unesco, o palácio impressiona pelos "pisos rouxinol", tábuas que rangem suavemente a cada passo e funcionavam como alerta contra intrusos.

Tóquio: tradição e futuro

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Imagem: Maria Homem
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Se Kyoto é um convite ao diálogo interior, Tóquio é a imersão no coletivo. A região metropolitana abriga 38 milhões de pessoas que se cruzam diariamente em um cenário em que a tekhné —palavra grega para arte ou ofício —aparece tanto na tecnologia futurista quanto na tradição ancestral. Arranha-céus de vidro se erguem ao lado de templos centenários.

No bairro de Akihabara (a "Cidade Elétrica") ou simplesmente Akiba, pulsa o coração da cultura otaku. O termo, que já teve conotação pejorativa, hoje é usado com orgulho por fãs de anime, mangás, videogames e cultura pop japonesa. Suas ruas são um espetáculo de luzes e sons, com prédios inteiros funcionando como outdoors. Entre os endereços icônicos estão a Super Potato, paraíso dos videogames retrô, e a Mandarake, referência em itens colecionáveis.

Naoshima: a grande beleza

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Imagem: Maria Homem

Ao sul, um arquipélago de pequenas ilhas se tornou destino obrigatório para os amantes da arte contemporânea. A mais conhecida delas é Naoshima, onde arquitetura, natureza e arte se fundem em uma experiência única.

A identidade visual da ilha é marcada pela obra do arquiteto Tadao Ando, mestre do concreto aparente e da luz natural. Em vez de impor estruturas à paisagem, Ando cria espaços que dialogam com o entorno, enquadrando e revelando o ambiente.

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O Benesse House Museum é um hotel e museu projetado por ele em uma colina à beira-mar, com obras de artistas internacionais em galerias, corredores, quartos e jardins. Já o Museu Lee Ufan, parceria entre Ando e o artista coreano do movimento Mono-ha, aprofunda o encontro entre o minimalismo contemplativo e a força do concreto iluminado.

Osaka: cozinha e conexões

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Imagem: Maria Homem

Conhecida como a "cozinha do Japão", Osaka esbanja energia e se entrega a uma devoção quase religiosa aos prazeres da comida e da bebida. Por lá, na ilha artificial de Yumeshima, acontece até 13 de outubro a Osaka Expo 2025, com o tema "Projetando a Sociedade do Futuro para Nossas Vidas". Pavilhões de dezenas de países exploram relações mediadas por IA, realidades virtuais e experiências sensoriais que perguntam: onde encontraremos o amor hoje? O anel arquitetônico da feira integra áreas expositivas e jardins, criando um Coliseu contemporâneo para conexões humanas e reposicionando a região de Kansai como um polo global de inovação.

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