Pressentimento? Por que cães rosnam para algumas pessoas e para outras não

Se você tem um cachorro em casa, provavelmente já percebeu que ele não reage da mesma forma a todas as visitas. Enquanto algumas pessoas são recebidas com abanos de cauda e pulos de alegria, outras despertam latidos insistentes e, em alguns casos, até comportamentos mais hostis.

Essa diferença no comportamento canino costuma intrigar muitos tutores: será que os cães pressentem algo que nós não percebemos ou será apenas uma questão de instinto de proteção? A resposta, segundo estudos sobre comportamento animal, é mais complexa do que parece e envolve fatores como olfato, linguagem corporal, socialização e até o estado emocional das pessoas ao redor.

O que os latidos realmente dizem

De forma geral, o latido é uma forma de comunicação entre os cães e o ambiente. Quando um estranho entra em casa, é natural que o animal se coloque em estado de alerta — afinal, ele está protegendo seu território e os membros da família. Mas essa reação não acontece com todos.

Segundo a etologia, ciência que estuda o comportamento animal, os cães têm uma capacidade aguçada de captar estímulos que os humanos ignoram. Um cheiro diferente, uma voz mais alta, um jeito hesitante de se aproximar: tudo isso pode ser interpretado como um sinal de ameaça, mesmo que não haja nenhum perigo real. Nessas situações, o latido serve como aviso de que algo está fora do normal.

O papel do olfato e da linguagem corporal

Enquanto os seres humanos possuem cerca de 5 a 6 milhões de receptores olfativos, os cães chegam a ter de 200 a 300 milhões, dependendo da raça. Além disso, a área do cérebro dedicada à análise de odores, o bulbo olfativo, é proporcionalmente cerca de 40 vezes maior nos cães do que nos humanos.

Por isso, eles conseguem identificar, por exemplo, se uma pessoa está ansiosa, com medo ou nervosa — tudo isso apenas pelo cheiro. Hormônios como o cortisol, liberados em situações de estresse, são percebidos com facilidade pelo nariz canino.

Além disso, a linguagem corporal dos humanos pode comunicar intenções sem que a gente perceba. Um olhar fixo, uma aproximação muito direta ou movimentos bruscos podem ser entendidos como ameaçadores. E os cães reagem com base nessa leitura instintiva do corpo.

Personalidade do cachorro também conta

Cada cão tem sua própria bagagem emocional. Animais que não foram expostos a diferentes pessoas, ambientes e experiências durante a fase de socialização — geralmente entre 3 e 12 semanas de vida — tendem a ser mais reativos. Nesses casos, a simples presença de um desconhecido pode provocar medo ou desconfiança, mesmo que a intenção da pessoa seja amigável.

Continua após a publicidade

Isso também explica por que dois cães da mesma raça podem reagir de formas totalmente diferentes à mesma visita. O nível de socialização, a história de vida e até experiências negativas anteriores influenciam diretamente no comportamento.

Como evitar reações exageradas

A melhor forma de prevenir latidos excessivos ou comportamentos defensivos é investir na socialização do pet desde filhote. Levar o cachorro para passear, apresentar pessoas de perfis variados, permitir contato com outros cães e estimular interações positivas são atitudes que formam animais mais equilibrados emocionalmente.

Para cães adultos que já apresentam esse tipo de comportamento, o processo pode ser mais lento, mas ainda assim eficaz com ajuda de reforço positivo e, se necessário, orientação profissional de um adestrador.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.