Túmulo de mulher viking enterrada com cachorro é encontrado na Noruega
Colaboração para Nossa
23/06/2025 05h30
Arqueólogos descobriram o túmulo de uma mulher viking que estava junto aos restos mortais de um cachorro, no final de maio, em Senja, na Noruega.
O que aconteceu
Túmulo foi encontrado com o auxílio de um detector de metais. Segundo o portal Science Norway, evidências arqueológicas já haviam sido encontradas no local em 2023, quando foram descobertos dois broches ovais, consideradas joias típicas de mulheres da Era Viking, e fragmentos de ossos de uma costela. Os objetos despertaram a curiosidade dos especialistas, que solicitaram autorização para escavar a região adequadamente.
Arqueólogos do Museu Universitário Ártico, também na Noruega, foram os responsáveis pela escavação. "Estávamos preocupados com as condições do túmulo e queríamos evitar maiores danos", disse Anja Roth Niemi, uma das pesquisadoras envolvidas no processo, ao Science Norway. O túmulo estava a somente 20 centímetros da superfície, coberto por uma fina camada de solo. Segundo análise dos especialistas, o sepultamento é datado de cerca de 900 a 950 d.C., com base no estilo dos broches anteriormente encontrados.
Ao retirar a camada de solo do local, especialistas se depararam com restos mortais de uma mulher e de um cachorro. Segundo Niemi, o metal do broche que a mulher utilizava impediu o crescimento bacteriano no local, ajudando na conservação dos ossos que estavam em contato com o material.
O animal estava junto aos pés da mulher. Ambos foram enterrados dentro de um barco de 5,4 metros de comprimento. De acordo com os especialistas, as tábuas que formam a embarcação não são fixadas de forma tradicional, com ferro, por exemplo, e sim unidas com outro tipo de material. A madeira se decompôs completamente, sendo visível apenas marcas mais escuras na areia.
Afeto dos vikings por cachorros é algo conhecido pelos especialistas. Apesar de não ser considerado comum, outros cachorros já foram identificados em túmulos do tipo. "Há histórias de pessoas importantes que fizeram tudo o que podiam quando seus cães adoeciam. Então, mesmo naquela época, as pessoas tinham laços profundos com seus animais", relatou Niemi.
Ao lado do crânio da mulher, havia um pingente em forma de anel. Segundo os especialistas, o objeto pode ter sido preso à orelha ou a algum tipo de ornamento que a mulher usava na cabeça no momento do sepultamento. Além da joia, foram encontradas também duas contas feitas com osso ou com âmbar.
Havia ainda um objeto alongado, que parece ter sido feito com um osso de baleia. Para os arqueólogos, o objeto poderia ser usado como uma espada de tecelagem, ferramenta têxtil utilizada à época. Niemi, porém, explica que o artefato está bastante deteriorado e exigirá análises mais aprofundadas para que os especialistas consigam identificar sua verdadeira função.
Uma possível espiral de fuso (objeto usado para auxiliar na fiação de fibras) também foi colocada junto à mulher. Segundo Niemi, a tarefa de supervisionar a produção têxtil responsabilidades era da dona da casa. A mulher também foi enterrada com uma pedra de amolar de ardósia e uma foice de ferro.
As características do enterro indicam que a mulher tinha um relevante status na região. "Só a elite receberia um enterro como este", explicou Niemi. Segundo os pesquisadores, poucos indivíduos eram enterrados em um barco e com objetos valiosos como os broches, que eram decorados com fios de prata. "Ela não estava no topo da escala social, mas era claramente uma figura importante", disse a especialista ao portal norueguês.
Especialistas seguem estudando o caso
Novas análises fornecerão informações sobre a idade e altura da mulher encontrada. Também será possível identificar se ela estava doente ou se sofreu ferimentos que causaram sua morte.
Arqueólogos tentam entender até mesmo a alimentação que aquela pessoa tinha. "Aprenderemos sobre o tipo de trabalho que ela realizou, se passou por períodos de má nutrição e se morou em lugares diferentes durante a infância e a vida adulta", disse Niemi. "Como não houve lavagem ou esfregação [dos ossos e dos itens encontrados], preservamos fragmentos têxteis das roupas da mulher, juntamente com outros materiais orgânicos que podem nos fornecer informações valiosas sobre o sepultamento e as práticas funerárias."
A poucos metros do local recentemente escavado, os arqueólogos encontraram outro broche oval. "Há motivos para acreditar que haja outra sepultura ali, possivelmente ainda intacta", disse Niemi. "Gostaríamos muito de pesquisar a área com um radar de penetração no solo para ver se há mais a ser descoberto."
Até o momento, a raça do cachorro descoberto não foi identificada pelos especialistas. Niemi, no entanto, acredita que, a partir das análises conduzidas, será possível determinar o tipo do animal.