Topo

Parece interior, mas é São Paulo: ela trocou apê por sonho de morar em vila

Thaís Albuquerque, 38, médica Imagem: Amanda Monteiro/Arquivo Pessoal

De Nossa, em São Paulo

15/06/2025 05h30

Dizem que quem experimenta morar em casa não se acostuma a morar em apartamento. E foi assim com a médica Thaís Albuquerque, 38, nascida e criada em São Paulo.

Ela morou por alguns anos em São José do Rio Preto (SP) para fazer faculdade. "Em Rio Preto, eu e meu marido tínhamos morado em uma casa. A vida no interior é bem mais em conta, a gente conseguia pagar o aluguel de uma casa grande", contou ela a Nossa.

Quando retornou a capital, no final de 2020, seu único desejo era continuar próxima da família, no bairro do Ipiranga. A solução encontrada por eles foi alugar um apartamento de 60m² — que logo se revelou pequeno para a família de dois adultos e quatros pets.

O condomínio tinha espaço pet, a gente saia com eles para andar todos os dias. Mas, dentro do apartamento, a gente sentia que era uma coisa meio claustrofóbica.
Thais Albuquerque

No entendimento do casal, morar em uma casa em São Paulo era complicado, para além da questão financeira. A segurança seria uma preocupação constante, por exemplo. "Eu falava que só tinha coragem se fosse em condomínio de casas ou em uma vila", lembra.

Vilas são ruas que, inicialmente, eram sem saída. Elas dispõem de um número de casas, geminadas ou não, que são isoladas por um portão em comum -que separa da via pública e dá acesso restrito aos moradores.

Varal de luzinhas que conquistou Thaís Imagem: Arquivo pessoal

Para Thaís, o sonho era distante. "Até onde eu sabia, casa de vila era uma coisa muito cara, inacessível. Eu até acompanhava alguns perfis de imóveis na internet e achava surreal. Não tinha como fazer um investimento daquele."

Um dia, andando pelo bairro a noite, uma rua com varal de luzes chamou sua atenção. "Achei uma graça. O varal estava aceso e vi crianças brincando. Tinha uma placa de 'vende' e lembro de pensar que seria um sonho morar ali."

Thaís tirou uma foto da placa e, dias depois, ligou na imobiliária só por desencargo de consciência. "A corretora me mandou fotos no WhatsApp e o preço era bem, bem abaixo do que eu imaginava. Fui pega de surpresa."

Neste momento, ela e o marido, Eduardo, foram fazer contas. Na ponta do lápis, a parcela do financiamento do imóvel ficaria só um pouco mais cara do que o aluguel e condomínio que eles investiam por mês no apartamento. Eles resolveram arriscar, e deu certo.

A casa em que eles moram é um sobrado dos anos 50 e passou por uma modernização em 2019. Ela tem conceito aberto, sala integrada com a cozinha e está com os sistemas elétrico e hidráulico renovados. Nos quartos, o piso de madeira foi mantido.

Thaís e o marido em frente a casa de vila em que moram Imagem: Arquivo pessoal

A casa dela, especificamente, tem 70 m² de terreno e 140 m² de área construída, já que tem dois andares. Embaixo, fica sala, cozinha e lavanderia. No andar de cima, dois quartos. Os imóveis têm ainda uma vaga de garagem cada.

Na vila em que Thaís mora, são sete casas no total. Tem um portão, separando a área da rua, o que dá maior segurança e privacidade para as famílias. "Do portão para dentro, parece uma cidadezinha do interior. A gente nem ouve o barulho da rua."

Todo mundo se ajuda. A gente vive em uma comunidade, até brincamos que a gente se vê mais entre os vizinhos do que vê a nossa própria família.
Thaís Albuquerque

Para ela, entre as coisas mais diferentes na rotina da vila, principalmente quando se fala sobre morar em uma cidade como São Paulo, é ficar com a chave da casa dos vizinhos quando eles viajam e confraternizar até mesmo de roupão ou pijama. E ela se sente muito segura.

Na festa junina, a gente decora a vila com bandeirinhas e cada casa faz um prato. Na época da Copa do Mundo, a gente colocou bandeirinhas. Às vezes, fazemos churrasco ou jantamos na calçada.
Thaís Albuquerque

O lugar é organizado de forma colaborativa. A vila não tem síndico e ninguém paga condomínio. O único custo é uma contribuição mensal de R$ 100 por casa, que vai para uma espécie de fundo de caixa. O dinheiro é utilizado para melhorias em comum, como pagar um jardineiro para aparar a grama ou fazer a manutenção do portão.

É uma coisa muito diferente do que a gente está acostumado a viver em São Paulo. Mas, para mim, é uma das coisas que mais trouxe qualidade de vida para a minha família, finaliza Thaís.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Parece interior, mas é São Paulo: ela trocou apê por sonho de morar em vila - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade