Casar ou ter um pet? Ciência diz que ter cão ou gato é mais satisfatório

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Um estudo divulgado recentemente revelou que ter um cachorro ou um gato como animal de estimação pode impactar a sensação de satisfação com a vida de maneira quantificável: os cálculos realizados na pesquisa indicam que ter um pet pode ter efeitos positivos e significativos, sendo comparáveis a acontecimentos como o casamento.
Satisfação com a vida
Para quantificar os valores indicados, os responsáveis pela pesquisa mencionam a "abordagem da satisfação com a vida". O método é usado pelos economistas para avaliar o tamanho dos efeitos de diferentes fatores sobre a sensação de satisfação de participantes de estudos.
A abordagem busca determinar o preço de diferentes fatores ou ocorrências na vida de alguém. A partir dessa linha, os economistas demonstraram, por exemplo, que o casamento, quando comparado à vida de solteiro, vale cerca de 70 mil libras (pouco mais de R$ 535 mil, conforme cotação atual) por ano. "A separação, por outro lado, equivale a cerca de menos 170 mil libras por ano (mais de R$ 1,3 milhão)", diz o estudo.
O método se generaliza para diferentes determinantes da satisfação com a vida e tem sido usado para calcular a perda de satisfação com a vida induzida por fatores intangíveis [...] Este método tem sido amplamente utilizado na avaliação ambiental e também tem sido usado para avaliar a interação social Trecho oficial do estudo
Os efeitos de um pet
Segundo a pesquisa, ter um pet pode produzir importantes resultados no "bem-estar emocional" dos respectivos tutores. Os especialistas afirmam que a presença de um animal de estimação aumentou a satisfação com a vida entre 3 e 4 pontos em uma escala de 1 a 7. É importante ressaltar que o estudo levou em consideração os cachorros e os gatos, tidos como os animais de estimação mais comuns.
O estudo revelou, também, o tamanho deste impacto em dinheiro. "Descobrimos que ter um cachorro ou um gato como companheiro vale até 70 mil libras por ano em termos de satisfação com a vida", diz o documento. Neste cenário, o valor não indica, de fato, um valor em unidades monetárias, e sim o "peso" emocional de um pet na vida de alguém.
Os animais de estimação cuidam de nós e há um valor monetário significativo associado à sua companhia Adelina Gschwandtner, uma das autoras do estudo, ao portal da Universidade de Kent
Segundo a pesquisa, este montante é semelhante aos valores obtidos em estudos anteriores que analisaram o contato regular dos entrevistados com amigos e parentes. "Acreditamos que esses valores são realistas e podem ser usados em práticas e políticas de saúde que visam aumentar o bem-estar e a satisfação com a vida de humanos que têm pets", explica o estudo.
Como a pesquisa foi feita
O estudo foi conduzido por especialistas da Escola de Economia de Londres e da Universidade de Kent, no Reino Unido. Os resultados foram publicados na revista científica Social Indicators Research em março.
Para calcular os valores apresentados, Michael Gmeiner e Adelina Gschwandtner, pesquisadores econômicos, utilizaram um modelo matemático específico. A dupla se baseou no Painel de Inovação (ou IP, na sigla em inglês), uma pesquisa com mais de 2,5 mil pessoas conduzida no Reino Unido —parte do Estudo Longitudinal de Domicílios do país - que contém perguntas consideradas relevantes sobre animais de estimação, sobre a satisfação com a vida, traços de personalidade dos entrevistados e a companhia de pets.
A satisfação com a vida mensurada no estudo foi medida pela indicação numérica que descreve o quão insatisfeito ou satisfeito o entrevistado se sentia em relação à sua vida. "As respostas estão em uma escala de sete pontos: "um" indica que a pessoa não está nada satisfeita e "sete" indica que está completamente satisfeita", explica a pesquisa, que ressalta que a satisfação com a vida é uma variável "contínua".
A companhia de animais de estimação foi medida por duas perguntas. São elas: "Você ou alguém em sua casa tem um animal de estimação, como um cachorro ou gato?". Em caso positivo, "Que tipo de animal de estimação você tem?", com a opção de escolher entre cachorro(s), gato(s) e outro(s) animal(is).
Os especialistas analisaram também diferentes condições chamadas de "capital social". Os relacionamentos familiares, com vizinhos e com os amigos foram colocados na balança para avaliar a satisfação com a vida dos entrevistados. Idade, sexo, escolaridade e renda mensal bruta são outros dos fatores avaliados no estudo.
Outra frente do estudo analisou justamente o impacto de um pet nos vizinhos de seus tutores. Os especialistas avaliaram o comportamento de pessoas que cuidam do pet dos vizinhos enquanto estes viajam. "Os cuidadores de cães têm maior probabilidade de formar amizades com pessoas em seus bairros quando estão fora. Portanto, os cães agem como catalisadores sociais", conclui a pesquisa.
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