Cachorro precisa brincar todos os dias? Veja como encaixar hábito na rotina

Um estudo conduzido pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, apontou que cães que brincam pouco têm maior tendência a desenvolver problemas comportamentais, como agitação, latidos excessivos e destruição de objetos. A pesquisa acompanhou mais de 4 mil tutores e evidenciou: brincar com frequência não é luxo — é prevenção.

A brincadeira não é só um passatempo para os cães: é uma demanda fisiológica, emocional e social. E não se trata apenas de manter o corpo em movimento. Ela ativa a mente, desafia os instintos e, principalmente, ajuda o animal a lidar com o cotidiano doméstico — onde muitas vezes falta estímulo.

Para entender como encaixar isso na rotina e qual o impacto real da brincadeira no bem-estar canino, é preciso olhar para o comportamento animal de forma mais ampla.

Alguns comportamentos são claros sinais de que o cão precisa de mais estímulo mental e físico. Fugir com um sapato pela casa, morder móveis ou até parecer "nervoso" demais quando chega uma visita podem indicar que ele está tentando chamar você para o jogo. Diferenciar isso de um quadro de ansiedade ou de dor, claro, exige atenção — mas, via de regra, um animal que brinca com regularidade tende a ser mais calmo e sociável.

Não é só uma questão de "gastar energia": brincar ativa áreas do cérebro associadas ao prazer e à conexão social, como já demonstrado em experimentos com cães e humanos, que identificaram aumento na ocitocina durante interações lúdicas.

Quanto tempo é o suficiente? Depende

Cada cão tem seu ritmo. Raças com histórico de trabalho ou pastoreio, como Collies, Australian Shepherds e Retrievers, geralmente pedem atividades mais longas e desafiadoras — chegando a 30 ou 40 minutos por dia. Já cães de companhia, mais tranquilos, podem se satisfazer com 10 a 15 minutos de interação ativa.

Mais importante que o tempo é a qualidade da brincadeira. A Faithful Friends Veterinary Clinic recomenda diversificar os estímulos e observar quando o cão dá sinais de cansaço — o que pode acontecer mesmo com poucos minutos, dependendo do animal.

Tipos de brincadeiras

Entre as mais eficazes estão os jogos de busca (como bolinhas ou brinquedos lançados), os desafios de olfato (como esconder petiscos pela casa) e os brinquedos interativos com comida.

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Já as famosas "lutinhas" com as mãos ou estímulos muito físicos com o tutor não são recomendadas. Segundo especialistas em comportamento, isso pode gerar confusão e facilitar mordidas em momentos impróprios.

Também é importante moderar a excitação: se o cão fica ofegante demais, late em excesso ou tem dificuldade em parar entre uma rodada e outra, vale incluir pausas ou alternar a atividade com comandos simples, como sentar ou deitar.

Filhote, adulto ou idoso: todos precisam brincar

Enquanto os filhotes exploram o mundo por meio das brincadeiras, os adultos usam esse recurso para manter o corpo e a mente em forma.

Já os cães idosos, mesmo que em ritmo mais lento, também se beneficiam do estímulo lúdico. Nesses casos, vale adaptar: trocar a corrida por brinquedos que incentivem o faro ou usar tapetes antiderrapantes para evitar quedas.

Cães com dores articulares, como os que têm osteoartrite, podem se sair bem com atividades aquáticas ou sessões curtas em ambientes controlados — sempre com supervisão veterinária.

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