Só restaurantes renomados servem: o que é e quanto custa um menu degustação

Jornalista gastronômico fala em menu degustação pra cá, menu degustação pra lá, de tanto que isso é parte do dia a dia da profissão. Mas, na conversa que vai além da bolha, é sempre válido responder: afinal, o que é um menu degustação?

De um jeito rápido: menu degustação é uma sequência (geralmente grande) de pratos (geralmente pequenos). Servidas em etapas, as receitas representam as referências e crenças do chef, e não podem ser alteradas — com exceção de restrições ou alergias informadas com antecedência.

Como conjunto, o menu precisa construir uma narrativa e fazer sentido no paladar, independentemente das escolhas criativas ou dos ingredientes. Além de funcionar como uma espécie de prova técnica, oferecer uma degustação é também topar um desafio de serviço: toda a equipe precisa estar atenta ao tempo e ao ritmo para manter o apetite vivo e "matá-lo" aos poucos.

Para entender um pouquinho mais, conto abaixo como foi a experiência nos dois últimos restaurantes que experimentei etapas e mais etapas de pratos que — ainda bem — eu não escolhi!

A Casa do Porco

Imagem
Imagem: Mauro Holanda

Jefferson Rueda serve um dos menus mais pop da cidade. Primeiro porque a degustação não é a única opção de quem se senta à mesa: há petiscos e pratos possíveis de provar e pagar individualmente.

Outro motivo é que o "Porco D.O.C. (denominação de origem caipira)" oferece oito passos por R$ 320, um valor raro de encontrar na cidade. Por último: os ingredientes e as receitas passeiam por referências modernas e internacionais sem causar desconforto a paladares menos viajados.

Na prática, isso significa que você pode até estranhar provar suspiro de porco cru e fígado de galinha com mel, mas também vai encontrar uma pizza frita, bem crocante, de linguiça com queijo stracciatella e um guioza de feijoada, surpreendente e reconfortante na mesma medida.

Continua após a publicidade

Ainda tem mini hambúrguer e o milk-shake de porco, leite defumado e doce de leite, cuja mistura achei um tantinho desafiadora.

Em meio às novidades, há um passo que nunca muda: o Porco San Zé, um clássico da casa assado inteiro, servido em pedacinhos com a pele brilhante, acompanhado de linguiça, feijão, banana e farofa.

Vai lá: Rua Araújo, 124, República. @acasadoporcobar

Evvai

Imagem
Imagem: Tadeu Brunelli

Os títulos e placas se espalham pela fachada e pelo hall de entrada: "Chef Revelação 2018" pela Veja Comer & Beber, número 20 na mais recente lista do Latin America's 50 Best Restaurants, coroado com duas estrelas Michelin e outras condecorações.

Continua após a publicidade

Num serviço atento e sincronizado, operado majoritariamente sob reserva, o cliente é direcionado à sala de espera e logo conduzido à mesa para provar as receitas do chef Luiz Filipe Souza, que combinam referências italianas com ingredientes e pratos brasileiros.

Das 15 etapas (R$ 995), a tartellete de açaí com raspadinha de atum blue fin se inspira no Pará, assim como o caldo de tacacá, vertido sobre tortellini de bacalhau e camarões carabineiros, como se fosse um capeletti in brodo.

Entre as sobremesas criadas pela talentosa confeiteira Bianca Mirabili, adorei de cara a pamonha com caviar e duvidei, a princípio, da proposta de adicionar "toppings" ao tiramisu (um doce que amo na sua forma original). Dei o braço a torcer: fica uma delícia junto de banana ao vinho do Porto ou com toque de gengibre.

Vai lá: Rua Joaquim Antunes, 108, Jardins. @evvai_sp

Vinho premiado a um pulo de SP

Imagem
Imagem: Elias Gomes
Continua após a publicidade

Não é exagero dizer que existe um "antes" e um "depois" para a cidade de Espírito Santo do Pinhal. O que marca a mudança é a fundação da Guaspari, a primeira vinícola da região. Se em 2006 plantar videiras em terra tradicionalmente cafeeira parecia loucura, dez anos depois, a marca recebeu duas medalhas de ouro no concurso internacional Decanter e conquistou a admiração dos brasileiros.

Localizada a duas horas e meia da capital paulista, a fazenda é aberta para visitação e acaba de inaugurar um restaurante que mistura as raízes italianas da família aos ingredientes produzidos na Serra da Mantiqueira. Caminhando pelo vinhedo, o público aprende sobre o sistema de dupla poda, que inverte o ciclo natural da planta, permitindo a colheita no melhor período, considerando o clima da região e garantindo, assim, maior qualidade na bebida. O passeio completo com menu harmonizado de cinco etapas sai por R$ 598 por pessoa. Outra opção é pagar somente a visita com degustação (R$ 348) e, se quiser, provar os pratos à la carte.

BARES

As melhores batidas de Santa Cecília e outras delícias de boteco

Por Sergio Crusco

Imagem
Imagem: Thales Hidequi
Continua após a publicidade

Ela vem vindo. Na verdade, nunca deixou de estar nas bocas, mas foi deixada de lado por grande parte da comunidade da moderna coquetelaria brasileira. Não era considerada chique.

A onda da nova botecagem de Santa Cecília e arredores, porém, recolocou a batidinha na ordem do dia. Não há barzinho hipster que não tenha suas versões, preparadas à moda old school (sem leite condensado, uma preferência carioca) ou decididamente cremosas.

O Bagaceira, do bartender Thiago Pereira e do chef Thiago Maeda, foi um dos botequins pioneiros na revalorização da batida, ao lado do Moela e de outros pontos bem fervidos.

O novíssimo mineiro Ó Pro Cê Ver entrou na onda, com balcão capitaneado por Diogo Sevilio, estudioso da cultura de boteco. Bares mais sofisticadinhos também têm aderido à tendência, o que nos dá mais chances de saborear essa delícia brasileira em variadas versões.

Aposto que as batidinhas brazucas vão virar a mesa. E você?

Imagem
Imagem: Thales Hidequi

Bagaceira
No Bagaceira há quatro versões de batidas. A de coco, hit número um da casa, tem base de cachaça e vodca, com polpa da fruta, leite condensado e creme de leite. A de café tem vodca e condensado. As de maracujá e de graviola com hortelã têm base de cachaça e só. Para quem quer refrescâncias, sem perder a intensidade frutada, Thiago criou cajá sour (R$ 33), mistura de cachaça de jambu, purê de cajá, calda de hortelã e cítricos. Tudo combina com os petiscos do boteco, especialmente com o bolovo campeão. Vai lá: R. Frederico Abranches, 197, Santa Cecília. @barbagaceira

Continua após a publicidade
Imagem
Imagem: Divulgação

Ó Pro Cê Ver
Diogo Sevilio usa leite em pó para emulsificar suas batidas, indicadas para quem não quer altos dulçores. Rainha da cocada preta, a de coco queimado, faz um sucesso danado e tem base de rum. Com cachaça, as opções são a de maracujá e a teta docinha, feita com doce de leite. Todas por R$ 25 (pequena) e R$ 30 (grande). Na linha fresca, o highball paratudoooo! (R$ 20) tem gosto de festa, com bitter Paratudo, xarope de maracujá, limão e água tônica. A carne de panela do chef Bruno Perial é de lamber o prato e pedir mais. Vai lá: R. Jaguaribe, 120, Santa Cecília. @opcv.uai

BELISQUETES

Tem missô no doce

Gabrielli Menezes

Imagem
Imagem: Divulgação
Continua após a publicidade

De duas, uma: ou o missô está me perseguindo, ou eu é que estou perseguindo o missô. Abro a porta da geladeira e a versão industrializada me encara da prateleira: "Que tal me usar hoje?". Mas vai além disso — todo cardápio que leio tem a presença da abusada pastinha asiática de soja.

E não falo só dos restaurantes japoneses, onde o ingrediente é base de ícones como a sopa missoshiru. Nem apenas dos pratos salgados, mais comuns de receber colheradas do preparo. De uns tempos pra cá, o missô foi parar nas sobremesas e está entre os itens favoritos dos confeiteiros da cidade.

Resultado de um processo de fermentação e "maturação" entre soja e outros cereais, como arroz e trigo, a pasta varia em cor, sabor e intensidade. O que há em comum entre todas é o umami — considerado o quinto gosto pelos japoneses e traduzido como "deliciosidade". Saiba onde provar doces feitos com missô:

Imagem
Imagem: Divulgação

Vivi Wakuda
Feita de manteiga, farinha e ovos, a massa choux é redonda, leve e oca, com recheios como creme de baunilha. Para criar um leve contraste, Vivianne Wakuda acrescenta caramelo salgado preparado com pasta de missô artesanal (R$ 13 a pequena; R$ 21 a grande). Rua Joaquim Antunes, 1093, Pinheiros. @viwakuda

Imagem
Imagem: Divulgação

Scherbi's
Atriz, campeã do MasterChef Brasil 2021 e apresentadora do "À Moda da Isa", programa que foi ao ar em Nossa entre 2022 e 2023, Isa Scherer acaba de estrear um novo sucesso: esta loja online de cookies. Entre os mais disputados pelos fãs está o de missô e gergelim, com sabor intenso de laranja (R$ 21,50). Pede lá: iFood.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.