Vista 360° e pianista na recepção: como é um dos hotéis mais luxuosos de NY

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Numa cidade de enormes prédios ao estilo art deco e a poucos metros de ícones como o Rockfeller e o Crysler, o cabalístico número 57 da 57ª leste em Nova York não é, propriamente, um ponto turístico.
O luxo está escancarado logo ao lado, na Quinta Avenida e arredores. Já a exclusividade discreta marca a entrada do hotel Four Seasons New York, reaberto em novembro de 2024. O "quiet luxury", porém, logo se esvai ao passar pelas portas.

Impossível segurar o queixo ao chegar ao lobby de pé direito de mais de dez metros de altura do prédio projetado pelo arquiteto sino-americano I. M. Pei — autor, por exemplo, da pirâmide do Louvre, em Paris. Imagens e esta descrição não farão jus à realidade, mas imagine lances de escada de mármore tom de mel que levam, à frente, a um time de silenciosos concierges - que conhecem as atrações da Big Apple de cor e salteado.

Mergulhando ainda pelo hall, a recepção de um lado e, do outro, poltronas cercam um pianista — que não para um segundo das 11h às 17h. Parece excêntrico, mas a espera pelo elevador em um prédio de 52 andares fica com certeza mais agradável.
Em tempos difíceis, uma missão
Aberto em 1993, o hotel tem como dono o bilionário Ty Warner (que batiza a acomodação mais luxuosa do hotel) e desde então foi reconhecida como uma das hospedarias mais exclusivas da megalópole.
Em março de 2020, sendo Nova York um dos epicentros da pandemia de covid-19, o hotel teve as portas fechadas a hóspedes, mas foi convertida em área de descanso gratuita para profissionais de saúde.

Pouco tempo depois, foi anunciado o fechamento para reformas, que só terminaram em 2024. Os funcionários, dispensados na pandemia, foram todos readmitidos.
O segundo hotel mais alto de Nova York estava de volta em 15 de novembro de 2024 e, das áreas comuns aos quartos, não há um canto que não tenha esse viço de uma reforma, finalmente, concluída.
Uma vista que vale ouro
Por duas noites, a reportagem abriu as persianas automáticas com vista para a Park Avenue em ensolarados e gélidos dias de fevereiro, numa suíte júnior (média de R$ 11,6 mil a diária) que deve pouco ao luxo das outras habitações.

Pelo quarto, livros que inspiram as viagens ("O Estrangeiro", de Albert Camus) e o luxo ("The Breakfast at Tiffany's Companion", de Sarah Gristwood), uma cama king, uma mesa de trabalho voltada para um janelão que permite aos hóspedes debruçar sobre a avenida.

Neste caso, do 43° andar, a vista está para o agito dos táxis amarelos, das fumaças dos escapes de calefação e dos enormes prédios vizinhos da cidade que nunca dorme (tarde da noite, é possível ver alguém nas academias dos prédios).
Em visita a outros dois espaços, porém, dá para entender melhor porque o hotel privilegia o enquadramento da paisagem, a iluminação indireta e confortável e porque coloca espelhos ao lado das janelas: há um Central Park infinito muito perto.
Na suíte batizada com o nome do parque mais famoso do mundo, mais espaço, mas nada tão diferente da menor. A vista, no entanto, justifica o preço mais elevado (cerca de R$ 21,5 mil).

Já a suíte presidencial, também visitada pela reportagem, é uma versão maior e ainda mais luxuosa do luxo discreto dos outros quartos, com um importante adendo, raro em Manhattan: um terraço com vista para, claro, o Central Park. A diária fica por R$ 146 mil.


E ela nem é a mais exclusiva do hotel. Ocupadas e, portanto, longe dos olhos da reportagem, os espaços mais caros são a Gotham Suite (diária a R$ 204, 4 mil) e a já citada Ty Warner Penthouse, com diárias a R$ 467,3 mil.
Quem será que dormia no último andar, com esta vista 360°?
Luxo de comer e beber
Lá no começo do texto, a descrição do que se vê à frente no hall, mas e os lados?
À direita, durante dia e tarde, o restaurante The Garden, cujo nome não surge à toa: árvores naturais são parte do cenário para cafés da manhã — e uma french tost inesquecível com suas berries carnudas e maple syrup morno à vontade —, brunches e almoços de hóspedes, grupos variados entre amigas ao mais icônico estilo Sex And The City ou homens e mulheres de negócios com jornais e smartphones em punho.


A promessa é que comece a abrir para jantar ainda em 2025 - notícia tão aguardada quanto a volta do spa.
À esquerda, a partir das 18h, o Ty Bar e a promessa (cumprida) de uma "carta de amor líquida às diferentes eras de Nova York" em um ambiente clássico e, claro, luxuoso.
É de lá que sai, por exemplo, o TY Manhattan. A US$ 43, a combinação entre Widow Jane Rye, Highland Park Single Malt 25 anos, vermute Carpano Antica, Oloroso e bitters da casa, o coquetel representa a opulência do fim do século 19.

A escolha da reportagem foi pela régua de martinis - dry, dirty e espresso - que remetem ao luxo etílico dos tempos dos "mad men", os publicitários que fizeram de Nova York o pólo criativo dos anos 50 e 60, que viraram até série famosa.
Para a saideira, um Old Fashioned, o clássico redondíssimo que ninguém deveria dispensar passando pelos Estados Unidos. Don Draper não se decepcionaria.
*A jornalista se hospedou a convite do Four Seasons Hotel New York e EBK Public Relations
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