Sanduíche doce visto como 'sem sentido' é queridinho nos Países Baixos

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Um sanduíche tido como "sem sentido" faz sucesso nos Países Baixos. Mais de 750 mil sanduíches do tipo são consumidos por dia nos Países Baixos por, supostamente, melhorar o humor de qualquer um. Muito prazer, este é o broodje hagelslag.
Que lanche é esse?
A receita é bastante simples: pão, manteiga e chocolate granulado por cima. Pode parecer estranho, mas os neerlandeses adoram e a combinação é tão tradicional para eles quanto os confeitos são no nosso brigadeiro.

O motivo para tanto entusiasmo, reza a lenda, seria o poder que o broodie hagelslag teria de levantar o humor de qualquer um. Por isso, os Países Baixos consomem mais de 14 milhões de kg dos confeitos por ano, segundo reportagem da rede britânica BBC.
Estima-se que a maioria dos neerlandeses, como se chamam os nascidos no país, coma pelo menos um sanduíche deste por semana.
Marije Nicklin, uma imigrante dos Países Baixos que vive no Reino Unido desde 2002, confessou à rede que é "viciada" no lanche. Tanto que ela mantém um rigoroso controle dos pacotes de granulado que seus pais enviam pelo correio para ela. "Tenho bastante guardado. Eu começo a tremer quando vejo que está acabando."
O que o torna tão especial?
Um bom hagelslag é crocante à primeira mordida, mas o chocolate derrete na boca em seguida. Com tanto investimento emocional no sanduíche, as lojas vendem versões especiais com pequenos coelhinhos para a Páscoa, com confeitos coloridos —laranja para o Koningsdag, a festa temática de aniversário do rei, em 27 de abril— e outras versões sazonais ou com sabor de frutas vistas até em hotéis.

Há versões que se inspiram na ideia do confeito, como o vlokken —flocos de chocolate— ou os muisjes, que são sementes de anis cobertas com açúcar. Ambos podem acompanhar o pão ou biscoitos, especialmente os muisjes. Desde o século 17, o anis tinha fama de ajudar na lactação e nas contrações dos úteros, portanto é comum ver versões rosa ou azuis das sementes vendidas sobre os biscoitinhos para celebrar a chegada de bebês.
A primeira produção comercial dos muisjes começou no século 19, com Cornelius Rutgerus de Rujjter, que os vendia em sua padaria em Baarn. Este foi o início da marca de supermercado De Rujjter, que começou a fabricar os granulados de frutas em 1928, além daqueles de chocolate e os flocos na década de 1950.

Tão amado que conquistou até o rei
Até o rei Williem 3º amava os confeitinhos doces. Ele tornou a De Rujjter fornecedora de sua corte em 1883. Em 1985, mais de um século depois, a rainha Beatrix entregou à marca um Koninklijk, certificado de recomendação real —uma honraria que só pode ser recebida por empresas locais de importância em seu segmento, com mais de 100 anos e destaque nacional.
Se é apaixonante até para a realeza, não há como conter o resto do país. É comum ver até engravatados nas principais ruas de Amsterdã comendo seu broodie hagelslag acompanhado de leite, segundo a podcaster canadense Colleen Geske, autora do livro "Stuff Dutch People Eat".

"Eles não ficam analisando em excesso isso, pensando: 'É saudável? É para crianças?' Eles estão apenas aproveitando um prazer relativamente simples. Acho, pessoalmente, que há também um sentimento de nostalgia em torno de comer o hagelslag. É aquela coisa que você cresceu comendo na infância e que ainda é 'permitido' fazer como adulto."
Marije Nicklin tem dificuldade de enxergar por que os estrangeiros acham infantil o costume de seu país.
"Eu luto para entender por que eles acham que é para crianças. Meu pai sempre colocou hagelslag [granulado] no pão dele", lembrou. "E se é o que eles acham, então eles obviamente não são neerlandeses", rebateu, sobre quem acha que a fatídica receita não faz sentido.
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