Atacama além da aventura: os passeios no deserto para quem quer relaxar

Não se deixe enganar pelo ambiente extremo: apesar das variações drásticas de temperatura e do clima excepcionalmente árido, o Atacama não é, necessariamente, uma experiência radical, reservada apenas aos mais aventureiros.

Pelo contrário: em alguns dos principais locais que Nossa visitou na região, os cenários e atividades pedem que sejam apreciados com calma.

Tour astronômico

Um dos passeios mais relaxantes na região de San Pedro de Atacama, principal porta de entrada para o deserto chileno, é o tour astronômico, oferecido por diversas agências localizadas na cidade.

Destinos para observação do céu noturno, inclusive, são uma das principais tendências de viagem para 2025, de acordo com uma pesquisa realizada pela Booking.com.

Observadores evitam luzes brancas para não poluir a visão do céu noturno no Atacama
Observadores evitam luzes brancas para não poluir a visão do céu noturno no Atacama Imagem: Lucas Almeida/UOL

O Atacama é, de longe, um dos melhores locais do mundo para contemplar as estrelas. A combinação única de altitudes elevadas, baixa umidade e pouca poluição luminosa cria condições ideais para observações astronômicas. É possível, mesmo para amadores, visualizar estrelas, planetas, galáxias e nebulosas.

Em um dos tours propostos, tudo começa em uma residência mergulhada na escuridão (para preservar a visibilidade dos astros) e é guiado pelo bem-humorado Alain Maury, um astrônomo francês.

Após a conversa sobre os movimentos dos astros, os participantes são convidados à área externa da propriedade, que conta com diversos telescópios potentes. Ali, é possível observar as estrelas e os planetas e entender como as constelações se conectam com o movimento da Terra.

Saturno, por exemplo, surge em uma definição tão alta que parecia até mentira. Também há visibilidade para o Cinturão de Órion (ou as Três Marias, para os mais íntimos no Brasil).

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O passeio termina com a volta à residência para mais uma conversa com o astrônomo, acompanhada por uma bebida quente de sua preferência.

Observação de flamingos

É possível observar flamingos em diversos locais ao longo da região de San Pedro de Atacama. No entanto, o Parque da Laguna de Chaxa, parte da Reserva Nacional Los Flamencos, é quase um santuário para as aves.

O local conta com um museu simples que explica as diferentes espécies de flamingo, suas rotas migratórias e a de onde vem sua cor rosada, adquirida devido à alimentação, que é rica em pigmentos carotenoides.

Flamingos no Parque da Laguna de Chaxa, no Atacama (Chile)
Flamingos no Parque da Laguna de Chaxa, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Os flamingos em si, a grande atração do parque, ficam a uma certa distância da entrada do parque e do museu. A caminhada até onde eles se reúnem é tranquila — apesar do forte calor — e adornada pela rica paisagem da região, com os vulcões ao fundo.

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Observar os flamingos é uma atividade que requer paciência e calma. É recomendado não fazer barulhos altos ou outras ações que possam perturbar as aves, por exemplo. No entanto, ver os animais majestosos tão de perto vale muito a pena e rende cliques incríveis.

Lagunas e café da manhã no deserto

As lagunas nem sempre são os passeios mais fáceis do Atacama. Apesar do trajeto feito por vans, eles requerem um pouco de caminhada, que se intensifica devido à altitude da região. No entanto, não é nada que uma pessoa comum não consiga fazer. Os cenários estonteantes e a riqueza da natureza compensam o exercício.

Quando se chega às lagunas, porém, a sensação de paz toma conta. Contemplar com calma e em silêncio todos os detalhes das paisagens que unem a água salina do Atacama com os vulcões cobertos de neve é uma das experiências mais relaxantes possíveis. Não há a necessidade de se dizer nada — ali, é apenas você e a magnitude da natureza.

Turistas observam a Laguna Miscanti, no Atacama (Chile)
Turistas observam a Laguna Miscanti, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Os passeios com deslocamento até as lagunas e outras atrações costumam incluir paradas para lanches oferecidas pelas próprias agências. Há, porém, uma muito especial: tomar café da manhã no deserto.

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Placa mostra latitude do Trópico de Capricórnio na Rota do Deserto, no Atacama (Chile)
Placa mostra latitude do Trópico de Capricórnio na Rota do Deserto, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

O local escolhido é a estrada que fica no ponto exato da passagem do Trópico de Capricórnio, devidamente sinalizado por inúmeras placas.

Durante a visita da reportagem, dois personagens roubaram a cena no desayuno: duas raposa-do-deserto, ainda filhotes, se aproximaram da van enquanto comíamos, esperando pelas sobras que os turistas eventualmente deixam cair. Os animais são tímidos e não atacam — não se pode tocá-los, claro, mas vê-los de perto, com toda a inocência da infância animal, foi definitivamente mágico.

Raposas-do-deserto no Atacama (Chile)
Raposas-do-deserto no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Passeios também podem ficar no meio-termo

Outras atividades no Atacama também são fáceis de se executar, mas requerem um pouco mais de desprendimento físico dos turistas. Um exemplo é a ida ao Valle de La Luna, a porção mais desértica — no sentido mais próximo do que imaginamos de um deserto — da viagem.

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Lá, se caminha pelas dunas de areia fofa sob o sol escaldante. O calor é tanto que não se sente a transpiração: as gotas de suor evaporam logo após deixar o corpo. O exemplo mais próximo é tentar andar uma longa distância de tênis em uma praia, sem ao menos a brisa marítima para aliviar o calor.

Vista do topo de uma duna no Valle de La Luna, no Atacama (Chile)
Vista do topo de uma duna no Valle de La Luna, no Atacama (Chile) Imagem: Lucas Almeida/UOL

Apesar desses inconvenientes, porém, o passeio é totalmente possível de ser realizado por uma pessoa comum. Há, claro, opções de trajetos que passam por cima de dunas, o que requer uma certa escalada, e precisa ser feito por aventureiros com mais aptidão física. O caminho que fizemos, no entanto, contorna as dunas e é bem mais fácil.

No parque, estruturas formadas de sal, areia e calcário chamam atenção, com a imensidão do vale inspirando o esforço. É um pedaço da história do Atacama também, onde se conhece as antigas minas que extraiam sal e as formas como os mineradores se esquivavam do calor, com casas de barro com paredes grossas, que mantinham o ambiente fresco durante o dia e aquecido durante a noite, quando a temperatura despenca.

Algumas atrações para ficar de olho por lá são o anfiteatro — uma formação natural que realmente se parece com uma construção do tempo dos romanos — e as Três Marias, pilares que lembram imagens da santa católica.

Carro passeia pelo Valle de La Luna, no Atacama, com a formação conhecida como 'Anfiteatro' ao fundo
Carro passeia pelo Valle de La Luna, no Atacama, com a formação conhecida como 'Anfiteatro' ao fundo Imagem: Lucas Almeida/UOL
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Após experimentar o lado mais relaxante e o mais exigente do Atacama, ficou claro que o deserto é uma viagem própria para todo o tipo de turistas, seja para os mais aventureiros ou para aqueles que preferem roteiros mais tranquilos.

É possível encontrar ação e ser radical por lá, mas é possível apenas relaxar e apreciar a natureza que se apresenta de forma grandiosa e convida todos a desacelerar e apenas observar.

* O jornalista viajou a convite da Booking.com.

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